RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 20. 2

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Artigo Original

A formação e o fortalecimento de vínculo emocional entre os adolescentes participantes de oficinas e prevenção da violência. Uma investigação a partir do Projeto Frutos do Morro*

The formation and strengthening of emotional bonds between adolescents participating in workshops and violence prevention. A research coming from the project Fruit of the Hill (Frutos do Morro*)

Adriana Braga Chaves1; Elza Machado de Melo2; Roberto Assis Ferreira3

1. Mestre em Ciências de Saúde / Área de Concentração: Saúde da criança e do adolescente / Faculdade de Medicina da UFMG, Belo Horizonte, MG - Brasil
2. Coordenadora do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz / DMPS. Doutora em Medicina Preventiva e Social. Professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Belo Horizonte, MG - Brasil
3. Doutor em Ciências de Saúde / Saúde da criança e do adolescente. Professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Belo Horizonte, MG - Brasil

Endereço para correspondência

Av. Alfredo Balena, 190 - Sala: 810, B: Santa Efigênia
Belo Horizonte, MG - Brasil, CEP: 30.130.100
Email: abchaves@ig.com.br

Recebido em: 19/05/2010
Aprovado em: 04/06/2010

Instituição: Faculdade de Medicina da UFMG, Belo Horizonte, MG - Brasil.

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi analisar se e como a atividade em grupo contribui para a formação e o fortalecimento de vínculo emocional e se propicia mudança de comportamento dos adolescentes frente à violência. Os sujeitos da pesquisa foram os adolescentes moradores do Aglomerado Morro das Pedras e do Bairro Providência, que frequentavam as oficinas de promoção da saúde e prevenção da violência do Projeto Frutos do Morro, vinculado ao Núcleo de Promoção da Saúde e Paz/DMPS/FM/UFMG. O estudo utilizou a associação de métodos qualitativos: entrevista semiestruturada, grupo focal e observação participante. Durante quatro meses as atividades de três oficinas foram acompanhadas: duas delas desenvolviam atividades reflexivas e a terceira associava atividade reflexiva à prática esportiva do jiu-jitsu. Os resultados revelaram que todas as oficinas observadas contribuem para a formação e o fortalecimento de vínculo emocional entre os participantes. O papel dos coordenadores das oficinas é central nesse processo. Foi possível perceber como os adolescentes têm procurado resolver os conflitos sem o uso da força ou agressão por meio de palavras. A oficina que associa a prática esportiva a atividades reflexivas é a que mostra mais efeitos na prevenção da violência. Destaca-se o fato mencionado pelos adolescentes de que tudo que é produzido nas oficinas é transmitido por eles a outros espaços de sua convivência. Daí, pode-se concluir que a oficina pode ser um recurso de abordagem da violência e que é necessário manter o acompanhamento permanente dos seus efeitos na vida dos adolescentes.

Palavras-chave: Violência/prevenção e controle; Psicologia do Adolescente; Apego ao Objeto; Identificação (Psicologia); Adolescente.

 

INTRODUÇÃO

O Projeto Frutos do Morro está vinculado ao Núcleo de Promoção da Saúde e Paz, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG. Sua prática é baseada na extensão, no ensino e na pesquisa e seu objetivo é a prevenção da violência, adotando-se a promoção da saúde como estratégia central, em consonância com a Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violência.1 Dessa forma, muda-se e amplia-se o foco da abordagem, não mais reduzida ao aspecto negativo e irreversível do fato violento consumado, seja ele físico ou simbólico, e sim voltada para o exercício da autonomia dos diferentes atores sociais2,3, unicamente possível quando eles se constituem como sujeitos coletivos que interagem uns com os outros, reconhecem-se reciprocamente como sujeitos portadores de direitos e de competências e são, por isso, capazes de agir e transformar o mundo.4 Essa abordagem se inspira e se fundamenta, do ponto de vista teórico-metodológico, na Teoria da Ação Comunicativa de Habermas5,6, tomando dela, especialmente, o papel da intersubjetividade linguisticamente mediada, isto é, o acordo racional, portanto, isento de coerção, produzido na práxis comunicativa cotidiana, o diálogo, como base de construção de sujeitos, saberes e vínculos.

O projeto foi criado em 2001 a partir de um convite do Programa de Controle de Homocídios Fica Vivo, da Secretaria de Estado de Defesa Social, e incorporou a experiência de projetos desenvolvidos no Vale do Rio São Franciso, pelo Internato Rural, traduzida agora para a realidade dos aglomerados urbanos, mantendo-se o princípio fundamental de participação de todos os envolvidos, equipe do projeto e comunidade na qual atua, especialmente seu público-alvo, os adolescentes. A equipe do projeto é constituída por professores e alunos da UFMG e por profissionais voluntários de várias áreas de conhecimento, atualmente Medicina, Psicologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Enfermagem, Fonoaudiologia e, em outros momentos, também Engenharia, Direito, Letras. Sua metodologia é constituída por dois tipos básicos de atividades: a realização de oficinas semanais com adolescentes e a realização de oficina semanal com membros da equipe.

As oficinas com adolescentes são realizadas nas escolas públicas ou em associações existentes na comunidade, funcionando, no momento, em três escolas e em uma associação do Morro das Pedras; em uma escola do Bairro Providência; no Centro Pedagógico da UFMG, incorporado ao projeto em 2009; e no Instituto de Educação/SEMG, em 2010. Cada oficina comporta até 12 adolescentes, pois trabalhar com grupos menores favorece o acompanhamento das atividades, discussões e reflexões. Todos os participantes menores de 16 anos devem trazer a autorização dos responsáveis; os maiores de 16 anos devem assinar eles próprios o termo de adesão. São critérios de entrada do adolescente na oficina a idade, 10 a 14 ou 15 a 19 anos, e sua disponibilidade em participar. Nos primeiros encontros, geralmente dois ou três, são realizadas atividades de integração do grupo e formação de identidade, que favorecem a aproximação entre os participantes; em seguida, são discutidas e aprovadas as regras de convivência do grupo e aprovada a programação do semestre, com flexibilidade para permitir ajustes necessários. As oficinas são coordenadas por dois ou três estudantes da UFMG, um deles com a responsabilidade de fazer a observação participante, utilizando roteiro de diário de campo previamente elaborado, procedimento de pesquisa qualitativa capaz de sistematizar as informações e avaliar as atividades realizadas; os adolescentes são comunicados sobre a sua existência e função.

A reunião semanal da equipe inclui o relato das atividades realizadas durante a semana e sua discussão, o planejamento das próximas atividades e a organização de seminários de capacitação para os integrantes do projeto a partir dos temas demandados. A equipe é construída por entradas sucessivas, geralmente anuais, de estudantes com o respectivo professor de sua área de conhecimento. Mais detalhes do projeto podem ser vistos em publicações geradas pela sua práxis.7,8 O objetivo do presente trabalho é pesquisar e analisar se e como as atividades de oficinas realizadas pelo Projeto Frutos do Morro contribuem para a formação e fortalecimento dos vínculos emocionais e se propiciam a mudança de comportamento frente à violência entre os adolescentes e jovens moradores dos espaços urbanos onde acontecem. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa (COEP) da UFMG.

 

METODOLOGIA

Trata-se de estudo qualitativo que utiliza a associação de procedimentos metodológicos, a saber: observação participante, grupos focais e entrevistas semiestruturadas.9,10,11 A imbricação entre esses três métodos de pesquisa qualitativa viabilizou a apreensão da dinâmica das oficinas realizadas com os adolescentes e dos fenômenos e relações que ocorreram e se estabeleceram nesse espaço. Permitiu, também, ter acesso a vivências, saberes e impressões dos adolescentes acerca da violência. Para sua realização, foram selecionadas três oficinas: duas do Aglomerado Morro das Pedras, sendo uma na Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, que incorporava uma atividade esportiva, no caso o jiu-jitsu, seguida de atividades reflexivas com temas variados, e outra na Casa do Pequeno Cristo, instituição católica mantida pelo Colégio Regina Pacis; a terceira oficina é a do bairro Providência, na Escola Estadual Professora Celmar Botelho Duarte. As duas últimas desenvolviam atividades lúdicas e reflexivas sobre temas variados. Critério de seleção: oficinas que, na primeira semana do semestre, já estavam estruturadas, isto é, com espaços, programas e coordenadores definidos, para garantir período de funcionamento de quatro meses contínuos dentro do semestre. Os sujeitos da pesquisa foram, ao todo, no somatório das três oficinas, 35 adolescentes e jovens de 11 a 24 anos, participantes das três oficinas selecionadas. A Tabela 1 mostra a estrutura metodológica, com tipo de procedimentos, número e respectivos espaços onde foram realizados. Todos os procedimentos metodológicos foram executados pela primeira autora deste trabalho.

 

 

As entrevistas e os grupos focais foram gravados e transcritos, a observação participante gerou diário de campo e todo o corpo de informações foi analisado pela análise de conteúdo, segundo três categorias: 1) formação e fortalecimento de vínculo emocional entre os participantes da oficina. 2) definição da violência segundo os adolescentes e tipos de violências com as quais eles mais se envolvem, 3) atividade em oficina e prevenção da violência.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como se trata de pesquisa qualitativa, a discussão e a apresentação dos resultados são feitos conjuntamente e a estratégia é tentar estabelecer nexos entre as informações apreendidas pelos diferentes procedimentos metodológicos e dessas com o conhecimento já disponível na literatura. O intuito disso é construir, a partir dos vários olhares, um corpo o máximo possível integrado e coerente de afirmações sobre o tema. No entanto, dependendo das categorias e dos aspectos abordados por cada uma delas, alguns procedimentos trazem importantes contribuições e têm papel predominante. A Tabela 2 mostra os principais aspectos abordados por cada categoria e os procedimentos que apreenderam as informações relevantes sobre eles.

 

 

A violência segundo percepção e atuação dos adolescentes

A violência não comporta uma definição única, ao contrário, trata-se de um fenômeno dinâmico que se modifica conforme o tempo, a cultura, o contexto socioeconômico e o ambiente em que ela ocorre.3-5,12-16 Para fins deste trabalho, a violência será entendida como qualquer situação em que um ator social perde o seu lugar de sujeito frente a outro, sendo rebaixado à condição de objeto 2 por qualquer meio de coerção, físico ou não. A violência entre os adolescentes manifesta-se principalmente como interações permeadas pela prepotência, intimidação, discriminação, raiva, vingança, inveja e agressões que demonstram a incapacidade das pessoas de resolverem os conflitos por meio do diálogo e da aceitação das diferenças em relação ao pensar e ao agir.17 Costuma produzir danos morais, psicológicos e físicos, podendo levar até a morte.

Para os adolescentes, a violência é "uma coisa má". As falas expressam a realidade vivida por eles; e quando se referem à violência física, os eventos citados dizem respeito a ações tanto sofridas como realizadas ou assistidas: porradas, brigas, menino bater em menina, menina também bate, jogar manga, bater na professora, pai bater no filho, professora sacudir e beliscar, bater com bambu ou cano, matar, menino dar soco na sua cara, jogar pedra, empurrar, tiro. A violência verbal, a psicológica e a sexual foram mencionadas, mas com menos intensidade. Sobre a forma de manifestação da violência, as indicações dos adolescentes foram agrupadas em três tipos: violência física, como matar, esquartejar, briga de torcida e bater; psicológica, como o racismo e abuso de poder da polícia; e, por fim, a sexual, entendida por eles como relações sexuais de uma pessoa maior de idade com uma menor, homem com prostituta, mulher seduzir homem quando ele é pequeno, estupro, pedofilia, pai com filho, traficante e polícia e pai com filho.

Sobre o envolvimento do adolescente com a violência, novamente vem à tona a violência física, pois é com ela que ele mais frequentemente se envolve, seja como vítima ou agente. A configuração principal são as brigas com motivações diversas: briga de torcida, briga por causa de mulher, briga por causa de dinheiro, briga de mulher por causa de homem, briga porque acha a menina paty e, se não bastasse, ainda muitas brigas acontecem à-toa. Além das brigas, aparecem também as drogas, associadas por eles a todos os tipos de violência física. Outros eventos foram citados, como guerra de tiro, tiro, roubo, envolvimento com armas e matar. Em relação à violência sexual, o adolescente é visto como vítima, principalmente em episódios de estupro e pedofilia.

A análise do conjunto das informações permite verificar que as falas dos adolescentes apresentam algumas incoerências com o que foi apreendido pela observação e pelo acompanhamento das oficinas do Projeto Frutos do Morro: segundo eles, a violência física surge como algo muito característico dessa fase, tanto que quando interrogados dão mais ênfase à violência física e parecem falar de um evento já vivido ou presenciado entre os pares; destacam também a violência física como aquela com a qual o adolescente mais se envolve, seja ele o agente ou a vítima; a violência verbal quase não foi mencionada e passaria despercebida ou teria sido pouco valorizada não fosse a observação participante ter mostrado o modo de agir dos adolescentes, principalmente os que participavam das duas oficinas que não tinham prática esportiva associada. A comunicação entre eles era permanentemente permeada por trocas de ofensas e uso de apelidos pejorativos: airbag, vagabunda, fuscão preto, gago, gay, traveco, dentuça, cabelo ruim, fedorenta, entre outros. É verdade que, por várias vezes, seguiam-se tapas e empurrões, mas o início era sempre marcado pelas provocações, pela violência verbal. O fragmento da entrevista de um adolescente pode ilustrar essa situação recorrente no espaço das oficinas.

Pesquisadora - Você gosta de participar da oficina do Projeto Frutos do Morro?
Adolescente - Hã, hã.
P - Por quê?
A - É legal, ensina a gente muitas coisas.
P - Fala uma coisa que você aprendeu na oficina.
A - Respeitar o outro.
P - Você não respeitava?
A - Não. De vez enquanto eu era muito respondão.
P - O que você fazia?
A - Fazia muita bagunça. Aprontava muito.
P - E as pessoas da oficina respeitam você?
A - Sim. Mas, tem alguns meninos que ficam zoando essas coisas. Eu fico meio chateado.
P - Zoando como?
A - Ah! Esse gago, essas coisas. Esse dentinho! Esse dentão! Que nem eles falaram. Ficam me zoando eu deixo para lá.
P - Você zoa alguém na oficina?
A - Eu zoo, né? Tem dia que eu sou bagunceiro. Aí, quando eu estou bagunceiro, eu zoo, né?
P - Você zoa quem?
A - Eu zoo quem vier na minha cabeça. Quem tiver na frente.

Njaine e Minayo18 constataram por meio dos relatos dos adolescentes, estudantes de escolas públicas e privadas que eles reconhecem a violência como uma forma de comunicação entre os pares. E embora muitos confirmassem agir da mesma forma com os seus semelhantes, reproduzindo o comportamento, eles se queixaram de ser humilhados na família, na escola e na comunidade. Camacho13, em estudo realizado em escolas públicas e privadas, frequentadas por classe média, indica a existência de uma violência mascarada, que passa impune ou porque não é reconhecida como tal e é confundida com a indisciplina por parte do professor e da direção da escola e com brincadeira por parte dos adolescentes ou porque é considerada pouco grave, sem muitas consequências. Por sua ocorrência fazer parte do cotidiano do grupo de adolescentes, ela passa a ser banalizada e termina por ser considerada natural, algo próprio da adolescência. Mas, uma "brincadeira" que inicia com atribuições de apelidos nem sempre é recebida pelo outro desta forma. Além de desencadear troca de ofensas, pode resultar em representativo dano interno ou num episódio de agressão física. Ferreira19 associa essas mesmas manifestações como expressão do bullying. Segundo a autora, o bullying se manifesta como violência física e psicológica, exercida por meio de atos intencionais e repetidos praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupos de indivíduos. Os alvos do bullying são pessoas ou grupo que de alguma forma se mostram inseguros, com pouca habilidade ou poder para fazer cessar a violência.

A insistência aqui em trabalhar a agressão verbal deve-se ao fato de que junto a ela outros eventos podem vir associados, principalmente a agressão física. Outro fator que corrobora a necessidade de se dar mais atenção a esta forma de violência refere-se ao fato de ser ela mais acessível a intervenções voltadas para a prevenção da violência, na prática de oficinas: abordar essa forma de o adolescente se comunicar provavelmente abre a possibilidade de refletir-se sobre os modos em geral dos adolescentes se relacionarem uns com os outros: Melo et al.6 indicam que um dos caminhos para superar a violência é a reconstrução das relações entre os sujeitos. E como meio de alcançar esse objetivo indicam a necessidade de investir em espaços de participação que coloquem os adolescentes uns em contato com os outros e assim se recomece o longo aprendizado da solidariedade e da recriação de laços de sociabilidade.

Formação e fortalecimento do vínculo emocional entre os participantes da oficina

Em todos os procedimentos metodológicos adotados ficou evidente a preferência dos adolescentes pelas atividades em grupo. Segundo eles, essas atividades têm a possibilidade de intensificar e aprofundar a relação entre os pares; no grupo, os membros se revezam entre o ensinar e o aprender. Mencionaram que a união vivenciada no grupo possibilita ajuda mútua e superação das dificuldades. Segundo Zirmerman20, uma das razões que levam os adolescentes à busca da convivência grupal é que em grupo eles se sentem menos expostos às criticas do mundo adulto, têm a confiança e confiam mais nos valores de seus pares, atenuam sentimentos contraditórios e/ou negativos quando compartilham os mesmos problemas entre si e reasseguram a autoestima pela imagem que os outros lhes remetem.

Quando indagados se nutriam algum sentimento pelos participantes da oficina, a amizade seguida do amor foram os sentimentos mais citados; o respeito e a união também apareceram. Segundo Freud21, o grupo é claramente mantido unido por um poder de alguma espécie; e a que poder poderia essa façanha ser mais bem atribuída do que a Eros, que mantém unido tudo o que existe no mundo? Além disso, para ele, só o amor atua como fator civilizador, no sentido de causar a mudança do egoísmo em altruísmo. A amizade estaria então na condição de um substrato do amor? Brun22 dirá que, embora a amizade possa revelar-se mais frágil do que o amor, jamais é unilateral como este o é algumas vezes. Ser amigo ou ter amigo implica sempre a presença do outro, de alguém que também compartilhe desse mesmo sentimento. Encontramos na amizade a possibilidade de uma autonomia do pensamento, da fala, da troca simétrica, construção que, segundo o adolescente, parece ser mais fácil para ele em atividades de grupo com iguais, fora da família, em que estão em jogo outros interesses, responsabilidades e sentimentos.

Os adolescentes confirmam que se sentem à vontade para expressar as suas opiniões na oficina, devido ao respeito de cada um pelo que é dito e à possibilidade de se conhecer no grupo a opinião do outro e de se rever a própria forma de pensar sobre determinado assunto. O grupo respeita as opiniões e depois juntamos tudo e concordamos ou não (fala de um adolescente). As relações que se estabelecem dentro da oficina vão sinalizando a construção de vínculos entre os participantes, permeados pelo respeito à fala do outro, pela união e amizade compartilhada entre os membros e pelo sigilo em relação ao que é dito, o que falamos não sai de lá e não deve ser transposto para além daquele grupo.

Dois adolescentes mencionaram sentir raiva ou ódio por um participante da oficina, mas esse sentimento não foi suficientemente forte para que eles desistissem de participar: Eu sinto amor e carinho. Só por uma que tenho ódio, porque me chamou de falsa. Estamos unidos, um dia vamos acabar se falando (fala de uma adolescente). Novamente a união aparece como algo característico do grupo e capaz de transformar as relações. Freud21 diz que quando um grupo se forma, a intolerância dissipa-se temporária ou definitivamente. Durante o tempo em que a formação de grupo perdura ou até onde ela se estende, os sujeitos se comportam como se fossem semelhantes, suportam as particularidades de seus pares, igualam-se a eles e não sentem repulsa por eles. Para o autor, essa convivência se torna possível devido a certa limitação do narcisismo. Há, por parte dos sujeitos, um investimento libidinal em relação aos seus pares dentro de um grupo e isso só ocorre porque existe a formação de um laço libidinal entre seus membros.

Na oficina da Casa do Pequeno Cristo, apesar das dificuldades resultantes da estrutura da associação, por exemplo, a concomitância de atividades de dança e de esporte no horário das oficinas, a separação de meninos e meninas, a insatisfação de algumas adolescentes em virtude dessas questões, os coordenadores insistiram em realizar as atividades e pelo menos cinco das doze adolescentes se mantiveram unidas, deu muita coisa boa, a oficina do crachá, lá é muito bom e tem muitas oficinas boas, antes a gente não ficava desenhando nem pintando e agora a gente faz um tanto de coisa (fala das adolescentes).

Foi possível perceber que a criação do vínculo e a adesão dependem visceralmente da forma como as oficinas são conduzidas. Por exemplo, no caso da oficina da Escola Celmar Botelho, que revezava duas duplas na coordenação, o grupo se mostrava mais participativo com uma delas e quando ela se ausentava por mais de uma semana, o porquê de sua ausência era perguntado. A postura dessa dupla se aproximava mais do descrito por Afonso23 sobre o papel do coordenador que atua como incentivador. Auxilia na sistematização dos conteúdos e processos emergentes para refleti-los com o grupo. A importância dessa presença se mostra mais nitidamente na oficina de jiu-jitsu, em que a prática do esporte é coordenada por um profissional qualificado na arte, campeão sulamericano, integrante do Projeto, e a parte reflexiva por universitários que, por sua vez, também participam do treino de jiu-jitsu. Durante a observação do treino foi possível observar a autoridade do professor e o seguimento por todos das regras norteadoras da arte, por exemplo, nada de conversas, a não ser sobre o jiu-jitsu, de distrações com outras atividades ou de brigas entre os pares; só o professor orienta, corrige os erros, destaca os acertos. Fora dos treinos, professor e alunos estabelecem relação de diálogo permeada por confidências, por relatos do cotidiano, por informações sobre o desempenho escolar. O respeito que impera no momento do treino e a descontração dos outros momentos são aspectos essenciais na construção do vínculo entre eles, temos um vinculo forte, mas que foi forjado no tatame e que, talvez, seja o grande responsável pelos adolescentes se manterem na oficina reflexiva." Esse depoimento é de um dos quatro universitários que praticam jiu-jitsu junto com os demais adolescentes e ao mesmo tempo são coordenadores da parte reflexiva.

Atividade em oficina e a prevenção da violência

Para os entrevistados, as oficinas podem contribuir para a diminuição da violência entre os adolescentes, pois nelas é possível aprender a se relacionar com os amigos por meio do diálogo sem precisar brigar. Essa é de fato a premissa do projeto, resgatar em cada espaço de convivência essa competência de falar e agir que nos dá a todos a condição de sujeitos - é explorar ao máximo as potencialidades interativas e criadoras da fala.6 O fato de conversarem sobre a violência ajuda-os tanto a perceber que ela não é uma coisa boa quanto os motiva a não praticá-la.

Uma adolescente chega a relatar a influência que a fala de um coordenador de oficina exerce sobre o seu comportamento. Ela fala muita coisa de violência, fala para a gente não usar droga e essas coisas. Eu escuto o que ela fala (fala de uma adolescente).

De modo geral, os adolescentes localizam a mudança de comportamento tanto no nível individual quanto na relação com os pares. Dizem que antes tratavam as pessoas de forma pejorativa, "chamava de p..." e/ou com discriminação, "chamava de macaco". Reconhecem que as pessoas pensam de forma diferente e que não é possível querer mudar a ideia do outro. Relatam que passaram a dialogar mais e se envolver menos em brigas. E indicam a mudança de comportamento tanto em relação aos pares como com os próprios pais. Uma adolescente declarou ter melhorado a relação com a mãe: Eu era muito desobediente com a minha mãe, passei a ouvir os conselhos dela. O professor é muito rígido isso também ajuda (fala do adolescente). É importante observar que o adolescente provavelmente associa o "rígido" a uma posição de autoridade e respeito que o professor assume perante o grupo. Outra adolescente elucida a relação desse professor com o grupo da seguinte forma. O professor para conseguir mais do aluno ele não pode ser só professor. Ele trabalha muito bem isso. Ele brinca, ele dá liberdade, mas na hora que é preciso ter respeito todo mundo entende. Como indicou Assis24, é preciso garantir que o adolescente possa contar com a figura de um adulto que estabeleça com ele relação de afeto e diálogo, pois isso, segundo ela, representa um fator de proteção, evitando que o adolescente se envolva com a violência. A relação entre o ganhar e perder, vivida constantemente na prática esportiva, também é indicada como uma mudança de comportamento. Eu não sabia perder, eu era muito estressada, dependendo da atitude da pessoa eu explodia com ela. Eu já mudei muito (fala de adolescente).

A oficina de jiu-jitsu sobressai entre as demais: nos quase cinco anos de trabalho não houve qualquer registro de envolvimento dos adolescentes que praticam o jiu-jitsu com a violência. As regras desse esporte eles sabem na ponta da língua: a regra é não brigar; o professor e as regras não deixam brigar, se brigar fica três dias sem jiu-jitsu (fala dos adolescentes).

Na oficina de jiu-jitsu boa parte das mudanças localizadas pelos adolescentes se refere à forma como passaram a tratar as pessoas. Atitudes antes comuns como a discussão, a grosseria e a ofensa por meio de palavras passaram a ser menos freqüentes. Estudo realizado por Gomes25 descreve que a prática esportiva como instrumento de prevenção da violência favoreceu a elevação da autoestima do adolescente, desenvolveu habilidades, autocontrole, melhorou o relacionamento interpessoal e contribuiu para a redução de conflitos. Sanches26 realizou uma pesquisa que propôs investigar como a prática esportiva do atletismo envolvendo adolescentes pode ser uma atividade potencialmente promotora de resiliência. Os resultados obtidos indicam que a prática esportiva, com regularidade, pode fazer com que os participantes se tornem pessoas mais responsáveis e confiantes em suas potencialidades, pois descobrem que podem fazer algo bem feito. Alguns fatores protegem os adolescentes de assumirem comportamentos infracionais e violentos: o envolvimento do adolescente em atividades artísticas e esportivas; envolvimento com amigos que também têm intolerância aos comportamentos infracionais e violentos; existência de adulto com papel significativo para contrabalançar os conflitos com os pais, frequentes nessa fase da vida; compreensão dos próprios atos e relações afetuosas e seguras com adultos.25

Por último, os adolescentes responderam se a oficina contribuiu para alguma coisa em sua vida. Segundo eles, o que praticam na oficina também praticam em sua vida fora do grupo - os efeitos alcançados pela prática de oficinas podem transcender e atingir outros adolescentes ou outras esferas de seu relacionamento. Por exemplo, uma adolescente descreveu que após participar da oficina sentiu-se encorajada e decidiu a contar para a mãe que o tio era pedófilo e que já havia tentado abusar dela. A atividade em grupo direcionada para o atendimento do adolescente tem sido considerada na área da saúde uma excelente estratégia para desenvolver e favorecer a expressão de sentimentos, a socialização de informações e a formação de redes afetivas que contribuem tanto para a promoção da saúde quanto para a prevenção da violência.27

Alguns estudos relacionam o vínculo entre as pessoas como fator de proteção e prevenção da violência. Moura28 enfatiza que a construção de vínculos de confiança favorece a autonomia feminina. Minayo destaca a necessidade de fortalecer o vínculo afetivo com a família e com a escola como meio de proteção para que o jovem não se envolva com a violência. Eastman e Malo29 salientam a importância de recuperar os vínculos sociais e humanos. Para esses autores, a violência produz e gera danos à estrutura social, fomenta comportamentos que corroem os fundamentos e os princípios da vida social e da solução de conflitos. Todos eles corroboram os achados deste estudo de que a oficina se mostra como uma prática capaz de propiciar a mudança de comportamento entre os adolescentes, a convivência em grupo permite o fortalecimento do vínculo emocional e este contribui para a prevenção da violência. As relações que se estabelecem dentro da oficina favorecem a troca de saberes e possibilita ao adolescente avaliar o seu comportamento e as situações vividas por ele.

 

CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo geral investigar se e como as atividades em grupo contribuem para a formação e fortalecimento dos vínculos emocionais e se propiciam a mudança de comportamento frente à violência entre adolescentes. Os dados demonstraram que as oficinas do Projeto Frutos do Morro representam para esses adolescentes espaços de convivência, de aprendizado, de troca de experiências e saberes. Foi possível localizar nas três oficinas observadas a formação e o fortalecimento de vínculo emocional entre os participantes, que referiram a presença de sentimentos para com os demais: amizade, amor, respeito e união.

A coordenação da oficina também contribui para o fortalecimento do vínculo emocional. Nas três oficinas a coordenação exerceu essa função de forma diferenciada. A oficina de jiu-jitsu apresentou característica diferente das outras duas, a saber: em momento algum foi percebido entre os adolescentes comportamento agressivo por meio de palavras ou contato físico - tapas, empurrões, chutes. O fato de os adolescentes do jiu-jitsu não manifestarem esse tipo de comportamento está relacionado à existência de regras estabelecidas entre eles e o professor. Já nas outras duas oficinas esse comportamento era mais frequente, sendo amenizado quando eles se envolviam com as atividades ou quando a coordenação retomava o contrato de convivência elaborado por eles.

Os adolescentes afirmaram que as oficinas contribuíram para a mudança de comportamento, fazendo-os refletir sobre as atitudes que adotavam em relação às pessoas, principalmente no que se refere à agressão física e verbal. Segundo eles, o que é vivenciado na oficina é reproduzido em outros núcleos de sua convivência e transmitido a outros adolescentes. Em outras palavras, os efeitos alcançados pelas oficinas do Projeto Frutos do Morro podem se estender para outros espaços de convivência do adolescente, potencializando ainda mais a prevenção da violência. Devido a isso, é importante intensificar o acompanhamento dos efeitos que têm relação com a constituição subjetiva do adolescente.

Enfim, a pesquisa mostrou que estamos no caminho da prevenção da violência e que, embora muito ainda precise e possa ser feito, vários efeitos já são notados. Presenciar o adolescente na sua relação com o Projeto e apreender seu vínculo, seu gosto, sua mudança, por mínima e inicial que esta seja, não são coisas triviais, ao contrário, são as marcas que nos dão a certeza da nossa condição de sujeitos, mesmo em tempos tão áridos.

 

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* Dissertação de Mestrado de Adriana Braga Chaves, no Programa de Pós-Graduação da Criança e do Adolescente/FM/UFMG, sob a orientação da Professora Elza Machado de Melo e coorientação do Prof. Roberto Assis Ferreira.