ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
Anestesia no paciente cardiopata
Anesthesia in cardiac patients
Adriano Bechara de Souza Hobaika1, Wendell Valadares Campos Pereira2, Giovanni Menezes Santos3
1. Anestesiologista do Hospital Mater Dei, Mestre em Medicina, Corresponsável pela Residência Médica em Anestesiologia da Santa Casa de Belo Horizonte. Belo Horizonte. MG - Brasil
2. Anestesiologista do Hospital SOCOR e do Hospital Universitário Rizoleta Tolentino Neves. Belo Horizonte. MG - Brasil
3. Anestesiologista do Hospital Mater Dei, Intensivista AMIB, Membro da American Society of Anesthesiologists. Belo Horizonte. MG - Brasil
Adriano Bechara de Souza Hobaika
Serviço de Anestesiologia do Hospital Mater Dei
Rua: Gonçalves Dias, 2.700 (Bloco I)
Belo Horizonte, MG - Brasil, CEP: 30140-093
E-mail: hobaika@globo.com
Recebido em: 08/08/2006
Aprovado em: 30/09/2009
Instituição: Hospital Mater Dei Belo Horizonte, MG - Brasil
Resumo
O avanço da tecnologia permitiu que a propedêutica pré-operatória, a monitorização e a terapêutica se tornassem mais adequadas para os cardiopatas, que são, cada vez mais, submetidos aos mais complexos procedimentos cirúrgicos. A avaliação pré-anestésica é fundamental em todos os pacientes, no intuito de oferecer o melhor cuidado possível. A integração entre o anestesista, o cardiologista e o cirurgião é essencial para o sucesso no tratamento. Com o objetivo de se predizer o risco cardíaco e, mais importante que isto, formular estratégias para melhorar o estado clínico no pré-operatório, vários índices foram elaborados e reavaliados, apresentando boa correlação. O clínico envolvido no tratamento de pacientes cardiopatas deve conhecer as interações medicamentosas, exames pré-operatórios necessários e a conduta perioperatória adequada para cada situação específica.
Palavras-chave: Doença das Coronárias; Cardiopatias/terapia; Terapêutica; Monitoramento; Anestesia.
INTRODUÇÃO
O sistema cardiovascular é responsável por grande parte dos eventos mórbidos ou fatais no período perioperatório. O avanço da tecnologia permitiu que a propedêutica pré-operatória, a monitorização e a terapêutica se tornassem mais adequadas para esse grupo de pacientes. Como a maioria das doenças cardiovasculares está relacionada ao envelhecimento, a tendência atual é que haja mais pacientes cardiopatas submetidos aos mais complexos procedimentos cirúrgicos.
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATóRIA DO PACIENTE CARDIOPATA
O objetivo da avaliação pré-operatória é reduzir o risco do paciente e a morbidade da cirurgia, além de diminuir os seus custos. A avaliação pré-anestésica é fundamental em todos os pacientes. A equipe envolvida no procedimento cirúrgico, no intuito de oferecer o melhor cuidado, deve avaliar de forma adequada o tipo de lesão cardíaca que possui o paciente a se submeter à cirurgia. Deve avaliar também a capacidade funcional do paciente e as comorbidades e se são passíveis de compensação no período pré-operatório. O sucesso terapêutico depende, em sua essência, da integração entre anestesista, cardiologista e o cirurgião.
A American Society of Anesthesiologists (ASA), reconhecendo a importância da predição do risco de complicações nos pacientes cirúrgicos, criou uma força-tarefa para classificar os pacientes de acordo com a sua gravidade. A classificação de estado físico ASA (Tabela 1) é muito útil em várias situações e amplamente utilizada.
Goldman e Caldera2, em 1977, com o intuito de predizer o risco cardíaco de forma mais objetiva, investigaram sinais e sintomas que pudessem indicar alto risco de óbito, por eventos cardiovasculares, durante procedimentos cirúrgicos. Desta forma, esquematizaram um sistema de pontuação que correlacionasse sinais e sintomas ao grau de risco cardíaco (Tabela 2).
Pacientes com escores acima de 25, entre seis e 26, e menor que seis, apresentavam risco de óbito de 56, 4 e 0,2%, respectivamente.
Essa classificação foi revista recentemente após estudo de 4.315 pacientes, com 50 anos ou mais, submetidos a cirurgias não cardíacas. Foram identificados seis preditores independentes de complicações, determinados por: cirurgia de alto risco, coronariopatia, insuficiência cardíaca, doença vascular cerebral, uso de insulina e dosagem de creatinina sérica acima de 2,0 mg/dl. A porcentagem de complicações cardíacas aumentou de acordo com o número de variáveis presentes.3 Alguns dos critérios propostos inicialmente por Goldman e Caldera2, como idade maior de 70 anos e eletrocardiograma (ECG) com ritmo outro que não o sinusal, são agora definidos como preditores menores; e hipertensão arterial sistêmica não controlada, sinais de hipertrofia ventricular esquerda, ECG com alterações do segmento ST-T ou bloqueio de ramo esquerdo são marcadores de doença cardiovascular, que não provaram aumentar o risco perioperatório de forma independente.4
Essas e outras novas definições resultaram da criação (e constante revisão) estimulada desde 1996 pela American Heart Association (AHA) e pelo American College of Cardiology (ACA), de uma força-tarefa que relacionou condições clínicas responsáveis pelo aumento do risco cardiovascular. Desde o estabelecimento do índice de Goldman, muitos avanços já haviam ocorrido no tratamento da doença isquêmica cardiovascular, surgindo preditores clínicos de aumento do risco cardiovascular (Tabela 3) e definindo o risco cardíaco estratificado de acordo com o procedimento cirúrgico (Tabela 4).4
Considera-se, atualmente, extremamente importante a avaliação da tolerância ao exercício físico, que pode ser feita por meio de questionário e medida em equivalentes metabólicos ou METs (Tabela 5). O anestesista pode estimar, a partir dessa medida, a reserva cardiorrespiratória do paciente e planejar melhor o ato anestésico. A correlação entre a capacidade funcional, preditores de risco e o tipo de cirurgia é a base para a definição da conduta perioperatória.
A existência de um ou mais dos indicadores maiores de risco (condições cardíacas ativas) demanda manejo agressivo e pode resultar em atraso ou cancelamento da cirurgia, a menos que seja emergência.
Nos pacientes estáveis a serem submetidos a cirurgias de baixo risco e naqueles com boa capacidade funcional (> 4 METS) é raro que testes adicionais mudem a conduta, sendo apropriado proceder com o plano cirúrgico.
Fatores clínicos de risco (preditores intermediários - Tabela 3) em paciente com capacidade funcional reduzida, com sintomatologia ou capacidade funcional indeterminada definirão a necessidade de intervenção mais ampla. O paciente sem fator de risco deve continuar a ser submetido à cirurgia proposta, sem mudança adicional na conduta. A vigência de um ou dois fatores de risco permite realizar a cirurgia com controle adequado da frequência cardíaca ou considerar se a realização de testes adicionais irá mudar a conduta. A identificação de três ou mais preditores indica que o índice de risco cardíaco específico é importante e novos testes devem ser pensados, se irão mudar a conduta (principalmente em cirurgia vascular).4,5
EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS
Nos pacientes com hipertensão arterial sistêmica, é importante verificar se há lesões de órgãos-alvo, além de doenças associadas como aterosclerose e diabetes mellitus.
É importante lembrar que nenhum exame deve ser realizado se não for modificar a conduta perioperatória.
Avaliação básica no paciente cardiopata é constituída por: hemograma, plaquetas, ureia, creatinina, glicemia e telerradiografia de tórax .6,7
Pode ser usada a monitorização ambulatorial da pressão arterial sistêmica no caso de níveis de difícil controle ou ajuste de medicamentos.
O ECG permite verificar a existência de ondas Q patogênicas, principalmente em pacientes com diabetes mellitus. O holter é muito sensível para detectar isquemia silenciosa. O teste ergométrico é o exame mais barato e menos invasivo para rastrear isquemia com boa especificidade e sensibilidade. A cintilografia com tálio-dipiridamol ajuda na avaliação de isquemia em pacientes que não podem se submeter a exercícios.8,9
A ecocardiografia de estresse permite avaliar a presença de isquemia e a dinâmica das paredes ventriculares. A ecocardiografia deve ser realizada em pacientes com dispneia de origem desconhecida, insuficiência cardíaca prévia com piora recente ou mudança do estado funcional. A avaliação de rotina da função ventricular esquerda não é recomendada.4 A angiografia coronariana é o melhor método para avaliar a anatomia das artérias coronárias, porém possui alto custo, é invasivo e pode trazer riscos para o paciente. A AHA e o ACC elaboraram um protocolo de condições clínicas que justificassem a realização do exame (Tabela 6).10
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Muitas medicações que os pacientes cardiopatas usam interagem com as drogas anestésicas. Não há recomendação atual para que o uso de qualquer droga seja suspenso antes do procedimento. Deve-se avaliar o caso de forma individual e estabelecer os riscos e os benefícios dessas interações. Algumas interações podem ser citadas com: a) tiazidas: a hipocalemia pode ser acentuada pela ventilação mecânica; b) propranolol: a bradicardia pode ser acentuada com agentes inalatórios; c) verapamil: há prolongamento, ao ECG, do segmento PR com o uso de halotano e risco de bloqueio atrioventricular total; d) nifedipina: pode potencializar os efeitos hipotensores dos halogenados; e) inibidores da enzima conversora de angiotensina e os antagonistas de receptor de angiotensina II podem causar hipotensão peroperatória; f) clonidina: a sua interrupção pode propiciar o desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica rebote. Reduz a necessidade de anestésicos e, se associada à raquianestesia, pode provocar bradicardia; g) metildopa: pode reduzir a necessidade de anestésicos em até 40%; h) amiodarona: interage com vários anestésicos e pode causar bradiarritmia refratária. Deve haver reserva de marca-passo; i) ácido acetilsalicílico (AAS), ticlopidina e cumarínicos: causam aumento do sangramento peroperatório.
MONITORIZAÇÃO
A monitorização básica do paciente cardiopata compreende o ECG com monitorização de ST, temperatura, oximetria, capnografia, diurese, gasometria arterial, ionograma e hematócrito. O conteúdo arterial de oxigênio é definido como: CaO2 = 1,36 x Hb x SaO2 + (0,0031 x PaO2). Esses pacientes devem estar, portanto, com níveis hematimétricos e oferta de oxigênio adequados.
Há indicação de monitorização invasiva, em algumas situações, como: valvopatia grave; angina instável ou angina estável classe III, infarto miocárdico recente, insuficiência cardíaca descompensada, procedimentos vasculares de grande porte e doença pulmonar obstrutiva grave.
A medida da pressão intra-arterial e da pressão venosa central são muito importantes, pois podem avaliar a função cardíaca e a volemia.
O cateter de artéria pulmonar pode ser muito útil, porém seus dados devem ser precisamente interpretados à luz das manifestações clínicas e o tratamento ajustado. Pode-se determinar o débito cardíaco com base no método de termodiluição e, indiretamente, calcular a resistência vascular sistêmica e pulmonar. Possui custo moderado e exige experiência do operador. A incorreta interpretação dos dados obtidos pode causar dano (nível de evidência B).4
O ecocardiograma transesofágico utilizado no período peroperatório constitui-se em instrumento importante na avaliação da função ventricular, no diagnóstico de isquemia (alterações segmentares da motilidade da parede) e disfunções valvares. A sua utilização, entretanto, requer alto custo e treinamento profissional.
O doppler esofágico contínuo tem apresentado algumas vantagens e pode ser utilizado para estimar o débito cardíaco, volume sistólico e índice cardíaco a partir da medida do fluxo sanguíneo na aorta ascendente. Seu custo é moderado e é simples de operar.
A tonometria gástrica detecta a quantidade de CO2 liberado pela mucosa gástrica e reflete a perfusão e a isquemia esplâncnica. Pode detectar alterações precoces de hipóxia tecidual.
RECOMENDAÇÕES PARA DOENÇAS ESPECÍFICAS
Coronariopatia
Pacientes coronariopatas, especialmente, devem receber a avaliação pré-anestésica e preparo psicológico, além de medicação pré-anestésica adequada, pois podem sofrer isquemia por ansiedade ao entrar na sala de operações. Deve-se notar que a angina instável é associada a alto risco de infarto perioperatório e que a cirurgia por si induz estado de hipercoagulação e liberação de hormônios que podem exacerbar a angina instável.6,7 Devem ser mantidas as medicações como: AAS, beta-bloqueadores e estatinas. Não há recomendação atual para suspender o AAS, a não ser que o risco de sangramento seja mais alto do que o paciente desenvolver síndrome coronariana. O beta-bloqueador introduzido no perioperatório reduz eventos isquêmicos e o óbito.11,12 São objetivos importantes manter a frequência cardíaca em até 60 bpm e evitar hipotensão arterial sistêmica e arritmias. Não há consenso quanto à necessidade ou não de se realizar cirurgia de revascularização miocárdica prévia ao procedimento cirúrgico.13 A norma da AHA/ACC traz cinco indicações classe I para revascularização coronária pré-operatória com bypass coronariano ou intervenção percutânea prévia a uma cirurgia não cardíaca: pacientes com angina estável, porém com estenose importante de tronco de coronária esquerda; angina estável, porém com doença em três vasos (o benefício de sobrevida é mais significativo se a fração de ejeção é inferior a 0,5); doença em dois vasos, com importante estenose de artéria descendente anterior e fração de ejeção inferior a 0,5 ou isquemia demonstrável em testes não invasivos; pacientes com angina instável de alto risco ou infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST; pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST. Como classe III, não é recomendada a revascularização profilática de rotina em pacientes com doença coronariana estável.
Valvopatias
Em todas as valvopatias, deve ser assegurada antibioticoterapia profilática para endocardite.
Devem ser instituídas as seguintes medidas: a) na estenose mitral: evitar taqui e bradicardia, manter o volume intravascular adequado e o ritmo sinusal; b) na insuficiência mitral: manter a resistência vascular sistêmica, manter frequência cardíaca acima de 80 bpm e evitar depressão miocárdica; c) na estenose aórtica: evitar taqui e bradicardia, manter volume intravascular e ritmo sinusal; d) na insuficiência aórtica: manter resistência vascular sistêmica, frequência cardíaca acima de 80 bpm e evitar depressão miocárdica; e) as arritmias sintomáticas devem ser prontamente tratadas de forma específica; f) marca-passo (MP): a avaliação pré-operatória deve determinar o tipo de dispositivo e suas características.14 A interferência eletromagnética (IEM) pode ocorrer com eletrocautério, ablação por radiofrequência, ressonância nuclear magnética ou radioterapia. A IEM pode resultar em disfunção ou eventos adversos. O MP deve ser idealmente reavaliado e reprogramado antes da cirurgia e, se isso não for possível, a instalação de imã sobre o MP reduz a interferência no mesmo. Os portadores de MP com desfibrilador devem tê-lo desligado devido à interferência com eletrocautério. Dar preferência ao bipolar com placa distante do coração e do MP.
REFERÊNCIAS
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