RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 24. (Suppl.8)

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Editorial

Mensagem dos Coordenadores Revista Mineira de Anestesiologia

Luciana de Souza Cota Carvalho Laurentys; Marcel Andrade Souki

 

Estima-se que cerca de 234 milhões de cirurgias são realizadas por ano no mundo. Destas, aproximadamente 30% são sob anestesia geral e necessitam, portanto, de algum tipo de controle ventilatório. Assim sendo, consideramos que o conhecimento detalhado sobre ventilação mecânica é extremamente relevante para o anestesiologista, uma vez que faz parte do seu cotidiano. Dada a relevância do assunto, decidimos dedicar este volume da Revista Mineira de Anestesiologia à discussão de diversos temas relacionados à ventilação mecânica.

Iniciamos com "Ventilação Mecânica em Pediatria", artigo no qual a Drª Ana Cláudia Bonisson e colaboradores fi­zeram revisão sobre as particularidades da fisiologia pulmonar na criança, os variados sistemas e modos de ventilação pediátricos disponíveis, tentando simplificar e desmitificar a temerosa ventilação em crianças. Ainda neste volume, artigo elaborado por colegas da medicina intensiva discutem aspectos técnicos relacionados à ventilação, de forma a simplificar e clarear conceitos básicos da ventilação mecânica no artigo "Mecânica da Ventilação Mecânica".

Considerando que a obesidade tem se tornado uma epidemia mundial, acredita-se que 10% da população mundial são obesos, segundo a Organização Mundial de Saúde. Logo, anestesia para pacientes obesos tem se tornado prática cada vez mais frequente no centro cirúrgico e não apenas para cirurgias de gastroplastia. Julgamos de extrema impor­tância a discussão sobre ventilação mecânica em pacientes obesos, haja vista suas particularidades fisiológicas. Em artigo elaborado pelos Drs. Walkiria Vilas-Boas, Carlos Boni e Rafhael Rocha, encontram-se diversos detalhes técnicos na indução, manutenção e despertar da anestesia, além do manejo das vias aéreas nesse nicho de pacientes, de suma importância para a prática segura de procedimentos anestésico-cirúrgicos.

Ainda temos discussão de temas sempre frequentes e que atormentam a rotina de alguns, como aspiração broncopulmonar, ventilação monopulmonar, ventilação em neurocirurgia e qual modo ventilatório escolher: volume ou pressão? Assim como temas recentemente saídos do forno, tais como "Ventilação Mecânica Protetora, utilizar para todos?", escrito pelo Dr. Neuber e colaboradores, e "Ultrassonografia Pulmonar e de Vias Aéreas em Anestesiologia", escrito pelo Dr. Paulo Pimenta e colaboradores.

Após a leitura destes artigos, tornar-se-á clara para todos a necessidade de mudanças no manejo anestesiológico da ventilação mecânica. As complicações pulmonares como atelectasia, baixa saturação pós-operatória, derrame pleural, insuficiência respiratória, etc. são comparáveis às complicações cardiológicas, 2,7% e 2,5%, respectivamente, na população cirúrgica, segundo Raphael de Faria e colaboradores no artigo "Complicações Pulmonares no Pós­-operatório: Preditores". Diante disso, o anestesiologista está face a face com a ventilação mecânica protetora prova­velmente para todos os pacientes, a fim de evitar as complicações e exacerbação da resposta inflamatória já iniciada pelo trauma cirúrgico.

 

Luciana de Souza Cota Carvalho Laurentys
Marcel Andrade Souki
Coordenadores Revista Mineira de Anestesiologia