ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
Uso de probióticos na prevenção e tratamento de infecções e inflamações gastrintestinais
The use of probiotics in the prevention and treatment of gastrointestinal infection and inflammation
Leda Quercia Vieira1; Francisco José Penna2; Luciano Amédée Péret Filho2; Jacques Robert Nicoli1
1. Instituto de Ciências Biológicas
2. Faculdade de Medicina
Profa. Leda Quercia Vieira
Departamento de Bioquimica e Imunologia Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Bloco 04 - Sl 189 Av. Antonio Carlos, 6627
Belo Horizonte-MG CEP: 31.270-901
Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte - MG
Resumo
A microbiota indígena associada ao trato digestivo humano é um ecossistema extremamente complexo e pouco conhecido. A sua instalação no recém-nascido e sua manutenção no adulto têm papel importante na maturação da biologia e proteção contra infecção do hospedeiro, respectivamente. Contudo, ambas podem ser perturbadas por diversos fatores, levando a uma redução dos benefícios que a atuação da microbiota pode oferecer em condições normais. Esses distúrbios podem ser compensados pelo uso de probióticos, definidos como microorganismos vivos que quando aplicados em quantidade adequada podem oferecer benefícios para o hospedeiro. Bactérias produtoras de ácido láctico (Lactobacillus, Bifidobacterium) e levedura (Saccharomyces boulardii) são entre os microorganismos mais estudados ou já usados como probióticos. Para certas aplicações, a soma de ensaios clínicos já foi suficiente para efetuar meta-análises que mostraram um efeito positivo dos probióticos, como na profilaxia de diarréia aguda e da diarréia associada ao uso de antibiótico (em particular no caso de infecção pelo Clostridium difficile) e como suplemento na terapia contra Helicobacter pylori. Mais recentemente, efeitos positivos foram também sugeridos no caso de doenças inflamatórias intestinais. Contudo, todos os autores concordam com a necessidade de mais ensaios clínicos e biológicos, em particular para esclarecer os mecanismos de ação dos probióticos e os fatores do ecossistema digestivo que podem influir sobre essa atuação. Tais esclarecimentos devem permitir otimizar o uso dos probióticos, regularizando resultados que hoje são algumas vezes flutuantes.
Palavras-chave: Microbiota indígena, probiótico, Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces boulardii, meta-análise, ensaio clínico.
JUSTIFICATIVA DO USO
Nas superfícies de um hospedeiro humano, a proteção ecológica é um dos quatro tipos de defesa que um microrganismo patogênico deverá enfrentar durante uma tentativa de invasão, além das defesas mecânicas, químicas e imunológicas. Essa proteção ecológica é conseqüência da presença de populações extremamente elevadas de bactérias, que são globalmente chamadas de microbiota indígena, que equivale à microflora normal. Devido ao seu tamanho (1014 células microbianas viáveis com peso total de 1,5 kg e atividade global similar à de um fígado) e seu impacto na biologia do hospedeiro humano, a microbiota indígena pode ser equiparada a um órgão complementar espalhado nas diversas superfícies e mucosas do nosso corpo, onde desenvolve funções extremamente importantes para a saúde.1 As funções benéficas mais importantes oferecidas pela microbiota, em condições normais, são três: a) a resistência à colonização por patógenos (que impede a instalação e multiplicação de microorganismos exógenos no local); b) a imunomodulação (que permite uma resposta mais rápida e ajustada do sistema imunológico em caso de agressão infecciosa); e c) a contribuição nutricional (que fornece vitaminas e substratos energéticos e reguladores para fisiologia digestiva).1
Além dessas importantes funções para a saúde do adulto, a microbiota exerce papel fundamental à medida que se instala sobre a maturação da biologia do recém-nascido.2 De fato, a criança nasce totalmente isenta de microrganismo e, logo após seu nascimento, ela é progressivamente colonizada pelos componentes que formarão sua microbiota.3 Durante a instalação de sua microbiota, os microrganismos são responsáveis pela maturação dos sistemas imunológico (estimulação da resposta contra microrganismos exógenos e tolerância em relação aos componentes da microbiota indígena; indução do equilíbrio no balanço Th1-Th2) e digestivo (estimulação da vascularização intestinal e dos sistemas de transporte de nutrientes; redução da permeabilidade intestinal.4,5
Pelo exposto, pode-se perceber que uma rápida e correta colonização pela microbiota indígena é extremamente importante para a maturação da biologia e proteção do recém-nascido e, uma vez instalada, essa microbiota deve ser preservada para que as suas funções continuem a ser benéficas.
Contudo, a atuação benéfica da microbiota pode ser perturbada por diversos fatores. Assim, uma rápida e correta colonização de um recémnascido pode não ser observada, dependendo do tipo de parto (natural ou cesariana), da alimentação (amamentação na mama ou por fórmula em mamadeira), do tempo de gestação no nascimento (prematuro ou a termo), da necessidade do uso de antimicrobianos ou de internação em UTI, do modo de vida (teoria da higiene) e até do estresse da mãe.6,7,8,10,11 Além do atraso na ocupação protetora do ecossistema gastrintestinal (deixando abertura para microrganismos patogênicos), esses fatores podem reduzir a atuação da microbiota na maturação da biologia do hospedeiro. Assim, menos estimulação da resposta contra microrganismos exógenos pode levar a menos resistência à infecção, redução da tolerância em relação à microbiota indígena pode induzir inflamação intestinal e a falha para equilibrar o balanço Th1-Th2 pode estimular fenômenos alérgicos.
Evidências também sugerem que uma colonização incorreta no início da vida leva irreversivelmente a uma microbiota que nunca será tão eficiente como teria sido em caso de instalação normal. Mesmo após instalação adequada, a microbiota pode ainda sofrer perturbações resultantes da utilização de antimicrobianos (diarréias associadas ao uso de antibióticos; infecção pelo Clostridium difficile), de mudanças drásticas de alimentação (diarréia do viajante) e de estresse. No caso dessas perturbações serem previstas ou instaladas, pode-se perguntar se existem possibilidades de intervir para prevenir ou tratar as falhas das funções benéficas da microbiota. Os probióticos podem ser uma das respostas a essa questão.12,13
PROBIÓTICOS: DEFINIÇÕES E MICRORGANISMOS UTILIZADOS
O conceito de probióticos, na verdade, não é recente. A ingestão de leites fermentados já era mencionada no Antigo Testamento da Bíblia (Gênesis 8:8) e Plínio, um historiador romano, recomendava o uso de produtos lácteos fermentados para o tratamento de gastrenterites, em 76 a.C. Contudo, foi somente em 1907 que Elie Metchnikoff relacionou a presença de bactérias produtoras de ácido láctico nos leites fermentados com os possíveis efeitos benéficos da sua ingestão. A sugestão de Metchnikoff baseava-se na associação entre a elevada longevidade de populações do Leste da Europa e o seu consumo de diversos tipos de produtos lácteos fermentados.14 A partir desse conhecimento de microorganismos favoráveis à saúde humana, em 1960, Richard Parker utilizou pela primeira vez o termo "probiótico" com o significado de "a favor da vida", de acordo com a origem grega do termo. Fuller, em 1989, apresentou a primeira definição da palavra como sendo: "suplemento alimentar constituído de microrganismos vivos capazes de beneficiar o hospedeiro pelo balanço do equilíbrio da microbiota intestinal"14 .
Posteriormente, outras inúmeras definições foram propostas, mas hoje a definição recomendada conjuntamente pela Organização Mundial de Saúde e a Organização de Agricultura e Alimentos é: "microrganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas conferem benefício à saúde do hospedeiro".15
Teoricamente, vírus, bactérias, fungos e protozoários poderiam ser candidatos ao uso como probióticos. Na prática, somente alguns grupos de bactérias Gram-positivas (Lactobacillus, Streptococcus, Lactococcus, Pediococcus, Enterococcus, Bifidobacterium, Bacillus, Clostridium), de bactérias gram-negativo (Escherichia coli não patogênica) e de leveduras (Saccharomyces) são estudados ou já comercializados como probióticos. A maioria deles foi isolada do tubo digestivo do homem. Contudo, alguns (Bacillus, Saccharomyces) vêm de outros ecossistemas microbianos. Entre todos os candidatos a serem probióticos destacam-se, Lactobacillus rhamnosus GG, Bifidobacterium animalis var. lactis Bb12 e Saccharomyces cerevisiae var. boulardii que apresentam a maior e mais convincente soma de dados obtidos em ensaios biológicos e clínicos.
Resultados interessantes, mas em volumes menores, foram obtidos com bactérias da espécie E. coli16,17 e dos gêneros Clostridium18 e Bacillus19. Bacteriófagos já foram testados para tratamento de infecção por Salmonella e E. coli O157:H720 e, nos Estados Unidos, recentemente, a Food and Drug Administration (FDA) autorizou o seu uso em alimento como agentes antimicrobianos contra Listeria monocytogenes.21
FORMAS DE UTILIZAÇÃO
Para aplicação no trato gastrintestinal, os probióticos são ingeridos sob duas formas como: alimentos ou preparações farmacêuticas. As formas tradicionais de alimentos probióticos são de produtos lácteos fermentados ou suplementados (iogurte, leite acidófilo), já testados ou lançados no comércio, como queijos, biscoitos e até goma de mascar.
Como produto farmacêutico, os probióticos são apresentados geralmente liofilizados em cápsula ou sachê. Como, por definição, as células probióticas devem estar vivas para atuar, o prazo de validade varia de um produto para outro. Na forma hidratada de alimentos, esse prazo é geralmente de um a dois meses, enquanto como produto liofilizado farmacêutico varia de um a dois anos. A menção "quantidades adequadas" da definição de probióticos recomendada pela FAO/WHO é outro aspecto muito importante. Em ecologia microbiana, considera-se que para poder atuar num local, um microrganismo deve estar presente em nível populacional igual ou superior a 107 células viáveis/ g ou ml de conteúdo. Para atingir esse nível, tomando em conta os fenômenos de diluição intestinal, o microrganismo probiótico deverá, portanto, apresentar-se em quantidades iguais ou superiores a 108 a 109 células viáveis/ g ou ml no produto a ser ingerido.
Como todo produto, os probióticos sofrem restrição de uso em certas situações. Nos últimos 30 ou 40 anos de utilização, houve relatos de algumas dezenas de casos de infecção de pacientes por bactérias ou leveduras probióticos.22 Todos esses casos foram observados em pacientes imunocomprometidos ou críticos. Portanto, até a obtenção de mais informações, os probióticos não são recomendados nessas situações.23 No futuro, a solução para esses casos, talvez seja, o uso de células probióticas mortas cujo potencial imunomodulador, ligado à estrutura superficial, continuaria provavelmente intacto.
MECANISMOS DE AÇÃO
Os probióticos apresentam mecanismos de atuação similares aos dos componentes da microbiota indígena, já que são geralmente isolados desse ecossistema e sua utilização tem como objetivo reforçar as funções dessa microbiota ou compensá-las quando apresentam falhas. Esses mecanismos são:
a competição por nutrientes ou sítios de adesão8;
a produção de substâncias (bacteriocinas) ou metabólitos (ácidos orgânicos) antagonistas;
a modulação do sistema imunológico24,25,26 ou da ação de toxinas27,28,29,30. É importante salientar que cada probiótico apresenta sempre combinações de mais de um desses mecanismos, o que dificulta o desenvolvimento de resistência à sua atuação pelos microrganismos patogênicos, como ocorre no caso dos antibióticos.
APLICAÇÕES CLÍNICAS
Desde 1960, inúmeros ensaios clínicos com probióticos foram descritos na literatura, mas relativamente poucos foram bem controlados (duplo cego, aleatório com placebo).31 A finalidade dos estudos iniciais com probióticos foi essencialmente desenvolver métodos alternativos profiláticos ou terapêuticos para infecções gastrintestinais (diarréias infecciosas diversas, diarréia associada ao uso de antimicrobiano, infecção pelo Clostridium difficile ou Helicobacter pylori).
Mais recentemente, foram acrescentados ensaios desenvolvidos na tentativa de prevenir ou tratar distúrbios resultantes de relações anômalas entre a microbiota indígena e o sistema imunológico do seu hospedeiro (doenças inflamatórias intestinais, alergias). Para diversas aplicações, a soma de ensaios clínicos já permitiu efetuar metanálises para determinar a eficácia dos probióticos.32 Para a diarréia do viajante e a intolerância à lactose, a prevenção ou o tratamento com probióticos não mostraram efeito significativo e, hoje, ensaios clínicos com essa finalidade são raros.33
Prevenção ou tratamento de infecções gastrintestinais
Vários ensaios em modelo animal mostraram efeito protetor de probióticos, como Lactobacillus34, Bifidobacterium35, E. coli36 e S. boulardii37,38 contra Salmonella Typhimurium, Shigella flexneri e Vibrio cholerae. Essa proteção decorreu de modulação do sistema imunológico24,25,26 ou da produção de toxinas28, mas nunca de antagonismo. A competição por sítios de adesão ou nutrientes pode ser um mecanismo complementar de atuação desses probióticos.39
Tratamento de diarréias agudas
Duas recentes metanálises sobre o uso de Lactobacillus GG40 e S. boulardii41 no tratamento de diarréias agudas em crianças sugerem somente efeitos clínicos benéficos moderados. No caso do Lactobacillus GG, até agosto de 2006, os oito ensaios aleatórios, controlados (total de 988 participantes) selecionados para análise mostraram redução significativa: na duração da diarréia (-1,1 dias; CI 95% -1,9 a -0,3), em particular para diarréias por rotavírus; no risco de diarréia superior a 7 dias (risco relativo 0,25; CI 95% 0,09 a 0,75); e na duração de hospitalização (-0,58; CI 95% -0,8 a -0,4). Não houve efeito de redução no número e volume das evacuações. Para S. boulardii, e também até agosto de 2006, cinco ensaios aleatórios, controlados (total de 619 participantes) mostraram redução na duração da diarréia (-1,1 dias; CI 95% -1,3 a -0,8) e no risco desse distúrbio por mais de 7 dias (risco relativo 0,25; CI 95% 0,08 a 0,83). Para as duas análises, os autores ressaltam as limitações metodológicas dos estudos incluídos na análise e a necessidade de cuidados na interpretação.
Diarréias associadas ao uso de antibióticos (DAA)
A prevenção de DAA é a situação para a qual existe a maior quantidade de ensaios clínicos com probióticos e quatro metanálises recentes chegaram à mesma conclusão sobre o efeito positivo de preparações à base de Lactobacillus, Bifidobacterium e S. boulardii.42,43,44,45. Em 25 ensaios aleatórios, controlados (total de 2810 pacientes), realizados entre 1977 e 2005, os probióticos reduziram o risco relativo de DAA (risco relativo 0,43; CI 95% 0,31 a 0,58).
Num dos trabalhos selecionados para as duas últimas análises, Corrêa et al.46 descreveram que o tratamento com uma fórmula láctea contendo Bifidobacterium e Streptococcus reduziu significativamente tanto a freqüência de DAA como a necessidade de reidratação nas crianças que apresentaram diarréia.
Infecção pelo Clostridium difficile
Para a infecção pelo C. difficile, metanálise recente44 mostrou efeito benéfico particularmente com S. boulardii, provavelmente ligado à sua capacidade peculiar e já bem demonstrada de modular a ação de toxinas bacterianas, tanto do C. difficile27,29 como do V. cholerae.27,30 Os resultados de seis ensaios clínicos para o tratamento5 ou a prevenção1 da infecção pelo C. difficile mostraram a eficácia do uso de probióticos contendo Lactobacillus, Bifidobacterium, S. boulardi (risco relativo 0,59; CI 95% 0,41 a 0,85).
Suplementação durante a terapia de erradicação do Helicobacter pylori
Uma metanálise recente47 sugere que a suplementação com probióticos durante a terapia contra o H. pylori pode aumentar a eficácia e reduzir os efeitos secundários do tratamento. Os resultados da análise de 14 ensaios (total de 1671 pacientes) aleatórios, controlados mostraram que a taxa de erradicação da terapia foi globalmente maior - 83,6% - (CI 95% 80,5 a 86,7) nos pacientes recebendo em suplemento os probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces boulardii, Bacillus, Clostridium), quando comparada com a taxa de 74,8% na terapia sem os probióticos (CI 95% 71,1 a 78,5).
A ocorrência de efeitos secundários foi de 24,7% (CI 95% 20,0 a 29,4) e 38,5% (CI 95% 33,0 a 44,1) com e sem suplementação com probióticos, respectivamente. Um trabalho que não entrou na metanálise, pela fato de ter sido publicado recentemente48, veio reforçar as conclusões do artigo de Tong et al.,47 com aumento da taxa de erradicação de 72,3 para 88,6% quando houve suplementação com a mistura de Lactobacillus e Bifidobacterium. Houve também redução dos efeitos secundários de 40,6 para 9,5% com o uso adicional dos probióticos (P < 0,05).
Prevenção ou tratamento de distúrbios resultantes das relações microbiota - sistema imunológico
Como comentado, pelo seu tamanho, a microbiota indígena apresenta potencial imunogênico considerável para o qual uma tolerância precisa ser desenvolvida durante o processo de colonização do recém-nascido. Contudo, em indivíduo geneticamente susceptível, uma resposta anormal do sistema imunológico à microbiota indígena pode ser responsável pela iniciação e perpetuação de inflamação intestinal.49
A melhoria das condições higiênicas, em particular nos países desenvolvidos, levou à falta de exposição do recém-nascido a grande variedade de microrganismos. Esse fato permitiu reduzir as infecções gastrintestinais, mas simultaneamente dificultou o acesso da criança a uma gama variada de microrganismos, indispensável à construção de uma microbiota indígena funcional e atuante no seu sistema imunológico imaturo (teoria da higiene). Isto explicaria a menor potencialidade protetora da microbiota e o aumento das doenças alérgicas nas crianças dos paises desenvolvidos.50
Nessas duas situações descritas, nas quais os componentes da microbiota são, de alguma maneira, responsáveis pela inadequação do sistema imunológico, um pensamento racional levou à tentativa de modificação na composição do ecossistema microbiano intestinal, utilizando a ingestão de probióticos. Além disso, há na literatura científica uma soma de resultados obtidos em modelos animais e humanos demonstrando claramente a promoção da função da barreira epitelial intestinal51 e o efeito antiinflamatório52 obtidos com vários microrganismos probióticos.
Doenças inflamatórias intestinais
Duas revisões recentes53,54 analisaram o uso de probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium, E. coli, S. boulardii) no tratamento de doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa, doença de Crohn, bolsita - pouchitis). Os mecanismos sugeridos para o uso de probióticos para essa finalidade seriam: a inibição do crescimento de bactérias patogênicas entéricas; aumento da função de barreira do epitélio e da mucosa intestinal; e/ou imunomodulação. Os autores concluíram que para a doença de Crohn (sete ensaios clínicos entre 1997 e 2005, num total de 661 pacientes), as poucas evidências encontradas na literatura não são ainda suficientes para justificar o uso de probióticos.
No caso da colite ulcerativa (quatro ensaios clínicos entre 1997 e 2006, num total de 199 pacientes), os dados sugerem que alguns dos probióticos podem ser úteis na remissão dos quadros brandos a moderados da doença. Outras evidências são mais convincentes e defendem o uso de probióticos na prevenção e tratamento da bolsita (quatro ensaios clínicos entre 2000 e 2004, num total de 136 pacientes). Nessa última situação, em três dos quatro ensaios as freqüências de prevenção ou remissão da bolsita variaram de 40 a 100% nos pacientes recebendo a preparação probiótica (VSL#3, uma mistura de oito diferentes bactérias produtoras de ácido láctico), enquanto foram de 10 a 15% no grupo placebo. Contudo, os autores concordam sobre a necessidade de mais ensaios clínicos bem controlados e também de estudos para definirem-se as doses e a duração de tratamento mais eficientes.
Enterocolite ulceronecrosante no prematuro
Uma revisão recente55 sobre o uso de probióticos (Bifidobacterium spp., Lactobacillus spp., S. boulardii) na prevenção de enterocolite ulceronecrosante (estágio 2 ou acima) em neonatos prematuros (gestação inferior a 33 semanas) de muito baixo peso (inferior a 1.500 g) mostrou, após metanálise de sete ensaios bem controlados (total de 1393 pacientes) feitos entre 1980 e novembro de 2006, redução do risco de enterocolite (risco relativo 0,36; CI 95% 0,20 a 0,65), do risco de óbito (0,47; CI 95% 0,30 a 0,73) e do tempo de alimentação plena (WMD -2,74 dias; CI 95%; -4,98 a -0,51) no grupo de crianças tratadas quando comparado com o controle. Contudo, os autores mencionam a necessidade de mais ensaios para determinar a segurança dos probióticos em curto e longo prazos e esclarecer dúvidas relativas à dose, duração e tipo de probióticos (espécies, único ou em combinação, vivo ou morto) a serem usados.
Síndrome do cólon irritável
Apesar das causas da síndrome do cólon irritável permanecerem ainda relativamente desconhecidas, a alteração intraluminal, a inflamação e a ativação imunológica observadas sugerem haver disfunção na relação entre a microbiota indígena e o hospedeiro. Dados mostram também microbiotas indígenas com composição diferente entre pacientes com a síndrome do cólon irritável e indivíduos sadios.56 Isso constituiu a base racional para o emprego de probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium) no tratamento dessa doença. Em 10 ensaios clínicos realizados entre 2000 e 2006 (total de 836 pacientes), sete demonstraram redução dos sintomas (diarréia, dor, flatulência, distensão). Todos os autores ressaltam a necessidade de mais ensaios para melhor definir as espécies microbianas e doses a serem utilizadas.32
Alergia
A utilização de probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium) em ensaios clínicos para o tratamento de doenças alérgicas é relativamente recente e é baseada na observação de diferenças na composição e propriedades da microbiota intestinal de crianças sadias e alérgicas.57 Numa revisão recente58, os autores concluem que há evidências que suportam o uso de probióticos em crianças, desde que cedo na vida, e mais particularmente no caso do eczema infantil. Ensaios clínicos publicados após essa revisão apresentaram dados favoráveis ao uso de probióticos para o eczema atópico59,60, enquanto outros não descreveram efeito61,62, demonstrando a necessidade de mais experimentos.
Colonização dirigida do recém-nascido
Uma aplicação potencial dos probióticos, ainda pouco estudada, é o fornecimento intencional, ao recém-nascido, dos microrganismos de que ele necessita para construir sua microbiota indígena. A colonização inicia-se durante a passagem pelo canal do parto e leva em torno de um e meio a dois anos para se completar, levando a uma microbiota com composição e funções parecidas com as de um adulto. Fica a cargo do recém-nascido encontrar esses microrganismos, sendo a mãe, o alimento, o ambiente e outros seres humanos os doadores principais.
Esse período de instalação de uma microbiota inicialmente escassa, instável e com potencial protetor baixo representa um período crítico para a criança, durante o qual eventual encontro com um microrganismo patogênico pode ser problemático. Além disso, foi visto que vários fatores podem reduzir o acesso do recém-nascido a fontes de componentes para sua microbiota. Seria extremamente importante auxiliá-lo nessa tarefa, fornecendo os microrganismos certos na hora adequada, reduzindo, assim, o risco de entrada de patógenos e acelerando a instalação de uma microbiota potente em termos protetores.
Infelizmente, a seqüência de colonização do trato digestivo do recém-nascido é ainda muito pouco conhecida e existem somente poucas informações limitadas aos primeiros momentos deste processo. Logo após o nascimento, E. coli não patogênica e alguns Enterococcus são as primeiras bactérias a colonizar o tubo digestivo, seguidas alguns dias depois por bactérias do gênero Bifidobacterium.63 Baseados nessas informações, alguns ensaios clínicos foram desenvolvidos, inoculando-se crianças logo após o nascimento, com cepas não patogênicas de E. coli ou de Bifidobacterium. Esses poucos estudos permitiram reduzir a freqüência de diarréia no primeiro ano de vida ou estimular o sistema imunológico do recém-nascido.16,17,64 Contudo, a aplicação de um cartão de inoculação de microrganismos para estabelecer rapidamente uma microbiota protetora e reguladora, de maneira similar à vacinação, fica ainda como um sonho.
CONCLUSÕES
Fica evidente que há uma lógica teórica no uso dos probióticos, baseada na existência, desde o nascimento, de ecossistemas microbianos associados às superfícies e mucosas do hospedeiro humano, onde desenvolvem importantes funções de defesa ecológica e de maturação e manutenção dos sistemas imunológico e digestivo. Como a vacinação é uma maneira de reforçar a proteção imunológica, o uso de probióticos tem como objetivo a intervenção para obter uma máxima atuação da proteção ecológica. Os resultados até hoje demonstrados nos ensaios clínicos com probióticos deixam, quanto à sua eficiência, várias certezas (diarréia associada à antibioticoterapia, infecções pelo C. difficile e H. pylori), várias esperanças (doenças inflamatórias intestinais) e muitas dúvidas.
Todos os autores concordam com a necessidade de se realizarem mais ensaios clínicos bem controlados para definir claramente o tipo de probiótico, a dose e a duração do tratamento para cada situação de infecção ou inflamação intestinal. O maior problema atual para a utilização de probióticos é a falta de conhecimentos, tanto sobre o seu modo de ação, como sobre os mecanismos que regem as interações ecológicas nas superfícies onde eles devem atuar. Essa falta de domínio é provavelmente um dos fatores responsáveis pelos resultados conflitantes obtidos com o uso dos probióticos. A obtenção dessas informações deverá permitir o uso otimizado dos probióticos para obter-se um máximo de benefícios nas relações do hospedeiro humano com a sua microbiota associada.
Finalmente, deve-se relembrar que, além do trato gastrintestinal, o uso de probióticos poderá ser aplicado em outros importantes ecossistemas microbianos, como os do trato urogenital inferior, do trato respiratório superior, da superfície cutânea e da cavidade oral.
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