ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
Programa de pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, da Faculdade de Medicina da UFMG
Post-graduation programme in children and adolescent health of the UFMG School of Medicine
Joel Alves Lamounier1; Eduardo Araújo Oliveira2; Ana Cristina Simoes e Silva3; Francisco José Penna3; Ivani Novato Silva3; Lincoln Marcelo Silveira Freire3; Marco Antonio Duarte3; Regina Lunardi Rocha3
1. Coordenador
2. Subcoordenador
3. Docente membro do Colegiado
Joel A Lamounier
Faculdade de Medicina UFMG
Av. Alfredo Balena 190
Belo Horizonte - MG CEP: 30.130-100
Resumo
Em 1985, foi aprovada pela CAPES a criação do curso pós-graduação em Pediatria, em níveis de mestrado e doutorado. Porém, foi autorizado iniciar apenas o mestrado, que ocorreu em 1987. Posteriormente, com a consolidação do mestrado, iniciou-se o doutorado, sendo a primeira tese defendida em 1998. Outra importante inovação ocorreu em 2004, com modificações na estrutura curricular e no processo de seleção, com a inclusão de outros profissionais. O curso passou de Pediatria para Programa em Ciências da Saúde, Area de Concentração Saúde da Criança e Adolescente. Com esta abertura, foi possível o ingresso de outros profissionais com diferentes formações para desenvolvimento de teses e dissertações, tendo como objeto de estudo a criança e o adolescente. Admissão de outros profissionais de diferentes áreas constituiu um marco na pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG e permitiu a inclusão de profissionais de outras áreas do conhecimento, além da área médica.
Palavras-chave: Educação Médica; Educação de Pós-Graduação em Medicina; Pediatria/educação.
INTRODUÇÃO
Em 1985, foi criado o curso pós-graduação em Pediatria, em nível de mestrado, cujo início aconteceu, somente, em 1987. A primeira dissertação foi defendida em 1989.1,2 Posteriormente, foi criado o doutorado, sendo a primeira tese defendida em 1998. Após alguns anos de funcionamento e consolidação do mestrado e doutorado, foram propostas mudanças que permitissem acompanhar as tendências da pós-graduação, com a presença, cada vez mais, de profissionais de diversas áreas da saúde na medicina. Em 2004, foram feitas várias mudanças na estrutura curricular e no processo de seleção e o curso passou de Pediatria para Programa em Ciências da Saúde Area de Concentração Saúde da Criança e Adolescente. Com esta abertura, foi possível o ingresso de outros profissionais, com diferentes formações para desenvolvimento de teses e dissertações, tendo como objeto de estudo a criança e o adolescente.
O objetivo principal do programa é a formação de docentes e pesquisadores, especificamente para área da saúde, por meio dos cursos de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde, Area de Concentração Saúde da Criança e do Adolescente. Esta nova área de concentração, antes apenas para formação de profissionais da área médica, foi possível após longas discussões em reunioes de colegiado e de seminários com os membros do colegiado, professores e orientadores do programa. Assim, após aprovação pelo Colegiado, em 2004, ocorreu a primeira seleção de alunos com este novo perfil, ou seja, para admissão de outros profissionais de áreas não médica. Sem dúvida, um marco na pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG, que, de forma ampla e democrática, permitiu, por meio de seleção pública, a admissão de discentes de outras áreas do conhecimento.
Com as modificações e abertura do programa para outras áreas do conhecimento, além da área médica, observou-se grande interesse de outros profissionais. Nas seleções, verificou-se um aumento de profissionais não médicos, tanto para mestrado quanto doutorado. Portanto, o programa contribui para formação de pessoal capacitado e qualificado, do ponto de vista técnico e de pesquisa nas diversas áreas do conhecimento, configurando, na prática, o que já se observa pelo trabalho de equipe multi-profissional. Na busca pela qualidade na formação dos alunos, o programa tem procurado adequar e criar novas disciplinas, incorporar novos docentes. Assim, novos orientadores e co-orientadores de outras áreas do conhecimento passaram a fazer parte do programa, o que possibilita melhores condições para os alunos desenvolverem as teses e dissertações.
Até maio de 2008, foram apresentadas 275 dissertações de mestrado e 78 teses de doutorado. Para os meses de junho, estao programadas seis dissertações de mestrado e uma de doutorado; para julho, nove mestrados e dois doutorados. Portanto, a previsão é um total de 371 defesas, sendo 290 de mestrado e 81 de doutorado, até julho de 2008 (Quadro 1). Em 2006, o tempo médio de titulação foi de 31 para o mestrado e 48 meses para o doutorado.3
ADMISSÃO AO PROGRAMA E GRADE CURRICULAR
Na admissão ao programa, é necessário, sempre que possível, a convergência do interesse de estudo do candidato para linhas de pesquisa do Programa. Tanto para mestrado quanto para o doutorado, a procura tem sido, predominantemente, de candidatos oriundos das áreas de Fonoaudiologia, Psicologia, Fisioterapia, Odontologia, Terapia Ocupacional, Nutrição, Enfermagem. Em menor escala, candidatos com formação em Farmácia, Ciências Biológicas, Artes Cênicas, Música, Engenharia. Como reflexo da abertura, sem limitações, para graduados de outras áreas, procurou-se ampliar a participação de um número maior de co-orientadores e professores orientadores plenos de outros departamentos e de outras áreas do conhecimento da UFMG. Desta forma, proporcionar aos alunos, com projetos de pesquisa em outras áreas do conhecimento, uma orientação mais adequada.
O Programa tem se empenhado para manter a oferta regular de disciplinas formadoras, que contemplem as diferentes áreas do conhecimento e que abram a perspectiva da inserção dos alunos em novos projetos de pesquisa, além da ampliação de seus conhecimentos. Neste contexto estao inseridas as disciplinas: Dor e Morte: Objetos complexos, Tecnologia Biopsicosociais em Saúde da Criança e do Adolescente, Transdisciplinaridade, Rede, Arte e Medicina. Dentro da disponibilidade de recursos, são convidados docentes, tanto da UFMG como também externos. Nas disciplinas desta natureza são abordados temas das áreas de filosofia, literatura, psicologia, tecnologia, artes, teologia e outras. A partir de 2004, foram abolidas disciplinas obrigatórias, pelo entendimento de que as disciplinas que o aluno necessita para sua formação devem ser consideradas obrigatórias, mediante avaliação criteriosa do orientador. A grade curricular contempla um elenco de disciplinas instrumentais e/ou metodológicas, onde o aluno deve cumprir pelo menos 50% do total de seus créditos. É importante ressaltar que o complemento dos créditos é feito de acordo as recomendações do orientador, que leva em conta as disciplinas importantes em sua área de estudo. Portanto, a expectativa é de uma evolução favorável com compartilhamento concreto dos conhecimentos, o que, certamente, irá gerar produtos novos nas dissertações e teses do Programa. Em 2007, foi proposta a criação de uma disciplina Telemedicina e Telesaúde, para ser ministrada sob forma integrada com alunos da graduação e pós-graduação. Outra disciplina - Tópicos em Saúde da Criança e do Adolescente - tem, por finalidade, oferecer um conteúdo que atenda aos alunos com diversas formações, cujo conteúdo pode ser útil para as pesquisas.
As atividades de orientação dos alunos de mestrado e doutorado são realizadas por um corpo de 35 orientadores plenos e 10 específicos, credenciados com base na avaliação do curriculum vitae. Também são credenciados um grupo de co-orientadores que preenchem os critérios definidos pelo Colegiado: experiência em orientação e produção científica relevante. Dos orientadores, cerca de 80% são do Departamento de Pediatria da UFMG. Os demais são do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Propedêutica Complementar e Clínica Médica, da Faculdade de Medicina. De outras unidades da UFMG são credenciados orientadores específicos e plenos: Psicologia, Odontologia, Bioquímica, Enfermagem.
ESTRUTURA, RECURSOS E CONDIÇÕES DE PESQUISA
O Programa conta com os recursos do PROF e também com recursos específicos de alguns projetos, provenientes do CNPq, FAPEMIG, FINEP, OMS e outros. Além disso, sempre existe alguma disponibilidade de recursos da própria Universidade ou da Faculdade de Medicina. Com os recursos financeiros do PROF, tem sido possível a compra de passagens e pagamento de estadas dos convidados externos para as bancas. Para as defesas, tem sido possível contar com a presença freqüente de professores convidados de várias instituições do Brasil. Também, sempre que possível, a vinda de algum especialista do exterior. Assim, isso tem gerado importantes intercâmbios do Programa, tanto no país como no exterior. Esses docentes ministram palestras, participam de pesquisas e de outras atividades com grupos específicos. Para divulgar os resultados das pesquisas, os alunos são incentivados e apoiados a participar de eventos científicos. Recursos são destinados para auxílio e com a finalidade de custear despesas em participações em eventos científicos e congressos. Para o desenvolvimento de pesquisas, o programa conta com um laboratório próprio, no prédio da Faculdade de Medicina. O laboratório está equipado de maneira eficiente para atendimento de pesquisas básicas e experimentais. No laboratório, é desenvolvida atividade prática na disciplina da grade curricular Métodos e Técnicas Experimentais. Além disso, os pesquisadores trabalham, em parceria, nos projetos de laboratórios de outras unidades da UFMG.
O Programa faz parte, juntamente com outros nove Programas da Faculdade de Medicina, de um Centro de Pós-Graduação, onde são feitas, de maneira permanente, discussões administrativas, acadêmicas e outras pertinentes aos cursos de mestrado e doutorado. Com esta integração, tem sido possível a racionalização de gastos, aplicação melhor e mais eficiente dos recursos financeiros nas atividades operacionais e administrativas. Informações são disponibilizadas no site www.medicina.ufmg.br, que contém linhas de pesquisas, orientadores, disciplinas, seleção, edital, teses, dissertações defendidas, etc. Assuntos de teses e dissertações defendidas são objetos de entrevistas e publicações na mídia em geral, sendo possível atingir grande parte da população.
AVALIAÇÃO CAPES
O Programa tem mantido o conceito 5 nas últimas avaliações CAPES. Entretanto, existe consciência do Colegiado de que as deficiências precisam ser corrigidas, bem como avançar em outras áreas, para consolidação da qualidade. O Colegiado tem procurado traçar metas para os próximos anos, a fim de melhorar os de produção e desempenho do programa. Algumas questoes importantes apontam para necessidade de discutir melhor os seguintes aspectos:
formas de ingresso na seleção, maior captação alunos de outras partes do país;
adequação da estrutura curricular para oferta regular de disciplinas com conteúdos diversos;
readequação do corpo de orientadores plenos e específicos com aplicação dos critérios e parâmetros definidos pela CAPES;
melhoria da produção científica, com publicação de artigos em periódicos internacionais de impacto, ampliação da inserção internacional;
promover maior inserção internacional e maior intercâmbio entre docentes e alunos de doutorado com instituições estrangeiras;
adequação das linhas de pesquisa, captação de recursos nas agências de fomento nacionais e internacionais;
planejamento de sistemática para avaliação de egressos, para obter informações e indicadores de produção de alunos formados no modelo anterior (Pediatria), para comparação com o novo modelo (Multi-profissional).
Estes temas fazem parte da proposta do Seminário de Auto-avaliação, realizado em 28 de junho de 2008. A partir de um diagnóstico da situação atual, verificar os possíveis aspectos com deficiência e propor meios para melhorias, metas a curto e médio prazo.
REFERÊNCIAS
1. Lamounier JA, Bambirra EA. A pós-graduação na área médica. Breve análise. Rev Med Minas Gerais. 1994;4(4):63-6
2. Dorea JG, Lamounier JA. Pós-graduação na área médica no Brasil: Necessidades e alternativas estruturais. Rev Med Minas Gerais. 1998;8(1):32-5
3. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Relatório CAPES Programa de Pos-graduação em Ciências da Saúde área de concentração saúde da criança e adolescente. Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da UFMG; 2007.
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