RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 14. 3

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Artigos Originais

Aspectos clínicos da hepatite C crônica: experiência do ambulatório de hepatites virais/instituto alfa de gastroenterologia/hospital das clínicas da UFMG

Clinical aspects of chronic hepatitis C: experience of the ambulatório de hepatites virais/instituto alfa de gastroenterologia/hospital das clínicas da UFMG/MG/Brazil

Francisco Carlos de Souza1; Diego Correia de Andrade1; Vanderlan Ferreira Campos1; Ricardo Moreira Araújo1; Eric Bassetti Soares1; Érica de Oliveira Godinho1; Osvaldo Flávio Melo Couto1; Lúcia Porto Fonseca Castro2; Virgínia Hora Rios Leite2; Nivaldo Artung Toppa2; Luís Otávio Gangussú1; Manoel Otávio de Almeida Paz1; Guilherme Correia Oliveira3; João Galizzi Filho1; Rosângela Teixeira1

1. Ambulatório de Hepatites Virais - Instituto Alfa de Gastroenterologia - Hospital das Clínicas da UFMG
2. Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFMG
3. Centro de Pesquisas René Rachou - FIOCRUZ - Belo Horizonte

Endereço para correspondência

Profª. Dra. Rosângela Teixeira
Faculdade de Medicina da UFMG Departamento de Clínica Médica
Avenida Alfredo Balena, 190 - sala 4070
CEP: 30.130-100 Belo Horizonte - MG
E-mail: teixeira@medicina.ufmg.br

Data de Submissão: 26/02/04
Data de Aprovação: 15/07/04
Apoio: FAPEMIG, CNPq.

Resumo

Este estudo retrospectivo investigou os aspectos clínicos de 295 pacientes com hepatite C crônica. A idade variou entre 13 e 81 anos (mediana=49 anos) sendo 55% entre 40 a 60 anos. O fator de risco principal foi hemotransfusão, seguido pelo uso de drogas injetáveis. A maioria dos casos era assintomática. Cinqüenta por cento dos pacientes apresentavam complicações da cirrose hepática ao diagnóstico. Não houve associação entre o genótipo e a gravidade da fibrose hepática. Os fenômenos auto-imunes foram diagnosticados em 10% dos pacientes. A ALT estava aumentada em 69% dos casos. Trinta e dois por cento tinham ALT normal e 8% destes eram cirróticos. Somente 26% dos pacientes tratados com interferon mais ribavirina por 48 semanas apresentaram resposta virológica sustentada. Os resultados deste estudo alertam para a alta morbidade da hepatite C no nosso meio.

Palavras-chave: Hepatite C / Epidemiologia; Fatores de risco; Morbidade / Hepatite C / Diagnóstico; Transfusão de sangue

 

INTRODUÇÃO

As hepatites virais representam, na atualidade, um dos maiores problemas mundiais de saúde pública. Estima-se que sua prevalência global média seja próxima de 3%1,2. São, aproximadamente, 150 a 200 milhões de portadores do vírus da hepatite C (HCV) em todo o mundo2, e dois a três milhões no Brasil. São escassos na literatura os relatos a respeito dos aspectos clínicos da hepatite C crônica no Brasil e em Minas Gerais, em razão da sub-notificação dos casos e das dificuldades de diagnóstico e tratamento no nosso meio.

As formas reconhecidas de transmissão são as transfusões de sangue; plasma ou outros derivados antes de 1992, ou seja, anteriormente à introdução dos testes sorológicos da hepatite C nos hemocentros para a triagem de pré-doadores; o uso de drogas injetáveis; os acidentes de trabalho entre os profissionais de saúde e, menos importantes, a transmissão sexual e a perinatal2,3.

É notável sua tendência a cronificação. Estima-se que 70% a 80% dos indivíduos que adquirem a infecção aguda evoluem para a forma crônica4. A infecção crônica tem curso assintomático em sua maioria e 20% evoluem para cirrose cerca de 20 anos após adquirem o HCV3,4. Uma vez estabelecida a cirrose, os pacientes estão sujeitos às complicações da insuficiência hepática e da hipertensão portal, ao carcinoma hepatocelular e às conseqüências da disfunção da síntese hepática3-6.

A despeito da queda significativa de novas infecções nos últimos anos3, os modelos matemáticos predizem que o número de casos de cirrose descompensada e de hepatocarcinoma associado ao HCV irá duplicar nos próximos vinte anos em razão do envelhecimento da população infectada, aumentando o tempo de infecção e favorecendo o aparecimento de complicações7.

Os fatores envolvidos na progressão da hepatite C crônica para a cirrose hepática têm sido amplamente investigados8-13. Alguns fatores do hospedeiro são a idade por ocasião da infecção, o sexo masculino e o consumo de álcool. Há controvérsias em relação aos fatores virais, como o genótipo e a carga viral, admitindo-se maior influência destes na resposta terapêutica do que na evolução para as formas graves.

Os avanços no tratamento da hepatite C crônica têm sido notórios. Em 1998, dois ensaios clínicos comprovaram o maior benefício do tratamento combinado de interferon alfa mais ribavirina por 48 semanas em pacientes com genótipo 1, e 24 semanas em pacientes com genótipos 2 ou 3, quando comparado à monoterapia com o interferon alfa14,15. A partir de 2001, os ensaios clínicos16-19 demonstraram que o esquema de interferon peguilado e ribavirina é mais eficaz do que o interferon alfa e ribavirina ou o interferon peguilado isoladamente. Estes estudos forneceram as bases e as diretrizes para o estabelecimento do consenso internacional de tratamento da hepatite C, atualmente em vigor em diversos países20.

Em 2002, o Ministério da Saúde21 estabeleceu os critérios de diagnóstico e tratamento da hepatite C crônica. Este protocolo foi implantado no HC/UFMG a partir do primeiro semestre de 2003.

Neste estudo são revistos os diversos aspectos clínicos da hepatite C crônica em pacientes atendidos no Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG.

 

PACIENTES E MÉTODO

Foram revisados prontuários de 295 pacientes atendidos entre 1997 a 2002. Os critérios de inclusão foram: a) pacientes adultos com diagnóstico confirmado de hepatite C crônica (anti-HCV positivo, exames de função hepática, biópsia hepática ou métodos de diagnóstico por imagem), e b) disponibilidade de dados demográficos, clínicos e laboratoriais para consulta nos prontuários médicos do Hospital das Clínicas com fins de pesquisa. O estudo foi aprovado pelo COEP/UFMG.

Investigaram-se as distribuições da freqüência das diversas variáveis demográficas, clínicas e dos possíveis fatores de risco e de agravamento da doença. Os testes do qui-quadrado e Fisher foram empregados, quando indicados. Considerou-se o nível de significância de 5%. Os dados foram analisados no programa SPSS, versão 8.0.

 

RESULTADOS

Aspectos demográficos e epidemiológicos

A faixa etária variou entre 13 e 81 anos (mediana de idade de 49 anos, DP=15), sendo 162 (55%) com idade entre 40 e 60 anos. Cento e sessenta e três (55%) eram homens e 132 (45%) mulheres. A distribuição de raça/cor foi 46,4% (n=137) brancos, 38,6% (n=114) pardos e 9,2 % (n=27) negros. Em 5,8% dos casos incluídos, não foi possível recuperar a informação. Oitenta e três por cento dos pacientes procederam de Belo Horizonte e região metropolitana. Em 47,5% determinou-se o grau de escolaridade: 14,9% completaram o curso médio/técnico; 12,9%, o curso fundamental completo/médio/técnico incompleto; 9,5%, o curso superior; 7,8%, o fundamental incompleto e 2,4 % eram analfabetos.

Em 289 pacientes foram revistos os possíveis fatores de risco para aquisição do HCV, identificados em 226 (78,2%). A transfusão de sangue e derivados representou 48,3% das formas de aquisição da infecção, seguida pelo uso de drogas endovenosas (26%). Em 63 casos (22%), os fatores de risco não foram identificados (Tabela 1). Oitenta e um pacientes (27,5%) relataram mais de um possível fator de risco para aquisição do vírus C.

 

 

A informação a respeito da duração provável da infecção foi obtida em 172 casos. Sessenta e três (36,7%) informaram 3 a 15 anos, 32 (18,7%) entre 15 e 29 anos, 58 (33,7%) entre 20 e 30 anos e 19 (11%) informaram mais de 30 anos. Em 84 casos, não foi possível recuperar esta informação. Quarenta e nove por cento relataram atividade heterossexual exclusiva.

Aspectos clínicos e laboratoriais

A triagem em hemocentros (n=57, 19,4%) e a hemorragia digestiva alta como primeira manifestação da doença crônica (n=33, 11,2%) foram as principais formas de diagnóstico (Tabela 2). Duzentos e setenta e oito pacientes (94,2%) tiveram a forma aguda assintomática.

 

 

Informações a respeito de alcoolismo (ingestão de mais de 30 gramas de álcool por dia), investigadas em 249 (84%) pacientes, identificaram 166 (67%) não-alcoolistas e 83 (33%) alcoolistas ativos ou pregressos. No período do estudo, ocorreram 11 óbitos entre os alcoolistas ativos (15,8%) e 10 óbitos entre os não-alcoolistas (6,4%). Houve associação significativa entre o número de óbitos atribuídos ao alcoolismo entre os pacientes com hepatite C crônica (p=0,03) e entre a quantidade de bebida alcoólica ingerida e número de óbitos (mais de 100 g/dia: 22% dos óbitos, menos de 100 g/dia: 6,5% dos óbitos, p=0,005).

A esquistossomose mansoni, diagnosticada por ovos viáveis de Schistosoma mansoni nas fezes ou de granulomas esquistossomóticos no fígado, investigada em 273 pacientes, foi positiva em 44 (16%).

Outras comorbidades relevantes foram o diabete melito (n=36, 12,3%) e a insuficiência renal crônica (n=24, 8,1%). Vinte por cento dos pacientes com insuficiência renal eram também diabéticos. A associação com a hepatite auto-imune foi confirmada em três pacientes (1%).

Os resultados de exames laboratoriais mais relevantes estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. A ALT estava aumentada em 69% dos casos. Trinta e dois por cento tinham ALT normal e 8% destes eram cirróticos. Houve associação entre plaquetopenia e cirrose hepática (p=0,001). O HBsAg foi positivo em 8/233 (3,4%) dos pacientes e 51/148 (34%) eram anti-HBc IgG positivos. A pesquisa de auto-anticorpos obteve o seguinte resultado: anti-núcleo positivo 20/153 (13%) pacientes, anti-músculo liso positivo 16/85 (19%), anti-mitocondrial positivo 1/71 (1,4%) e anti-tireoglobulina positiva 10/107 (9%). O fator reumatóide foi positivo em 11/29 (38%) dos pacientes.

 

 

 

 

A endoscopia digestiva alta foi realizada em 125 pacientes. Em 53 (42%) notaram-se varizes esofágicas (n=36), varizes gástricas (n=4), varizes gástricas mais esofágicas (n=26) e gastropatia da hipertensão portal (n=13). A ultra-sonografia abdominal foi realizada em 238 pacientes (80.7%). Alterações sugestivas de hepatopatia crônica foram notadas em 168/238 (70,5%) dos pacientes por meio da ultra-sonografia abdominal, que também revelou ascite em 4 (17%) pacientes e esplenomegalia em 83 (35%).

Exames de biologia molecular

O HCV RNA foi positivo em 112/120 (93%) pacientes. O genótipo do vírus C, pesquisado em 68 pacientes, teve o seguinte resultado: 1b: 39 (57%), 1a: 10 (15%), 3: 17 (25%) e 2: 2 (3%). A carga viral foi quantificada em 74 pacientes por cinco métodos diferentes e não foi incluída na análise. Todos os exames foram realizados na rede privada de laboratórios em razão da indisponibilidade destes testes na rede pública até 2003.

Estudo histopatológico

Noventa e nove biópsias hepáticas foram revistas (histopatologista LPFC) e classificadas de acordo com o grau de inflamação e o estágio de fibrose (Tabela 5) pelo critério METAVIR22. Para a finalidade da análise, os pacientes com biópsia foram classificados como portadores de fibrose leve (F1 e F2) (n=38, 48,4%) ou grave (F3 e F4) (n=51, 51,6%). Não houve associação estatisticamente significativa entre fibrose grave e a duração da infecção maior que 20 anos, os diferentes genótipos, o alcoolismo atual ou pregresso, o diabete melito e a co-infecção esquistossomótica.

 

 

TRATAMENTO

O tratamento da hepatite C foi instituído em 108 (34,9%) pacientes. Quarenta e seis pacientes (15,6%) receberam diferentes formas de tratamento e não foram incluídos na análise. Cinqüenta e sete (52,8%) pacientes foram tratados com os seguintes esquemas terapêuticos: monoterapia com interferon convencional (n=12, 21%), interferon convencional mais ribavirina por 6 meses (n=6, 10,5%) e interferon convencional mais ribavirina por 12 meses (n=39, 68,5%).

O estudo da resposta terapêutica foi prejudicado pela indisponibilidade dos testes de biologia molecular para avaliar a resposta virológica. Vinte pacientes (51%) responderam ao final do tratamento combinado com interferon e ribavirina por 12 meses enquanto 10 (26%) apresentaram resposta virológica sustentada. Vinte pacientes (51%) apresentaram resposta bioquímica sustentada. Não foi avaliada a resposta terapêutica em relação aos diferentes genótipos em virtude do pequeno número de pacientes que fizeram este exame. O tratamento foi suspenso por efeitos colaterais atribuídos ao interferon em 19 (17,5%) e à ribavirina em 18 (16,7%) pacientes.

Vinte e três pacientes evoluíram para o óbito no período analisado, sendo cinco em lista de espera de transplante hepático. Dez pacientes foram transplantados e dois evoluíram para o óbito no pós-transplante.

 

DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo, a despeito de suas limitações, contribuem para o maior conhecimento da importância da hepatite C como doença crônica, silenciosa e de alta morbidade no nosso meio.

A maioria dos pacientes que buscaram atenção médica era assintomática e o diagnóstico em triagem de hemocentros foi a principal forma de diagnóstico da hepatite C crônica. Cerca de 50% apresentavam complicações da cirrose hepática à admissão e em 11% a hepatite C crônica foi diagnosticada por ocasião de um episódio de hemorragia digestiva alta. A ultra-sonografia abdominal revelou hepatopatia crônica em 70% dos pacientes e 50% dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva tinham varizes de esôfago.

Estes dados alertam para a alta freqüência de diagnóstico tardio no nosso meio, após a cirrose hepática e suas complicações já instaladas, com menores chances de resposta terapêutica aos tratamentos atualmente disponíveis e aumento da demanda de transplante hepático.

Neste estudo, 48,3% dos indivíduos relataram ter recebido hemotransfusões no passado, tendo sido este o principal fator de risco para adquirir o vírus C, seguido pelo uso de drogas endovenosas identificado em 18% dos casos. Observações clínicas posteriores deverão avaliar se há tendência de o uso de drogas injetáveis se tornar o principal fator de risco no nosso meio, conforme relatado em outros países3,23,24. Em 63 pacientes analisados (22%) o fator de risco não foi identificado. Resultados semelhantes são descritos na literatura24, sugerindo a necessidade de maiores investigações a respeito dos fatores de risco para a aquisição do vírus C.

A idade à aquisição do vírus, o sexo masculino, o estado imunológico, o HLA e a raça negra parecem ter significativo impacto na probabilidade de evolução da doença crônica9,20,28. Neste estudo, 55% dos pacientes tinham idade entre 40 e 59 anos e a maioria relatou mais de 20 anos de infecção, o que contribuiu para tornar o grupo homogêneo. Notou-se, também, semelhança na distribuição de pacientes por sexo (55% x 45% masculinos e femininos) e baixa prevalência de pacientes negros (9,2%). Estes fatos dificultaram a análise da influência desses fatores na evolução da doença.

Há relatos de maiores índices de cura espontânea da hepatite C aguda sintomática10. Neste estudo não controlado, a hepatite C aguda foi assintomática em 92% dos pacientes, podendo sugerir pior prognóstico para pacientes com hepatite C aguda assintomática.

Os fatores virais, incluindo o genótipo do HCV, têm pouca influência na evolução da doença crônica4,20,28. De fato, não se observou associação entre fibrose grave e os genótipos identificados no estudo.

Diversos estudos demonstram que o alcoolismo4,8,13,20,25-29 e a co-infecção esquistossomótica30-34 são fatores que contribuem para o agravamento da hepatite C. Nesta investigação, 33% dos pacientes relataram alcoolismo presente ou pregresso, e 16% tinham esquistossomose associada. Contudo, não se comprovou associação entre fibrose grave e estes dois fatores, a despeito do alcoolismo e da quantidade de bebida alcoólica ingerida terem sido significativamente associados com maior mortalidade. Estas investigações deverão prosseguir com a inclusão de maior número de pacientes.

Têm-se descrito que o vírus C é o principal vírus hepatotrópico capaz de desencadear fenômenos auto-imunes e manifestações extrahepáticas35-40. Neste estudo, cerca de 10% dos pacientes apresentaram fenômenos auto-imunes, sugerindo a possibilidade da associação ou do desencadeamento de doenças auto-imunes em portadores de hepatite C crônica.

A ausência de correlação entre valores aumentados de ALT e lesão hepática e a presença de fibrose grave em pacientes com ALT normal são fatos que vêm sendo observados com freqüência em portadores de hepatite C crônica41-44. Portanto, a biópsia hepática constitui, neste momento, o método mais confiável para avaliar o grau e o estágio da hepatite pelo vírus C20,45.

A genotipagem do vírus C, realizada em 68 pacientes, demonstrou que o genótipos 1 e 3 são os mais freqüentes no nosso meio, semelhante ao observado na região Sudeste do Brasil46.

A avaliação da resposta terapêutica foi limitada nesta investigação. Não obstante, os baixos índices de resposta terapêutica sustentada em pacientes tratados com interferon mais ribavirina por 12 meses alertam para a possibilidade da menor eficácia do interferon convencional similar distribuído no Brasil, conforme recentemente descrito47,48. Esta observação vem sendo amplamente discutida entre os pesquisadores brasileiros e os estudos multicêntricos em andamento deverão contribuir para esclarecer estas dúvidas.

Concluindo, podemos afirmar que a hepatite C constitui um desafio para pacientes, médicos e pesquisadores. Este estudo alerta para a preocupante morbidade da hepatite C no nosso meio. Investigações dos fatores preditivos de morbidade e de resposta terapêutica serão favorecidas com os testes de biologia molecular e a padronização de medicamentos na rede pública a partir de 2003. Estes estudos poderão contribuir para o maior conhecimento da hepatite C no nosso meio.

 

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