ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
A importância do encorajamento de estudos sobre o envelhecimento da população
The importance of encouraging studies on population ageing
Guilherme Malafaia
Graduado e Mestre em Ciências Biológicas. Atualmente é doutorando da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB) e Professor do Instituto Federal de Goiás - Campus Anápolis
Endereço para correspondênciaRua: Pedro Moreira, nº 9A, Vila Nova
Pires do Rio, GO - Brasil, CEP: 75200-000
Email: guilhermebioufop@yahoo.com.br
Recebido em: 21/05/2010
Aprovado em: 25/05/2010
Instituição: Instituto Federal de Goiás - Campos Anápolis
Brasília, 19 de maio de 2010.
PREZADOS EDITORES
Quero parabenizar a Revista Médica de Minas Gerais (RMMG) pela publicação da edição v. 20, n. 1, de 2010, que trouxe uma gama de estudos relacionados ao envelhecimento da população, apresentando relevante contribuição para o entendimento de variados fenômenos sociais, sanitários, psicológicos e biológicos ligados à senescência. Sem dúvidas, sob o ponto de vista da produção científica, essa edição mantém a indiscutível contribuição da Revista à divulgação de resultados relativos à saúde da população.
No Brasil, desde a década de 1940, vem sendo registrado crescente número de idosos na população. De acordo com Otero et al.1, o segmento da sociedade com idade mínima de 60 anos apresenta as mais elevadas taxas de crescimento, com valores superiores a 3% ao ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos à contagem da população brasileira em 2007, envolvendo 5.435 municípios do país, mostram que a pirâmide populacional, antes formada, em sua maior composição, por crianças, adolescentes e jovens, já apresenta um perfil aproximado do padrão vigente nos países desenvolvidos, com participação crescente de pessoas com mais de 50 anos nos patamares medianos e superiores de sua estrutura. O número de idosos com idade superior ou igual a 100 anos chega a mais de 11 mil, destacando-se as capitais São Luís, seguida de Natal, Maceió e Manaus, as quais se enquadram no grupo dos 20 municípios contados pelo IBGE que concentraram a maior quantidade de idosos com mais de um século de vida.2
Contudo, apesar da verificação de elevado índice na expectativa de vida brasileira e mundial, que mascara as reais condições em que padecem milhares de idosos, a longevidade não está necessariamente associada a um envelhecimento saudável3, o que justifica a realização de estudos específicos sobre o envelhecimento.
Nesse contexto, os artigos originais de Pereira et al.4 e Galhardo et al.5 e os de revisão bibliográfica de autoria de Moraes et al.6, Moraes et al.7, Miranda8 e Da-Conceição9, publicados pela RMMG na sua última edição, merecem destaque e congratulações.
Pereira et al.4 desenvolveram importante estudo que visou a analisar as características sociossanitárias dos idosos do município de Teixeiras-MG, tendo como referência a organização territorial, no contexto do Programa de Saúde da Família (PSF). Suas contribuições focam-se na obtenção de dados que auxiliam na compreensão das demandas, necessidades e estruturação sociossanitária da população idosa. Embora seja um estudo exploratório desenvolvido em apenas um município, seus dados podem ser refletidos de forma genérica, sobretudo, com vistas a prevenir os agravos à saúde, afastar as causas evitáveis de morbidades e mortalidade, proporcionando condições para um envelhecimento saudável e ativo.
Por outro lado, Galhardo et al.5 estudaram idosos institucionalizados sem déficit cognitivo no município de Pouso Alegre-MG, visando investigar a prevalência de sintomas depressivos e traçar o perfil sociodemográfico e clínico desses idosos. Os dados obtidos pelos autores, em conclusão, evidenciaram alta taxa de depressão na população avaliada, sendo a falta de apoio familiar a principal causa da institucionalização. Conforme ressaltado pelos próprios autores, a depressão deve ser mais bem compreendida e avaliada por todos os profissionais envolvidos com o processo de envelhecimento e o contexto social e clínico no qual se insere, pois se constitui em uma das principais causas de incapacidade no idoso, levando à perda de independência e autonomia, sinônimo de qualidade de vida na idade madura.
No que concerne aos estudos de revisão, sem dúvidas, Moraes et al.6, Moraes et al.7, Miranda8 e DaConceição9 apresentaram estudos de grande importância, pois além de agregarem evidências de pesquisa para guiar a prática do dia-a-dia relacionada ao envelhecimento, acabaram por nortear o desenvolvimento de projetos, indicando novos rumos para futuras investigações e identificando quais métodos de pesquisa são utilizados atualmente nas áreas abordadas.
Nesse sentido, é imprescindível que os estudos sobre o envelhecimento sejam conduzidos e publicados. Justificada por significativa melhora nos parâmetros ligados à saúde das populações, a ampliação do tempo de vida tem sido considerada um dos maiores feitos da humanidade. Chegar à velhice já foi privilégio de poucos, atualmente é um fato comum. Entretanto, é importante advertir que o aumento da expectativa de vida só é interessante quando se consegue agregar qualidade aos anos adicionais conquistados.10 Portanto, ao divulgar trabalhos sobre temas relacionados ao envelhecimento, a RMMG não apenas faz jus ao seu compromisso de divulgar dados relevantes para a saúde pública, como também contribui para aumentar as opções de disseminação de informação científica sobre assuntos desse tema tão importante na atualidade.
REFERÊNCIAS
1. Otero UB, Rozenfeld S, Gadelha AM, Carvalho MS. Malnutrition mortality in the elderly, southeast Brazil, 1980-1997. Rev Saude Publica. 2002;36(2):141-8.
2. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas, Censos Demográficos, IBGE [Acesso em 2007 dez 23]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br.
3. Malafaia G. As conseqüências das deficiências nutricionais, associadas à imunossenescência, na saúde do idoso. Arq Bras Ciênc Saúde. 2008;33(3):168-76.
4. Pereira RJ, Mitre RM, Franceschini SCC, Ribeiro RCL, Tinoco ALA, Rosado LEFPL, Campos MTFS. Análise do perfil sociossanitário de idosos: a importância do Programa de Saúde da Família. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):5-15.
5. Galhardo VAC, Mariosa MAS, Takata JPI. Depressão e perfis sociodemográfico e clínico de idosos institucionalizados sem déficit cognitivo. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):16-21.
6. Moraes EN, Marino MCA, Santos RR. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):54-66.
7. Moraes EN, Moraes FL, Lima SPP. Características biológicas e psicológicas do envelhecimento. Rev Med Minas Gerais; 2010;20(1):67-73.
8. Miranda LFJR. Relação Médico-Paciente idoso. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):74-80.
9. Da-Conceição LFS. Saúde do idoso: orientações ao cuidador do idoso acamado. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):81-91.
10. Malafaia G. Implicações da imunossenescência na vacinação de idosos. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2008;11(3):433-41.
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