ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
I Congresso de Clínica Cirúrgica de Juiz de Fora
Linfedema unilateral como complicação de obstrução de tronco venoso braquiocefálico.
Unilateral lymphedema as a complication of brachiocephalic vein obstruction.
Daniel Ferreira Lana e Silva1; Iasmin Damas de Azevedo1; Régis de Mendonça Piccoli1; Matheus Oliveira Castro1; Sérgio Castro Pontes2.
1 - Discente do curso de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
2 - Docente do curso de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
Autor correspondente: Daniel Ferreira Lana e Silva
e-mail: daniel22.04@gmail.com
Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Faculdade de Medicina - FAMED
Introdução: A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) consiste em um conjunto de sinais e sintomas como edema facial matutino, pletora facial, turgência venosa central, circulação colateral que podem ter origem numa compressão extrínseca, malignidade e mais raramente um trombo. Descrição do caso: O caso apresentado mostra a evolução de um trombo em tronco braquiocefálico venoso, seguido de linfedema em hemicorpo esquerdo com circulação colateral demonstrada pelo fluxo bidirecional em ultrassonografia (USG) com doppler de veia jugular interna, além de turgência jugular patológica bilateralmente e presença de fístula de diálise em membro superior esquerdo. Discussão: A SVCS tem como etiologia mais frequente malignidades oncológicas, porém causas benignas estão crescendo com o uso de dispositivos endovenosos. A paciente foge do padrão etiológico, apresentando causa benigna sem dispositivo implantado, apenas uma fístula em antebraço esquerdo distante do ponto de suboclusão. O caso também demonstra uma rara complicação, o linfedema unilateral devido a obstrução do ducto torácico, além da circulação colateral intracraniana, incluindo o sangue dialisado em antebraço esquerdo. O diagnóstico é clínico, tendo a USG com doppler um grande valor para investigação da causa para posterior tratamento. Este por sua vez consiste em medidas de suporte como elevação da cabeceira, oxigênio e medicamentos, além de terapêutica dirigida, que no caso consistiu na heparinização. Conclusões: O presente caso ilustra como a síndrome da veia cava superior pode se apresentar com comemorativos atípicos e ter uma etiologia rara diagnosticada com USG doppler, sem necessitar de transferência para centro de alta complexidade.
Palavras-chave: Síndrome da Veia Cava Superior. Linfedema. Trombose Venosa Profunda. Keywords: Superior Vena Cava Syndrome. Lymphedema. Deep Vein Thrombosis.
Referências:
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O uso da pele de Oreochromis niloticus no tratamento de queimados de segundo grau
Vanessa Celles Moreira1, Larissa Azevedo Rodrigues1, Wanessa Rodrigues de Souza1, Pedro Henrique Souza Rezende1, Bruno Zica Cunha2
1. Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil
2. Médico formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil
Autor correspondente: Vanessa Celles Moreira
E-mail: vanessacelles@gmail.com
Introdução: A queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos, causada por trauma térmico, variando desde uma pequena bolha até formas graves. Estudos recentes apontam a utilização da pele da Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) como biomaterial na medicina regenerativa, apresentando boa aderência ao leito das feridas em ratos e resultados satisfatórios em testes comparativos com pele humana, nas análises histológicas, histoquímica e tração tecidual. Com a possibilidade da mesma vir a ser utilizada como curativo biológico em queimaduras. Objetivos: Analisar a eficácia do uso da pele de Tilápia do Nilo como curativo oclusivo temporário no manejo dos pacientes com queimaduras de segundo grau superficial e profundo. Metodologia de busca: Utilizou-se o LILACS, o portal PubMed, SciELO e um buscador acadêmico. As palavras chaves usadas: tilápia, queimados, pele e suas correspondências em inglês. Discussão: Estudos recentes demonstram que curativos biológicos possuem eficácia superior, menor tempo de fechamento de feridas, maior taxa de reepitelização e redução de dor. Com xenoenxerto de tilápia não há necessidade da troca do curativo, diminuindo a dor. Ademais, as características microscópicas da pele da tilápia são semelhantes à estrutura morfológica da pele humana. Sendo também o Brasil um grande produtor de tilápia, sendo uma solução dessa superprodução. Conclusão: O tratamento com a pele da tilápia em feridas oriundas de queimaduras tem se mostrado muito eficaz sobretudo na redução de dor, menor tempo de fechamento de feridas, maior taxa de reepitelização além de ser uma nova tecnologia de saúde viável e de baixo custo.
Palavras-chave: Queimadura. Tratamento. Curativos. Curativos de Xenoenxertos. Tilápia. Pele.
Referências:
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Injúria renal aguda secundária à cirurgia de revascularização cardíaca com circulação extra corpórea
Acute kidney injury secondary to heart revascularization surgery with extra corporate circulation
Aline Diana do Amaral1, Laura Leite de Oliveira1, Luísa Silva Ribeiro1, Felipe Flores Pires2,Tuélita Marques Galdino3
1. Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Presidente Antônio Carlos de Juiz de Fora - UNIPAC.
2. Médico Residente de Clínica Médica no Hospital São João Batista (HSJB) e Hospital Público Municipal (HPM) - Macaé RJ.
3. Docente do curso de Odontologia na Universidade Federal de Juiz de Fora - campus Governador Valadares (UFJF-GV).
Autor correspondente: Aline Diana do Amaral
E-mail: med.alineamaral@gmail.com
Introdução: A cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) é a mais frequente (77%) no Sistema Único de Saúde (SUS).1 Em 95% dos casos necessita-se de Circulação ExtraCorpórea (CEC), o que aumenta risco e gravidade à Lesão Renal Aguda (LRA) por aumentar a concentração plasmática de citocinas inflamatórias e acidose (82%).2 O tempo de cirurgia é diretamente proporcional LRA, e quando acima de 2 horas a incidência chega a 65,3%.2 Objetivos: Pela sua frequência e gravidade objetivou-se detectar através de uma revisão de literatura, estratégias para prevenir o impacto da LRA na CRM com CEC. A busca foi realizada na base de dados Pubmed, Scielo e Web of Science com os descritores "renal dysfunction" e "cardiopulmonary bypass" (CBP) entre 2006 e 2019. Os resumos foram avaliados, lidos por completo e definidos critérios de inclusão. Discussão: A injúria ocorre por hipoperfusão, estresse oxidativo, nefrotoxinas, microembolia e isquemia tubular.3 Não há métodos validados para melhorar a oxigenação renal durante a CEC e, portanto, possivelmente diminuir o risco de LRA.4 Todos pacientes submetidos a CEC apresentaram marcadores de lesão renal, mesmo transitoriamente.3 Conclusão: Conclui-se que atualmente não há protocolo terapêutico eficaz para prevenção da LRA em pacientes submetidos a CRM com ou sem CEC. Dentre os biomarcadores renais para diagnóstico da LRA o NGAL, KIM 1, IL-18, NAG e GST e cistatina C ofereceram vantagens teóricas sobre a Creatinina - usada atualmente. O agente promissor na redução da LRA é o Levosimendan (Bloqueador Canais de Cálcio) por aumentar a contratilidade dos cardiomiócitos e consequentemente a demanda de oxigênio.
Palavras-chave: Insuficiência do Rim. Circulação Extracorpórea (CEC). Cirurgia Torácica.
Referências:
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Dreno pleural como causa de manutenção de fístula esofageana
Pleural drainage as a cause of esophageal fistula maintenance
Maria Aíssa Barbosa Carneiro1, Érica Medeiros Gomes1, Marcus da Matta Abreu2, Vagner Campos Silva2, Juliana Dias Nascimento Ferreira2.
1. Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora
2. Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora
Autor correspondente: Maria Aíssa Barbosa Carneiro
E-mail: mariaabcarneiro@gmail.com
Introdução: Divertículos esofageanos são patologias relativamente frequentes, tendo sua correção cirúrgica feita geralmente através de toracotomia. Essa condição e manejo podem estar associados ao aparecimento de fístulas esofagopleurais, que possuem altas taxas de morbidade. Relata-se o caso de uma paciente submetida a diverticulectomia com evolução fora da usual, resultante de aparecimento de trajeto fistuloso esofagopleural mantido por interposição de dreno torácico. Descrição do caso: Mulher, 62 anos, após identificação de divertículo esofágico, foi submetida à diverticulectomia. Evoluindo em pós operatório com débito de dreno torácico apresentando solução viscosa semelhante à saliva. Na endoscopia digestiva alta, identificou-se interposição do dreno entre o esôfago e pleura. Após tentativas de correção, falhas, adotou-se conduta expectante. Concluído o período de acompanhamento, constatou-se fechamento da fístula esofagopleural. Discussão: Fistulas esôfagopleurais(FEP) são condições raras, sendo mais prevalente o aparecimento de FEP espontânea. Esse caso relata uma incomum causa dessa condição. A literatura aponta métodos diagnósticos de eleição, como TC de tórax e esofagografia contrastada. O manejo desta condição pode ser cirúrgico ou conservador, e trabalhos apontam para uma maior resolutividade na abordagem cirúrgica. Neste caso, a infecção do sítio cirúrgico impossibilitou essa conduta, adotando-se tratamento expectante, que se mostrou eficaz após constatação do fechamento da fístula. Conclusão: O tratamento cirúrgico de divertículos esofageanos apresenta bom prognóstico. Porém, a precoce fistulização em sítio cirúrgico da diverticulectomia relatada, com posterior interposição do dreno torácico, representa uma complicação com alto impacto na morbidade. Esse impacto nos adverte sobre a necessidade de atenção e cuidados em pós operatórios de diverticulectomias.
Palavras-chave: fístula esofageana, cirurgia, toracotomia, divertículo esofageano.
Keyowrds: esophagopleural fistula, surgery, thoracotomy, diverticulum, esophageal.
Referências:
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Cardiomiotomia e Fundoplicatura a Heller Pinotti laparoscópica em acalasia: um relato de caso
Cardiomyotomy and Laparoscopic Heller Pinotti Fundoplication in Achalasia: A Case Report
Ana Luíza de Castro Carvalho1, Ana Luísa Scafura da Fonseca1, Bianca de Fátima Pereira1, Érika de Lima Souza1, Giovanna Rissato de Souza1, Mateus Pinto Botelho1, Estevão Moreira David2, Frederico Cantarino Cordeiro de Araujo3
1. Faculdade de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG- Brasil.
2. Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Médico. Residente de Cirurgia Geral. Serviço de Cirurgia Geral. Juiz de Fora, MG- Brasil.
3. Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Cirurgião Geral e do Aparelho Digestivo. Serviço de Cirurgia Geral. Juiz de Fora, MG- Brasil.
Instituição: Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Cirurgia Geral. MG- Brasil.
*Autor correspondente: Ana Luíza de Castro Carvalho
E-mail: analuizac1255@gmail.com
Introdução: Acalasia é um distúrbio de motilidade esofagiana por perda dos neurônios mioentéricos que coordenam o relaxamento do esfíncter inferior e o peristaltismo esofágico. Na forma chagásica, ocorre degeneração neuronal devido à infecção por Trypanosoma cruzi.1 Geralmente, essa doença se apresenta com disfagia, regurgitação, pirose, dor torácica e perda ponderal.2 A técnica cirúrgica de Heller-Pinotti é o tratamento mais utilizado, seguro e efetivo.3 Descrição do caso: VFDS, 39 anos, feminino. Encaminhada ao ambulatório de Cirurgia do Aparelho Digestivo, relatando disfagia progressiva há 4 anos, inicialmente para sólidos evoluindo para líquidos. Apresentava ainda regurgitação, perda de 50 kg em 4 anos e constipação intestinal. Diagnóstico de doença de Chagas desde 2015. Nega demais comorbidades. Realizou endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciando megaesôfago moderado. EDA posterior mostrou acalasia da cárdia grau II. Manometria não realizada devido à cárdia-esfíncter hipertônico. Bradicardia sinusal em eletrocardiograma. Solicitada guia para cirurgia eletiva e sorologia para Doença de Chagas. Discussão: Paciente submetida a Cardiomiotomia e Fundoplicatura a Heller Pinotti laparoscópica no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, sem intercorrências. A técnica consiste em cardiomiotomia anterior extensa associada à esofagogastrofundoplicatura posterolateroanterior esquerda, sendo o procedimento de escolha para acalasia, com bons resultados e baixa morbimortalidade.? No primeiro dia de pós operatório tolerou ingestão de líquidos. Alta tolerando dieta pastosa e progressão para dieta livre após 4 semanas. Conclusão: Essa técnica, embora paliativa, pois não atua no fator etiológico da doença, proporciona alívio sintomático e melhor qualidade de vida. Além disso, evita procedimentos mais agressivos, como esofagectomia.
Palavras-chave: Acalasia, doença de Chagas, disfagia, cardiomiotomia, laparoscopia.
Referências:
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Cisto de colédoco em adulto assintomático: relato de caso
Choledochal cyst in asymptomatic adult: case report
Daniel Tagliate Vidigal de Almeida1, Beatriz Braga Silva1, Clara de Oliveira Menon1, Ana Isabel Ladeira1, Luis Pordeus Shafee1, Fernando Mendonça Vidigal2
1. Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF, Faculdade de Medicina. Juiz de Fora, MG-Brasil.
2. Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Serviço de Cirurgia Geral. Juiz de Fora, MG- Brasil.
Autor correspondente: Daniel Tagliate Vidigal de Almeida
E-mail: dvidigal@outlook.com.br
Introdução: Cisto de Colédoco (CC) é uma afecção rara caracterizada por dilatações combinadas ou isoladas da via biliar intra ou extra-hepática1. Possui incidência de cerca de 1:100.000 no ocidente, com predominância de 4:1 em mulheres1,2. Diagnosticados na infância em 80% dos casos3,4, suas manifestações variam com a idade6, sendo icterícia e perfuração biliar mais comuns na criança e complicações inflamatórias mais predominantes no adulto4. Descreição do caso: Feminina, 73 anos, hipertensa, assintomática realiza ultrassom de abdômen total solicitado pela ginecologia, evidenciando colelitíase e dilatação de vias biliares extra-hepáticas. Encaminhada para cirurgia geral, realizou Colangioressonância Magnética com contraste observando-se CC tipo Ia de Todani5. Tratada com ressecção do ducto hepático comum e do colédoco até borda superior do pâncreas, com Hepatojejunostomia em Y de Roux. Evolução favorável no pós-operatório, porém apresentou picos hipertensivos repetidos, tratados devidamente. No sétimo dia, iniciou acompanhamento ambulatorial. Discussão: Atualmente, 10-36 % de CC são diagnosticados em assintomáticos6. Como fisiopatologia, postula-se que uma anormalidade anatômica na junção entre colédoco e ducto pancreático provoque refluxo de suco pancreático pela via biliar, promovendo inflamação crônica do epitélio2 e favorecendo a ocorrência de colangiocarcinoma e de câncer de vesícula biliar, observados em 7,5% dos pacientes com CC, com relação direta à idade avançada7, o que justifica abordagem cirúrgica. Nos tipos I e IVa de CC (mais comuns), a conduta é excisão dos ductos biliares extra-hepáticos com reconstrução por Hepatoenterostomia8, sendo a abordagem laparoscópica controversa8. Conclusão: Conclui-se que o caso relatado merece destaque, dada sua baixa prevalência e apresentação atípica.
Palavras-chave: Cisto de Colédoco; Ductos Biliares; Colangiografia; Câncer; Complicações; Cirurgia.
Keywords: Choledochal Cyst; Biliary Cyst; Cholangiography; Cancer; Complications; Surgery.
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Minitoracotomia com enxerto de dacron em coarctação da aorta: um relato de caso em adulto jovem
Laryssa de Sá Bragança Gonçalves1, Ana Luísa Scafura da Fonseca1, Ana Luíza de Castro Carvalho1, Bárbara Bizzo Castelo1, Jonas Munck de Oliveira1, Frederico Moreira Cardoso Ayres2, Antonio Augusto Miana3
1. Acadêmicos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil;
2. Residente de Cirurgia Cardiovascular pelo Hospital Maternidade Therezinha de Jesus - R4 - Serviço de Cirurgia Cardiovascular, Juiz de Fora, Brasil;
3. Médico do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cirurgião Cardiovascular, Serviço de Cirurgia Cardiovascular. Juiz de Fora, Brasil.
Instituição: Hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora/ SCMJF, Serviço de Cirurgia Cardiovascular. Juiz de Fora, MG - Brasil.
Autora correspondente: Laryssa de Sá Bragança Gonçalves.
E-mail: laryssa.braganca@medicina.ufjf.br
Seção: Relato de caso
Introdução: A coarctação da aorta (CoAo) é um estreitamento excêntrico congênito da aorta torácica, geralmente abaixo da artéria subclávia esquerda, de alta prevalência no sexo masculino.1 É uma malformação do sistema cardiovascular, por coarctação ístmica ou hipoplasia tubular.2 Os pacientes geralmente apresentam hipertensão arterial em membros superiores e redução de pulsos em membros inferiores. O tratamento proposto é cirúrgico.1 Descrição do caso: DMO, 25 anos, assintomático, diagnosticado com hipertensão arterial sistêmica aos 19 anos. Ecocardiograma transesofágico evidenciou CoAo descendente. Realizou angiotomografia, identificando redução do calibre da aorta na transição entre os segmentos horizontal e descendente proximal, distando 3,1cm da emergência da subclávia esquerda. Admitido para tratamento cirúrgico com proposta de ressecção da área de estenose com interposição de enxerto de Dacron. Discussão: Cirurgia realizada via minitoracotomia esquerda, ao nível do 5° espaço intercostal, com preservação de musculatura. Dissecção da pleura parietal medial, aorta torácica descendente, área da coarctação, arco aórtico, subclávia esquerda. Realizado controle proximal e distal à coarctação, heparinização e clampeamento aórtico. Ressecada área de estenose e realizada anastomose com enxerto de Dacron n°18. Desclampeamento aórtico, reversão da heparina com protamina 1:1 e drenagem de hemitórax em selo d'agua. Paciente evoluiu satisfatoriamente, alta no 10° dia de pós-operatório. A técnica mostra-se segura e útil em pacientes com lesões cardíacas associadas ou com recoarctação.3 Consequências a longo prazo de intervenções realizadas em CoAo são descritas, como hipertrofia ventricular esquerda, hipertensão arterial sistémica e doença vascular.2 Conclusão: A correção cirúrgica na CoAo mostrou-se eficaz. No entanto, o paciente deve ser acompanhado.
Palavras-chave: Coartação Aórtica. Cardiopatias Congênitas. Procedimentos Cirúrgicos Cardiovasculares. Aorta Torácica. Hipertensão.
Referências:
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3. Jatene MB1, Abuchaim DC, Oliveira Jde L Jr, Riso A, Tanamati C, Miura N, et al. Resultados do tratamento cirúrgico da coarctação de aorta em adultos. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(3):346-53
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6. Ennis GCS. Tratamento da coarctação da aorta: Revisão da literatura dos últimos cinco anos [dissertação]. Porto: Universidade do Porto; 2014.
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11. Forbes TJ, Kim DW, Du W, Turner DR, Holzer R, Amin Z, et al. Comparison of surgical, stent, and balloon angioplasty treatment of native coarctation of the aorta: an observational study by the CCISC (Congenital Cardiovascular Interventional Study Consortium). J Am Coll Cardiol. 2011;13;58(25):2664-74
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13. Nakamura E, Nakamura K, Furukawa K, Ishii H, Kawagoe K. Selection of a Surgical Treatment Approach for Aortic Coarctation in Adolescents and Adults. Ann Thorac Cardiovasc Surg. 2018;20;24(2):97-102
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15. Levy Praschker BG, Mordant P, Barreda E, Gandjbakhch I, Pavie A. Long-term results of ascending aortaabdominal aorta extra-anatomic bypass for recoarctation in adults with 27-year follow-up. Eur J Cardiothorac Surg. 2008;34(4):805-9
Emprego de sutura elástica na síntese de grandes ressecções tumorais em membros inferiores
Use of elastic suture in the synthesis of large tumor resections in the lower limbs.
Emmanuel de Lima Carvalho1, Tayná Magalhães de Almeida1, Lorena Pinholi de Moraes1, Nathália Villarins Pedrosa2, Paula Valente da Silva2, Lucas de Mattos Lopes2, Marília de Pádua Dornelas Corrêa3.
1. Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
2. Residente do Serviço de Cirurgia Plástica do HU/ UFJF.
3. Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HU/ UFJF.
Correspondência: Emmanuel de Lima Carvalho. Rua Antônio Altaf, 145/402 - Bairro Cascatinha - Juiz de Fora-MG. CEP: 36.033-330.
E-mail: emmanucarvalho@gmail.com.
Seção: Relato de Caso
Introdução: O melanoma cutâneo é uma neoplasia maligna cujas ressecções amplas conforme níveis de Breslow são ainda desafiadoras para síntese primária. Raskin descreveu, em 1993, método de sutura com utilização de elásticos estéreis, evitando tensão na ferida ou necessidade de enxertos para cobertura. Nesse sentido, é objetivo do presente trabalho descrever a experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do HU/UFJF na condução de grandes feridas secundárias à resseção de melanoma cutâneo em MMII, tendo como opção as suturas elásticas. Descrição dos Casos: Foram incluídos 3 pacientes portadores de feridas extensas em região plantar secundárias à ressecção de melanoma cutâneo, sem possibilidade de síntese primária. A terapêutica cirúrgica implementada foi conduzida em dois tempos. O primeiro, imediato à ressecção tumoral, consistiu no descolamento do retalho e aproximação das bordas com tiras circulares de elástico de borracha. Incluindo um elástico em um dos ápices da ferida com seda 2-0, a borracha foi tracionada, cruzada em "X" e fixada nas bordas com pontos simples até ápice oposto, com tração cuidadosa, evitando tensão excessiva ou necrose. No segundo tempo, após 7 a 15 dias, foram retiradas as tiras elásticas e reavivadas as bordas da ferida, com posterior fechamento por planos. Discussão: Conforme princípio biomecânico da tensão tecidual, o aumento da atividade metabólica induz vasculogênese e proliferação de fibras colágenas, com estiramento da pele além dos limites normais de expansibilidade, permitindo a aplicabilidade do método. Conclusão: Conclui-se apontando a eficácia, custo-benefício e facilidade de execução da técnica, e expondo a possibilidade de bons resultados no tratamento de grandes lesões.
Palavras-chave: Ferimentos e lesões. Melanoma. Suturas. Técnicas de sutura. Técnicas de fechamento de ferimentos.
Keywords: Wounds and injuries. Melanoma. Sutures. Suture techniques. Wound closure techniques.
Referências:
1. Garbe C, Peris K, Hauschild A, Saiag P, Middleton M, Bastholt L, et al. Diagnosis and Treatment of melanoma. European consensus-based interdisciplinary guideline - Update 2016. European Journal of Cancer. 2016; 63(1):201-17.
2. Petroianu A. Síntese de grandes feridas da parede corpórea com tira elástica de borracha. Acta Médica Portuguesa. 2011; 24:427-30.
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Fístula traqueogástrica pós-esofagectomia - relato de casos
Tracheogastric fistula post-esofagectomy - case reports
Daniel Ferreira Lana e Silva1; Mariana Dias Carvalho1; Juliana Dias Nascimento Ferreira2; Alexandre Ferreira Oliveira2; Frederico Augustus Martins de Resende3; Marcus da Matta Abreu2.
1 - Discente do curso de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.
2 - Médico do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora - HU/UFJF 3 - Médico do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus - HMTJ
Instituição: Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora - HU/UFJF
Autor correspondente: Daniel Ferreira Lana e Silva
E-mail: daniel22.04@gmail.com
Introdução: O câncer de esôfago é uma rara neoplasia com alta letalidade. A sobrevida em cinco anos é de apenas 12%1. O tratamento de escolha é a esofagectomia, procedimento com elevada taxa de complicações(61%)2. Descrição dos casos: O paciente 01 apresentou adenocarcinoma de esôfago, sendo submetido à esofagectomia com anastomose do tubo gástrico. Evoluiu com pneumonias de repetição e presença de fístula traqueogástrica, sendo abordado eletivamente com cirurgia de interposição do cólon ascendente. A paciente 02 foi diagnosticada com adenocarcinoma esofágico sendo submetida à esofagectomia e anastomose. Evoluiu com pneumonia aspirativa grave, fístula e necessidade de suporte intensivo, sendo submetida à esofagostomia cervical e traqueostomia de urgência. Após 6 meses de evolução foi reoperada e o trânsito normal reconstruído. Discussão: A fístula traqueogástrica é uma condição rara e potencialmente letal. Tratamentos conservadores podem ser empregados em fístulas menores, e existem relatos de sucesso com procedimentos endoscópicos3. A cirurgia continua sendo a terapia de escolha, especialmente nos casos de insuficiência respiratória aguda, que necessitam da abordagem de emergência. Nas lesões extensas ou infectadas, a cirurgia apresenta grande índice de falha4. No caso de ventilação mecânica, a literatura endossa a abordagem conservadora5,6, após o desmame é possível abordar cirurgicamente7,8. No paciente 01 optou-se pela abordagem conservadora, operando eletivamente na sequência. No paciente 02, a gravidade do caso fez necessária a abordagem emergencial. Após suporte nutricional e cicatrização da fístula foi possível fechar as ostomias. Conclusões: Diante dos casos, conclui-se que a fístula traqueogástrica exige abordagem individualizada e multiprofissional, levando a terapêuticas singulares.
Palavras-chave: Neoplasia Esofágica. Esofagectomia. Fístula do Trato Respiratório. Pneumonia Aspirativa.
Keywords: Esophageal Cancer. Esophagectomy. Respiratory Tract Fístula. Aspiration Pneumonia.
Referências:
1. Queiroga RC, Pernambuco AP. Câncer de esôfago: epidemiologia, diagnóstico e tratamento. Revista Brasileira de Cancerologia, 2006; 52(2): 173-178. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_52/v02/pdf/revisão3.pdf
2. Aquino JLB, Said MM, Pereira DAR, Cecchino GN, Leandro-Merhi VA. Avaliação das complicações da esofagectomia de resgate na terapêutica cirúrgica do câncer de esôfago avançado. ABCD, arq. bras. cir. dig. 2013 Sept: 26(3):173-178.
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6. Trachiotis GD, Hix WR. Repair of tracheogastric fistula after cervical exenteration. The Annals of Thoracic Surgery. 1996 Feb:61(2):719-721. doi:10.1016/0003-4975(95)00784-9
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Carcinoma Neuroendócrino de Pequenas Células de Fossa Nasal: Relato de Caso
Small Cells Neuroendocrine Carcinoma of the Nasal Fossae: Case Report
Arthur de Pinho Amorim1, Ana Luísa Scafura da Fonseca1, Bárbara Bizzo Castelo1, Iago de Paiva D´Amorim1, Lorena Resende Oliveira1, Luísa Vianna Cançado1, Milton Prudente2
1 - Universidade Federal de Juiz de Fora
2 - Neoclínica Juiz de Fora
Autor correspondente: Arthur de Pinho Amorim
E-mail: arthurpinho@gmail.com
Introdução: Os tumores neuroendócrinos compreendem uma família de neoplasias de origem neuroectodérmica1 ou de células pluripotentes, caracterizadas pela presença de grânulos neurossecretores. Normalmente essa doença acomete o trato gastrointestinal, pulmão ou mediastino. Raramente acomete as fossas paranasais e frontal, havendo poucos casos na literatura. Descrição: Paciente MGO masculino, 36 anos, comparece à consulta de otorrinolaringologia queixando-se de coriza, congestão nasal e sem sangramentos, sendo solicitadas tomografia e ressonância. Ao laudo foi evidenciada imagem de aspecto expansivo, envolvendo o meato comum, cavidades nasais, com extensão ao meato superior direito e também a região da lâmina cribiforme ipsilateral, sem plano de clivagem com células etmoidais, realçando ao contraste. À biópsia, diagnosticou-se Carcinoma Neuroendócrino de Pequenas Células - CIDC30. Paciente foi submetido à microcirurgia no Instituto Nacional de Câncer, com ressecção da lesão dos seios paranasais, frontal bilateral e com reconstrução do osso frontal e nasal. Após a cirurgia, constatou-se o estadiamento IV3 e manteve-se tratamento adjuvante com quimioterapia em 4 ciclos repetidos a cada 21 dias, e radioterapia 30 sessões. Discussão: Na clínica cotidiana, espera-se uma alteração no exame de urina 24 horas do ácido 5-hidróxi-indolacético, um marcador da síndrome carcinóide2. Entretanto, não houve alteração desse marcador, confirmando a complexidade do evento. Nesse contexto, evidencia-se a importância de avaliar os possíveis diagnósticos diferenciais mesmo à luz de uma sintomatologia corriqueira. Conclusão: O carcinoma neuroendócrino de células pequenas é extremamente raro e possui comportamento clínico agressivo e prognóstico ruim. Para o tratamento dessa doença é necessária abordagem multidisciplinar combinando cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Palavras-chave: Neoplasias, Carcinoma Neuroendócrino, Carcinoma de Células Pequenas, Seios Paranasais.
Keywords: Neoplasms, Neuroendocrine Carcinoma, Small Cells Carcinoma, Paranasal Sinuses.
Referências:
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2. Neves MC, Tavares RA, Angelico Junior FV, Voegels RL, Butugan O. Carcinoma de pequenas células primário de seios paranasais: relato de caso. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2004 ; 70( 4): 561-564.
3. Galanis E, Frytak S, Lloyd R. Extrpulmonary small cell carcinoma. Cancer 1997; 79(9):1729-36.
4. Kameya T, Shimosato Y, Adachi I, Abe K, Ebihara S, Ono I. Neuroendocrine carcinoma of the paranasal sinus. Cancer 1980; 45:330-9.
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Apresentação atípica de adenocarcinoma pancreático em paciente jovem: relato de caso
Atypical presentation of pancreatic adenocarcinoma in a young patient: case report
Luiz Gustavo Chaves Gomes1, Caio Henrique Bosquetto1, Filipe Raimundi Sampaio de Oliveira1, Iasmin Dantas Sakr Khouri1, Lucas Alves de Almeida1, Luciano Ribeiro Pereira Silva1, Fernando Mendonça Vidigal2
1. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Medicina. Juiz de Fora, MG - Brasil.
2. Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cirurgia do Aparelho Digestivo. Juiz de Fora, MG - Brasil
Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Medicina - Juiz de Fora, MG - Brasil.
Autor correspondente: Luiz Gustavo Chaves Gomes
E-mail: luizgustavocg12@hotmail.com
Introdução: O adenocarcinoma pancreático é condição letal de incidência crescente, com sintomas inespecíficos e fatores de risco bem definidos, como idade acima de 60 anos, sexo masculino, etnia afro-americana, história familiar, diabetes, tabagismo e obesidade. Descrição do caso: MLS, feminino, 37 anos, comparece ao ambulatório de cirurgia com forte dor em hipocôndrio direito e epigastro há 30 dias, irradiação lombar e náuseas. Hábitos excretores preservados, sem história familiar de câncer. Nega tabagismo. Apresentava fáscies de dor, hipocorada, anictérica, com dor à palpação de epigastro, sem demais alterações. Laboratório: GGT-661, FA-285, TGO-60, TGP-90. Bilirrubina, lipase e amilase normais. Ultrassonografia de abdome evidenciou massa tumoral heterogênea predominantemente hipoecogênica em cabeça de pâncreas, medindo 5,9x5,6x5,3 cm, com contornos irregulares e imprecisos, sem dilatação do ducto pancreático principal. Tomografia confirmou achado e evidenciou envolvimento do tronco da veia porta, contato com artéria hepática comum e veia cava inferior, e nódulo hepático sugestivo de implante secundário. Biópsia hepática confirmou o diagnóstico de adenocarcinoma de pâncreas, estádio T4NxM1, irressecável. Optou-se pela transferência da paciente para centro oncológico para tratamento quimioterápico. Discussão: A terapêutica para tumores pancreáticos é especialmente desafiadora quando se apresentam em pacientes fora dos principais grupos de risco. O contraste epidemiológico do caso alerta para uma crescente incidência de tumores antes restritos a idades avançadas, fazendo crer que fatores de risco não descritos se mostram relevantes em indivíduos geneticamente predispostos. Conclusões: A particularidade deste caso evidencia a necessidade de discussão científica que elabore condutas precoces, frente ao despreparo para casos atípicos.
Palavras-chave: Neoplasias Pancreáticas. Fatores de Risco. Procedimentos Cirúrgicos do Sistema Digestório.
Keywords: Pancreatic neoplasms. Risk factors. Surgical procedures of digestive system.
Referências:
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Tumores cutâneos recorrentes induzidos por imunossupressão: relato de caso
Recurrent cutaneous tumors induced by immunosupression: a case report
Gabriela Ferreira da Silva1, Yara Mendes Silva1, Mirjhenyfer Lúcia Martins1, Pedro Henrique Chaves de Souza Aguiar1, João Marcos Faier Assunção1, Maria Aíssa Barbosa Carneiro1, Fabrício Carvalho Torres2.
1. Acadêmico(a) Faculdade de Medicina. Universidade Federal de Juiz de Fora.
2. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutor em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela Faculdade de Medicina da USP.
Autor correspondente: Gabriela Ferreira da Silva
E-mail: gabrielafsmed@gmail.com
Introdução: Pacientes tratados com terapia imunossupressora apresentam deficiência na resposta imune, favorecendo o aparecimento de lesões cutâneas pré-neoplásicas e neoplásicas1. Descrição do caso: TSMM, mulher, 64, branca, há 21 anos submetida a transplante renal por Insuficiência Renal Crônica. A imunossupressão inicial foi Prednisona, Ciclosporina e Azatioprina. Em 2016, procurou serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário relatando lesões sugestivas de carcinomas cutâneos. Em julho realizou-se 4 ressecções em antebraço, dorso do pé, região cervical e mão. Os resultados histopatológicos descreveram, respectivamente, carcinoma epidermóide (CEC) moderadamente diferenciado e em situ, neoplasia maligna indiferenciada e hiperplasia epitelial. Em fevereiro de 2017 paciente retorna, submetida à exerese de 4 lesões, entre CEC e carcinoma basocelular (CBC). Em março, mais 2 lesões ressecadas, caracterizadas como Doença de Bowen. Em 2018 mais 5 ressecções e, em 2019, mais 3. Devido ao surgimento de múltiplos tumores e crescimento acelerado, foi proposta alteração da imunossupressão para Prednisona, Ciclosporina, Sirulimos, tentando, assim, reduzir a recorrência dos carcinomas. As cirurgias foram realizadas com anestesia local, ressecção em plano total, descolamento tecidual e pontos subdérmicos com fio monocryl 4-0, diminuindo tensão nas bordas, sutura simples ou ponto intradérmico com mononylon 4-0 na pele. Discussão: A ressecção precoce das lesões pode impedir a invasão de tecidos adjacentes e necessidade de cirurgias complexas com utilização de técnicas de enxertos, que podem causar sequelas significativas. Conclusão: A interação entre serviços de Cirurgia Plástica e Nefrologia é fundamental na tentativa de atenuar o surgimento e agravamento dos carcinomas cutâneos em pacientes imunossuprimidos, diminuindo morbimortalidade.
Palavras-chave: Imunossupressão. Transplante Renal. Carcinoma Espinocelular. Carcinoma Basocelular.
Keywords: Immune tolerance. Kidney transplantation. Carcinoma. Squamous cell. Carcinoma. Basal cell.
Referências:
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Abordagem cirúrgica de neoplasia maligna em assoalho da boca em paciente do sexo feminino: relato de caso
Surgical approach to oral cancer affecting the floor of the mouth in a female patient - a case report
Jade Chartone Eustáquio1, Aline Laís de Souza Silva1, Paulla Machado D'Athayde1, Ana Cristina Alves Bernabé1, Luis Eduardo Vasconcelos Silva2, Rachel Zarnowski2, Bruno Cangussu Dantas3
1. Acadêmicas do curso de Medicina da Universidade Federal de São João del Rei, São João del Rei, MG - Brasil
2. Residentes em Cirurgia Geral pela Fundação José Bonifácio Lafayette de Andrada, Barbacena, MG - Brasil
3. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Ibiapaba Cebams, Barbacena, MG - Brasil
Autor correspondente: Jade Chartone Eustáquio
E-mail: jadechartone@gmail.com
Introdução: O câncer de boca é o sexto mais comum no mundo e o Brasil é o terceiro país com maior índice desta neoplasia. Tabagismo e etilismo são os principais fatores de risco e homens acima dos 40 anos são os mais acometidos. Descrição do caso: Paciente feminina 36 anos, tabagista 20 ano/maço, relata "aftas" de repetição em cavidade oral de início há 1,5 anos, associadas a odinofagia e odontalgia progressivas, há 6 meses. Foi abordada com diferentes esquemas de antibioticoterapia, sem sucesso, tendo sido encaminhada à otorrinolaringologia após 10 meses da queixa inicial. Realizou tomografia de face e pescoço e ressonância nuclear magnética, ambas denotando processo inflamatório e obstrutivo em glândulas submandibulares e parótidas. Mediante achados inconclusivos, foi encaminhada para Cirurgia de Cabeça e Pescoço, realizando biopsia de assoalho bucal. Anatomopatológico demonstrou carcinoma de células escamosas pouco diferenciado, erosado in situ e invasor. Foi indicada pelviglossomandibulectomia de ângulo a ângulo da mandíbula, com ressecção de glândulas submandibulares bilaterais e esvaziamento de linfonodos cervicais em nível 2, associada a traqueostomia. Paciente encaminhada para tratamento adjuvante. Discussão: Este caso corrobora com achados recentes da literatura que evidenciam aumento da incidência abaixo dos 40 anos e diferenças cada vez menos significativas entre os sexos. Apesar de incidência crescente, o diagnóstico ainda é tardio, sendo cerca de 60% já em estágios III/IV, quando a ressecção cirúrgica isolada não é mais curativa. Conclusão: O diagnóstico precoce da neoplasia oral é essencial pois determina não só maior efetividade da abordagem cirúrgica, como também maiores possibilidades terapêuticas e prognósticas.
Palavras-chave: Neoplasias de Cabeça e Pescoço. Neoplasias de Cabeça e Pescoço/cirurgia. Epidemiologia. Carcinoma de Células Escamosas
Keywords: Head and Neck Neoplasms. Head and Neck Neoplasms/surgery. Epidemiology. Carcinoma. Squamous Cell.
Referências:
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Gastroduodenopancreatectomia no tratamento cirúrgico da neoplasia mucinosa papilífera intraductal do pâncreas: um relato de caso
Gastroduodenopancreatectomy in the surgical treatment of intraductal papillary mucinous neoplasia of the pancreas: a case report
Ana Luíza Guedes Pires1; Gabriel Ferreira Rezende1; Heitor Cordeiro Olegário1; Matheus Magalhães Apolinário1; Rodrigo de Oliveira Peixoto2; Carlos Augusto Gomes2; Emílio Augusto Campos Pereira de Assis3.
1. Graduandos em Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora;
2. Orientador do trabalho e Professor Adjunto de Cirurgia Geral da Universidade Federal de Juiz de Fora;
3. Anatomopatologista.
Correspondência: Rua Antônio Bento de Vasconcelos, nº 1000, Condomínio Fazendinhas do Ipiranga, Bairro Previdenciários - Juiz de Fora/MG - CEP: 36031-290
E-mail: analuiza.guedes.pires@gmail.com
Introdução: A neoplasia pancreática é responsável por 2% das neoplasias pelo mundo, configurando-se como a oitava causa de morte por câncer no Brasil.4 As neoplasias mucinosas papilares intraductais são lesões pré-malignas e correspondem de 1 a 3%, sendo mais prevalentes na sexta década de vida e acometendo, principalmente, a região cefálica do órgão.1 A ressecção cirúrgica é a conduta mais indicada para cura potencial do adenocarcinoma.3 Destarte, a gastroduodenopancreatectomia mostrase como primeira escolha para a ressecção dessas lesões.2 Relato de caso: VRDS, masculino, 62 anos, hígido, BEG e sem perda ponderal, deu entrada no hospital com icterícia persistente e dor epigástrica irradiada para o dorso. Exames laboratoriais realizados foram compatíveis com quadro de pancreatite aguda. À TC, havia dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas e do ducto principal associado à presença de imagem hipodensa no terço distal. Endoscopia Digestiva Alta (EDA) demonstrou papila protusa. Foi indicada a realização de Gastroduodenopancreatectomia, com pós-operatório de fístula pancreática de baixo débito e boa evolução. Alta 16 dias após admissão. Discussão: Diante do quadro, sugestivo de pancreatite, iniciou-se propedêutica diagnóstica com realização de TC e EDA. Os achados de imagem, associados à elevação de amilase, foram sugestivos de etiologia neoplásica da obstrução, sendo indicada a Gastroduodenopancreatectomia com ressecção das cadeias linfonodais regionais. Houve boa evolução pós-operatória, creditada ao diagnóstico precoce e instituição de tratamento cirúrgico adequado. Conclusão: A colangiopancreatografia e a EDA mostraram-se fundamentais para o diagnóstico precoce da doença, possibilitando intervenção cirúrgica adequada e resultando na cura do paciente sem maiores comorbidades.
Palavras-chave: Pâncreas. Cisto Pancreático. Neoplasias Intraductais Pancreáticas.
Keywords: Pancreas. Pancreatic Cyst. Pancreatic Intraductal Neoplasms.
Referências:
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Diverticulite de Meckel simulando apendicite aguda: relato de caso
Meckel's diverticulitis simulating acute appendicitis: case report
Victor Vitoi Cangussu1, Bruno de Andrade Salomão2, Priscila Rizutti Ferreira2, Paula Farias Lischt Teixeira Gomes2, Rafael Leal de Menezes2.
1 - Cirurgião do Aparelho Digestivo, preceptor da residência medica de cirurgia geral no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus
2 - Médico residente cirurgia geral no Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus
Insituição: Hospital Monte Sinai, Juiz de Fora
Autor correspondente: Paula Farias Lischt Teixeira Gomes
E-mail: paulafltg@msn.com
Introdução: O Divertículo de Meckel (DM) é a anomalia congênita mais comum do trato gastrointestinal, presente em 2% da população com semelhante distribuição entre os sexos (Hosn, Lakis et al. 2014, Parvanescu, Bruzzi et al. 2018). Resulta da falha de obliteração do ducto onfalomesentérico, formando um verdadeiro divertículo presente na borda antimesentérica do íleo terminal, a aproximadamente 90 cm da válvula ileocecal. Em até 50% dos casos evidencia-se tecido ectópico, sendo gástrico e pancreático os mais comuns. (Araújo, Araújo et al. 2014). Relato de caso: Apresentamos um relato de caso de paciente masculino, adulto jovem, com quadro de diverticulite aguda de Meckel. Paciente, masculino, 27 anos, deu entrada no serviço de emergência do hospital no dia 05 de outubro de 2018 com queixa de dor abdominal epigástrica iniciada após alimentação na noite anterior, acompanhada de três episódios de vômitos e febre. Negava alteração de hábito intestinal, comorbidades, uso contínuo de medicamentos ou alergias. Ao exame físico apresentava-se taquicárdico (FC: 120 bpm), febril, com bom padrão respiratório. Exame abdominal com dor a palpação difusa e descompressão brusca dolorosa. Exames laboratoriais que evidenciaram leucocitose sem desvio a esquerda (Leucograma: 23600 / 4 bastões) e PCR : 33 - restante sem alterações. Tomografia Computadorizada (TC) de Abdome evidenciou "alça de delgado com pequena área de dilatação, borramento e com vasos engurgitados sugerindo área diverticular com processo inflamatório local". Submetido a videolaparoscopia diagnóstica com achado de divertículo de Meckel em ileo, com necrose em ponta e abcesso bloqueado pelas alças e delgado próximo ao apêndice cecal que apresentava hiperemia (periapendicite). Optada pela realização de enterectomia segmentar em área de divertículo, com anastomose primária termino-terminal e apendicectomia videolaparoscopica. Discussão: É assintomático na maioria das vezes, podendo levar a sintomas decorrente de complicações. Na infância ocorre principalmente hemorragia digestiva baixa; nos adultos pode levar a casos de dor abdominal, diverticulite aguda, obstrução intestinal e sangramentos. (Araújo, Araújo et al. 2014, Hosn, Lakis et al. 2014). Nos casos de diverticulite aguda o principal diagnóstico diferencial é com apendicite aguda, onde aproximadamente 40% dos casos a diferenciação é feita apenas no intra-operatório. (Pirzada, Tariq et al. 2018) Conclusão: Embora seja uma condição rara, a diverticulite de Meckel é um importante diagnóstico diferencial com quadros de apendicite aguda, necessitando de tratamento cirúrgico precoce para evitar complicações. Quando possível, recomenda-se a utilização de videolaparoscopia devido melhor recuperação em pós-operatório.
Palavras-chave: Diverticulo de meckel, apendicite, diverticulite aguda, abdomen agudo.
Keywords: Meckel diverticulum, appendicitis, diverticulitis, abdomen acute.
Referências:
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