RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 28 e-1959 DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20180049

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Artigo Original

Estudo da associação entre talassemia alfa e doença falciforme em pacientes do hemocentro regional de Montes Claros

Study of the association between alpha thalassemia and falciform disease in patiensts of the hemocentro regional de Montes Claros

Bruno Porto Soares1, Caroline Nogueira Maia-e-Silva2, Leandro de Freitas Teles3, Daniel Gonçalves Chaves4, Rosimeire Afonso Mota3

1. Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte, Faculdade de Medicina - Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
2. Hemocentro Regional de Montes Claros, Fundaçao HEMOMINAS - Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
3. Hemocentro Regional de Montes Claros, Fundaçao HEMOMINAS - Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
4. Hemocentro Regional de Belo Horizonte, Fundaçao HEMOMINAS - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Endereço para correspondência

Bruno Porto Soares
E-mail: brunnops18@hotmail.com; brunnoportomed@yahoo.com.br

Recebido em: 01/12/2017
Aprovado em: 18/06/2018

Instituiçao: Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte, Faculdade de Medicina - Montes Claros - Minas Gerais - Brasil

Resumo

OBJETIVO: Avaliar a coexistência da talassemia alfa (a-Tal) e sua interferência no curso clínico dos pacientes com Doença Falciforme no Hemocentro Regional de Montes Claros-MG. Metodologia: Estudo transversal analítico, com amostra aleatorizada, na qual foram incluídos pacientes triados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais e encaminhadas ao Hemocentro Regional de Montes Claros, com perfil eletroforético compatível com anemia falciforme, nascidos no período entre 26/01/2000 e 13/05/2014. Os dados clínicos dos pacientes foram coletados nos prontuários médicos do Ambulatório do Hemocentro Regional de Montes Claros. A genotipagem de a-Tal foi realizada por PCR multiplex (alelos: -a3.7; -a4.2; --SEA; --FIL; --MED; -(a) 20.5 e --THAI) no Serviço de Pesquisa Serviço de Pesquisa da Fundação Hemominas. Os dados foram analisados em teste estatísticos qui-quadrado em Software SPSS versão 16.0. Resultados: Foram estudados 50 pacientes, sendo 25 (50%) do sexo masculino e 25 (50%) do sexo feminino. A idade dos pacientes variou de 9 meses a 15 anos de idade. A prevalência da a-Tal foi de 30%. Não houve associação estatística significativa entre a presença de a-Tal e infecção, internação, crises álgicas, sequestro esplênico, esplenectomia, transfusão sanguínea e Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, a frequência de crises álgicas, esplenectomia e AVC foi menor nos pacientes que apresentavam coexistência da a-Tal. Conclusões: A prevalência de a-Tal em indivíduos com anemia falciforme no nosso estudo foi 30%. Algumas manifestações graves da AF ocorreram de forma menos frequente nos pacientes com a interação da a-Tal/anemia falciforme.

Palavras-chave: Anemia falciforme. Talassemia alfa. Sinais. Sintomas.

 

INTRODUÇÃO

A Anemia Falciforme (AF), geneticamente determinada pela homozigose da hemoglobina S (Hb SS), é resultante de uma mutação de ponto no gene presente no cromossomo 11 causando a substituição de um resíduo do ácido glutâmico por um resíduo de valina na posição 6 da cadeia beta da globina 1. Os eritrócitos com a variante de hemoglobina S (Hb S) sofrem processo de falcização, fisiologicamente provocado pela baixa tensão de oxigênio, acidose e desidratação, que apresenta como principais consequências a anemia hemolítica crônica e a oclusão de pequenos vasos sanguíneos, que resultam em lesão tecidual isquêmica com crises de dor, infarto e necrose em diversos órgaos 2,3.

A AF tem um desenvolvimento clínico extremamente variável e se caracteriza principalmente por diferentes graus de intensidade da anemia hemolítica. Fatores ambientais e genéticos têm sido associados a diversidade fenotípica da doença 4. O nível de hemoglobina F (Hb F), o genótipo de talassemia alfa (a-Tal), o haplótipo do agrupamento de genes da globina beta, a deficiência da enzima Glicose-6-fosfatodesidrogenase, a esferocitose, as deficiências de enzimas anti-oxidantes (SOD, GPx e catalase), a idade, o gênero e fatores ambientais atuam como modificadores importantes do quadro clínico da doença 1,5,6.

A possibilidade da coexistência de a-Tal interferir no curso clínico da anemia falciforme vem sendo investigada pois há evidências de atenuação do quadro clínico do portador da interação em comparação com a anemia falciforme isoladamente 7,8. A a-Tal constitui um grupo de doenças hereditárias de distribuição mundial, causadas pela deficiência da síntese de cadeias alfa da hemoglobina 9. As formas de a-Tal são resultantes da deficiência de um, dois, três ou dos quatro genes alfa 10.

Relatos da literatura demostram que em pacientes portadores desta interação (Hb SS/ a-Tal), ocorre diminuição da anemia hemolítica, inibição da polimerização intracelular da hemoglobina S e diminuição da intensidade de hemólise 11. Apesar de algumas divergências, a maioria dos estudos evidenciam alterações laboratoriais: aumento do número de hemácias, dos níveis de hemoglobina total e hematócrito e a diminuição dos níveis de volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), reticulócitos e contagem de leucócitos 12,13.

A maioria dos estudos ressalta diminuição de eventos como acidente vascular cerebral (AVC) e ulcerações nas pernas, função esplênica mais preservada e, provavelmente, aumento na sobrevida. Por outro lado, haveria mais susceptibilidade a manifestações clínicas como crises de dor, osteonecrose e esplenomegalia 14.

Os benefícios advindos da presença de a-Tal, dos diversos haplótipos do cluster da globina beta, dos níveis de hemoglobina fetal no curso clínico, e sua influência nos parâmetros hematológicos e bioquímicos em pacientes com anemia falciforme, embora intensamente analisados, ainda são controversos 6,15.

 

OBJETIVO

Avaliar a coexistência da talassemia alfa e sua interferência no curso clínico dos pacientes com Doença Falciforme no Hemocentro Regional de Montes Claros, Minas Gerais.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal analítico, com amostra aleatorizada, no qual foram incluídos pacientes triados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais e encaminhadas ao Hemocentro Regional de Montes Claros, com perfil eletroforético compatível com anemia falciforme (SS), nascidos no período entre 26/01/2000 e 13/05/2014. Os dados clínicos dos pacientes foram coletados retrospectivamente nos prontuários médicos do Ambulatório do Hemocentro Regional de Montes Claros da Fundação Hemominas. A genotipagem de a-Tal foi realizada por PCR multiplex (alelos: -a3.7; -a4.2; --SEA; --FIL; --MED; -(a) 20.5 e --THAI) no Serviço de Pesquisa da Fundação Hemominas. Os dados foram analisados em teste estatísticos de qui-quadrado em Software SPSS versão 16.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hemominas com número de parecer 529.894/2014, sendo conduzido de acordo com a Declaração de Helsínquia revista em 2008.Todos os participantes deste estudo assinaram o Consentimento Informado.

 

RESULTADOS

Foram coletadas amostras de 50 pacientes, sendo 25 (50%) do sexo masculino e 25 (50%) do sexo feminino e não houve diferença estatística P= 0,123. A idade dos pacientes variou de 9 meses a 15 anos de idade. A prevalência da a-Tal (a-/ aa) na população de estudo foi de 30% (Tabela 1).

 

 

Os efeitos da a-Tal nos eventos clínicos da anemia falciforme estao apresentados na Tabela 2.

 

 

Não foi observada correlação estatisticamente significativa entre a presença de a-Tal e infecção, internação, crises álgicas, sequestro esplênico, esplenectomia, transfusão sanguínea e Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, a frequência de crises álgicas (80%), esplenectomia (0%) e AVC (6,7%) foi menor nos pacientes que apresentavam coexistência da a-Tal quando comparados aos pacientes com anemia falciforme isolada, cuja a frequência de crises álgicas, esplenectomia e AVC foi respectivamente:82,9%, 5,7% e 11,4%.

 

DISCUSSÃO

A prevalência de a-Tal em indivíduos com anemia falciforme no nosso estudo foi semelhante a encontrada em outros estudos. Este dado é corroborado pelo estudo de 221 crianças com perfil hemoglobínico FS, nascidas entre janeiro de 1999 e dezembro de 2006, realizado no Hemocentro de Belo Horizonte da Fundação HEMOMINAS, que evidenciou prevalência de a-Tal de quase 30% das crianças estudadas16. Lyra et al.,2005 com o objetivo de estudar aspectos hematológicos, clínicos e moleculares de crianças com anemia falciforme de duas cidades brasileiras evidenciaram a coexistência de a-Tal e anemia falciforme de 22,5% em São Paulo e 28,2% em Salvador17.

Os benefícios advindos da coexistência de a-Tal e sua influência nos parâmetros clínicos, hematológicos e bioquímicos em pacientes com anemia falciforme, embora intensamente analisados, ainda são controversos devido à variabilidade amostral e à inadequação metodológica em alguns estudos18. No nosso estudo, apesar de não termos encontrado significância estatística nos dados, observamos redução na ocorrência de eventos clínicos comuns nos pacientes com doença falciforme como acidente vascular cerebral, esplenectomia e crises álgicas. Por outro lado, não observamos efeito protetor para a ocorrência de infecções, internações, transfusões sanguínea e sequestro esplênico.

Estudos têm mostrado o efeito benéfico da a-Tal em manifestações clínicas vaso-oclusivas que estao associados com hematócrito mais baixo como o acidente vascular cerebral (AVC), úlcera de pernas e função esplênica19. Belisario, 2010 em seu estudo, evidenciou que a a-Tal foi fortemente associada à diminuição do risco de doença cérebro-vascular (doppler transcraniano alterado ou AVC clínico P=0,007) em pacientes com anemia falciforme16. Sebastiani et al. 2005; Sarnaik e Ballas 2001, apresentam esta coexistência como fator protetor para o AVC19,20.

A frequência de AVC (6,7%), infecção (80%), internação (53,3%), crises álgicas (80%) e transfusões sanguíneas (33,3%) em nossa população de estudo que coexistia a-Tal e anemia falciforme foram superiores aos achados do estudo de Adegoke et al. (2015) que analisaram 240 crianças da Nigéria com tal associação, o qual evidenciou incidência de AVC (2,9%), infecção (23%), internação (33,1%), crise álgica (66,3%) e necessidade de transfusão de concentrado de hemácias (25,8%)21.

No Rio de Janeiro, apesar de não ser possível demonstrar estatisticamente a influência da a-Tal no curso clínico de crianças com anemia falciforme; foi verificado que a ocorrência de episódios dolorosos, crises de sequestro esplênico, síndrome mão-pé, síndrome torácica e a ocorrência de infecção no grupo total foi menos frequente em crianças com coexistência da a-Tal22.

A presença de a-Tal não influenciou na ocorrência de AVC, dactilite, sequestro esplênico e síndrome torácica aguda, e também não alterou a necessidade de internação por infecção, crises álgica ou transfusões de concentrado de hemácias conforme estudo realizado em 62 crianças com diagnóstico de anemia falciforme e 94 crianças assintomáticas em idade escolar na cidade de Curitiba -Paraná, cujo objetivo foi verificar a prevalência de a-Tal em crianças assintomáticas e em pacientes com doença falciforme, bem como, verificar se os pacientes com doença falciforme com ou sem a-Tal apresentam manifestações clínicas semelhantes; foram avaliadas23.

Figueiredo et al. avaliaram os efeitos da a-Tal nas características clínicas de 85 pacientes com anemia falciforme provenientes do Hospital Universitário da UNICAMP e do Hospital Universitário da Escola Paulista de Medicina. Os indivíduos com a coexistência da a-Tal e anemia falciforme não apresentaram diferença significativa nos eventos clínicos avaliados: AVC, cálculos biliares, necrose asséptica e úlcera nas pernas24.

 

CONCLUSÃO

A prevalência da coexistência da talassemia alfa em pacientes com Doença Falciforme no Hemocentro Regional de Montes Claros foi 30%. A ocorrência de acidente vascular cerebral, esplenectomia e crises álgicas foi menos frequente nessa população quando comparadas a portadores de anemia falciforme isolada. Apesar da importância da a-Tal na modulação da anemia falciforme, sua simples presença ou ausência não permite prever, isoladamente, as características no curso clínico da doença falciforme. Outros fatores moduladores devem ser estudados para definir subfenótipos da doença e, assim, serem utilizados em conjunto como ferramenta clínica no acompanhamento dos pacientes, afim de melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos por essa doença.

 

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