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CAPES/Qualis: B2
Menores níveis de adiponectina total associados com fatores de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes
Carolina Abade Barbosa1; Juliana Leal Maia da Rocha1; Lívia Costa Debossan1; Mayara Valadares Lanza França1; Renata Viana Hoffmann Monteiro Guedes1; Benedito de Oliveira Veiga1; Carla Márcia Moreira Lanna2; Vanessa de Almeida Belo1
1. Faculdade de Medicina de Barbacena
2. Universidade Federal de Juíz de Fora
Vanessa de Almeida Belo
Praça Pres. Antônio Carlos, 8 - São Sebastiao
Barbacena - MG, 36200-008
anessaabelo@yahoo.com.br
Resumo
Objetivo. Associar as concentrações dessa adipocina com fatores de risco cardiometabólicos (IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, TGL, HDL, colesterol e pressão arterial sistólica). Materiais e métodos. Crianças e adolescentes de 5 a 18 anos foram divididos em 3 grupos: 165 crianças/adolescentes saudáveis, 114 crianças/adolescentes com obesidade e 74 crianças/adolescentes com obesidade/hipertensão. As dosagens de APN total foram determinadas no plasma EDTA pelo método ELISA sandwich. ANOVA foi usada para comparar os grupos definidos pelos quartis de APN total em relação aos fatores de risco cardiometabólicos. Resultados. As crianças e os adolescentes com obesidade/hipertensão apresentaram menores níveis séricos de APN total (P<0,05). Menores níveis de APN total estão associados a fatores de risco metabólicos (IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, triglicerídeos, HDL, colesterol e pressão arterial sistólica) (P<0,05). Conclusão. Menores níveis de APN total são fatores associados à fatores de risco cardiometabólicos em crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Adiponectina. Obesidade infantil. Adipocina. Doenças cardiovasculares.
1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. O mais recente levantamento realizado pela OMS aponta que 39% dos adultos maiores de 18 anos eram sobrepesos e 13% eram obesos. Dessa forma, cerca de 2 bilhões de adultos em todo mundo estão acima do peso e, destes, mais de meio bilhão são considerados obesos. O número de crianças com sobrepeso com menos de cinco anos foi estimado em mais de 42 milhões1. No Brasil, observa-se o mesmo cenário preocupante. De acordo com o Ministério da Saúde, dados mostram que 52,9% da população brasileira apresenta sobrepeso, sendo 17,9% considerados obesos2,3, Além disso, a obesidade, que antes era mais frequente em adultos, hoje pode ser observada comumente em crianças e adolescentes, cuja prevalência é cerca de 16% entre os meninos e 11% entre as meninas com faixa etária de 5 a 18 anos2,3.
A obesidade é considerada o fator mais importante implicado na gênese da hipertensão na infância4,5. Como a pressão arterial elevada na infância é fator preditor de hipertensão arterial sisto-lica (HAS) na vida adulta6, a detecção precoce dessas alterações pode contribuir para o desenvolvimento de programas de saúde de caráter preventivo, com enfoque na mudança do estilo de vida, evitando-se que milhares de jovens desenvolvam prematuramente doenças cardiovasculares resultantes da hipertensão associada à obesidade. Portanto, tem-se que a busca por marcadores bioquímicos é considerada importante no prognóstico e prevenção de doenças cardiovasculares que podem ter início ainda na infância.
Além de sua função clássica de armazenamento de triglicerídeos (TGL), o tecido adiposo tem importantes funções como órgão en-dócrino ao liberar mediadores solúveis que são principalmente, mas não exclusivamente, produzidos pelos adipócitos, chamados adipo-cinas. Evidências sugerem que a produção desregulada e a liberação desses fatores pelos adipócitos possam contribuir para a alta prevalência de HAS na população obesa7,8. Neste contexto, a adiponec-tina sensibiliza o organismo à ação da insulina e está envolvida no metabolismo de glicose e de lipídeos, apresentando, ainda, efeitos anti-inflamatórios e anti-aterogênicos9,10. A adiponectina é encontrada na circulação na forma de três complexos oligoméricos: baixo (LMW), médio (MMW) e o de alto peso molecular (HMW); este último configura a isoforma mais ativa na proteção contra doenças cardiovasculares11. Hipoadiponectinemia é observada em crianças e adultos obesos12-14 e está relacionada a hipertensão associada à obe-sidade15. Níveis plasmáticos de adiponectina tem sido considerado um fator de risco independente para hipertensão16-18.
Nesse sentido, objetiva-se associar as concentrações dessa adi-pocina com fatores de risco cardiometabólicos (IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, TGL, HDL, colesterol e pressão arterial sistólica).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Seleção dos voluntários e coleta das amostras
Crianças e adolescentes de 5 a 18 anos, de ambos os sexos, foram avaliados e divididos em 3 grupos de voluntários (após esclarecimento e assinatura de termo de consentimento pelos seus responsáveis): 165 crianças/adolescentes saudáveis, 114 crianças/ adolescentes com obesidade e 74 crianças/adolescentes com obesi-dade/hipertensão. Os critérios de inclusão utilizados foram: crianças e adolescentes de 5 a 18 anos, IMC maior que o percentil de 95 de acordo com idade e sexo, PAS e/ou PAD maior que o percentil de 95 de acordo com idade e sexo. Já os critérios de exclusão para o estudo foram: uso de medicamentos, recusa em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, dificuldade de entendimento a respeito do estudo, gestação, diagnóstico prévio de HAS secundária e de Diabetes Mellitus.
As crianças e os adolescentes com obesidade foram recrutados dentre os acompanhados no Ambulatório de Endocrinologia Infantil do Instituto da Criança e do Adolescente - SUS - Juiz de Fora (MG) e no Ambulatório de Nefrologia Infantil da Fundação IMEPEN - UFJF. As crianças e os adolescentes saudáveis foram recrutados a partir da comunidade local de Juiz de Fora (MG). Na primeira consulta, após consentimento dos responsáveis, foi preenchida a ficha clínica com os dados dos pacientes (anamnese) e, em seguida, realizado o exame clínico dos parâmetros antropomé-tricos (peso, altura, IMC e, a partir da medida da circunferência do quadril e circunferência abdominal, foi calculada a razão entre elas). A obesidade foi definida como IMC maior que o percentil 95 de acordo com a idade e sexo19,20. Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram aferidas em três ocasiões e a presença de HAS foi definida com PAS e/ou PAD maior que o percentil 95 de acordo com a idade e sexo21. Na segunda consulta, os pacientes se dirigiram ao Ambulatório de Nefrologia Infantil da Fundação IMEPEN - UFJF pela manhã, em jejum de 12 horas, acompanhados pelos responsáveis, para uma coleta de 20 mL de sangue venoso. Nos voluntários com peso inferior a 30 kg e idade inferior a 8 anos, a coleta de sangue foi feita em dias alternados (10 mL em cada dia, com intervalo de dois dias entre as coletas).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (protocolo n°. 1942.001.2010) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
2.2 Determinação das concentrações plasmáticas de APN total
As dosagens de APN total foram determinadas no plasma EDTA pelo método de imunoensaio enzimático competitivo (ELISA sandwich). Para a dosagem foi empregados os kits SRP300. De forma resumida, as amostras de plasma foram diluídas (1:100) em reagente diluente RD6-61 disponibilizado no kit. A curva padrão foi diluída de forma seriada conforme indicação do fabricante (250 ng/mL; 125 ng/mL; 62,5 ng/mL; 31,3 ng/mL; 15,6 ng/Ml; 7,8 ng/mL; 3,9 ng/mL). Foram aplicados 50 pL de padrão, controle ou amostras em cada poço da microplaca já sensibilizada com anticorpo primário, sendo as placas incubadas por 3 horas em temperatura ambiente. Decorrido este tempo, as placas foram lavadas com tampão disponibilizado no kit. Após a lavagem, as amostras, os padrões e os controles, foram incubados com 200 pL de anticorpo secundário conjugado por 1 hora em temperatura ambiente. Em seguida, as placas novamente foram lavadas com tampão disponibilizado no kit, sendo adicionados 200 pL de solução substrato em cada poço por 30 minutos, protegendo da luz. Por fim, a solução STOP foi adicionada e realizada a leitura da densidade óptica em espectrofotômetro 540 nm.
2.3 Avaliações bioquímicas
O perfil lipídico dos pacientes foi avaliado através da dosagem das concentrações de colesterol total, TGL, HDL e LDL. Além disso, foi avaliada a glicemia para descartar a possibilidade de Diabetes Mellitus. Foram coletados 8 mL de sangue e adicionados a um tubo à vácuo sem anticoagulante para separação de soro. As concentrações de colesterol total, HDL e TGL foram determinadas por métodos enzimático-colorimétricos de rotina utilizando kits Lab-test Diagnóstica. As concentrações séricas de VLDL e LDL foram determinadas pelas equações de FRIEDWALD: VLDL = TGL/5; LDL = (Colesterol total - HDL) - (TGL/5). Para realização da gli-cemia utilizou-se tubo Vacuntainer adicionado de citrato. O sangue foi centrifugado por 10 min a 1700 xg para separação do plasma e dosagem da glicemia. Os exames foram realizados utilizando Kits Labtest de acordo com as instruções do fabricante. As concentrações de insulina foram determinadas em plasma EDTA pelo método de imunoensaio enzimático competitivo (ELISA sandwich), seguindo as orientações do fabricante (Gênese, Produtos Diagnósticos, São Paulo, Brasil). Para estimar a resistência à insulina foi calculado o Homeostasis ModelAssessment Index (HOMA-IR)22.
2.4 Avaliação e análise dos resultados
Os resultados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade e, quando apresentaram distribuição normal, foram analisados com estatística paramétrica. Para os dados que não apresentaram distribuição normal, foram usados testes estatísticos não paramé-tricos. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Análise de variância (ANOVA) com um fator foi usada para comparar os grupos de estudo e os grupos definidos pelos quartis de APN total em relação aos fatores de riscos metabólicos (IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, TGL, HDL, colesterol, PAS). Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
As análises estatísticas foram feitas usando o GraphPad PRIMS® software versão 7.0 (Califórnia, USA).
Para avaliar a associação entre os quartis de APN total e com a presença de obesidade e de obesidade/hipertensão foi usado o Teste Exato de Fischer. A medida de associação utilizada foi o Odds Ratio (OR).
3. RESULTADOS
No presente estudo foram avaliados 353 crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos, sendo 57,2% do sexo feminino. As características gerais do contingente populacional analisado estão representadas na Tabela 1. Pode-se observar que o grupo com obesidade apresentou IMC e razão cintura/quadril maiores do que o grupo controle (p<0,05). Ademais, foi constatada que a pressão arterial média e HOMA-IR também apresentaram, de modo significativo, níveis mais elevados nos obesos com hipertensão do que nos obesos e nos controles. Entretanto, o HDL foi maior no grupo controle do que nos demais grupos.
Para avaliar o efeito dos níveis de APN total nos fatores de risco metabólicos, as concentrações plasmáticas de APN total foram estratifi cadas em intervalos interquartis (0-25%; 25-50%; 50-75% e 75-100%). Não foi observada associação entre APN total e idade entre os participantes do sexo masculino. No entanto, entre as participantes do sexo feminino foram encontradas menores concentrações de APN total (Q1) em crianças com idades superiores (P<0,05; Figura 1A). Além disso, valores elevados de IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, TGL e PAS foram observados nas menores concentrações de APN total (P<0,05; Figuras 1B, 1C, 1D, 1F e 1G). Em contrapartida, maiores níveis de HDL foram observados nos maiores níveis de APN total (P<0,05; Figura 1E). Em relação ao colesterol total, não houve diferença signifi cativa entre os intervalos interquartis (P>0,05; Figura 1H).
Com a finalidade de avaliar a força da associação entre APN total com a obesidade e a hipertensão foi utilizado o cálculo de OR. Para tanto, foi usado como referência o intervalo interquartil Q1 de APN total para todos os grupos de estudo. Na análise da APN total (Tabela 2), as maiores concentrações (Q4) estão associadas à proteção contra obesidade em crianças e adolescentes (OR=0,34; IC 95% 0,15-0,72; p=0,07). As concentrações intermediárias Q2 (OR=0,24; IC 95% 0,10-0,58; p=0,001) e Q3 (OR=0,28; IC 95% 0,11-0,74; p=0,001) e as concentrações maiores Q4 de APN total são fatores protetores para hipertensão em crianças e adolescentes (OR=0,27; IC 95% 0,09-0,80; p=0,01).
4. DISCUSSÃO
O presente trabalho mostrou que: 1) menores níveis de APN total estão associados à obesidade e hipertensão em crianças e adolescentes; 2) menores níveis de APN total estão associados a fatores de risco cardiometabólicos (IMC, circunferência abdominal, HO-MA-IR, TGL, HDL, colesterol e PAS) e 3) maiores níveis de APN total estão associados a maiores valores de colesterol HDL.
A obesidade é considerada o fator mais importante implicado na gênese da hipertensão na infância4,5. No Brasil são escassos os dados epidemiológicos referentes à prevalência dessa doença em crianças e adolescentes que sejam capazes de traçar um panorama da hipertensão em todo o território nacional. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, 25% dos brasileiros são hipertensos, chegando a mais de 50% após os 60 anos e 5% na população pediátrica. Um estudo recente realizado em Botucatu (SP) com 903 crianças e adolescentes encontrou uma prevalência de pré-hiperten-são e hipertensão de 9,1% e 2,9%, respectivamente, correlacionando-se positivamente com indicadores antropométricos elevados, o que sinaliza a influência do excesso de peso na pressão arterial já na infância23. Como a PAS elevada nessa faixa etária é fator preditor de hipertensão arterial na vida adulta6, a detecção precoce dessas alterações pode contribuir para o desenvolvimento de programas de saúde de caráter preventivo, com enfoque na mudança do estilo de vida, evitando-se que milhares de jovens desenvolvam prematuramente doenças cardiovasculares resultantes da hipertensão associada à obesidade. Portanto, a busca por marcadores genéticos e bioquímicos é considerada importante no prognóstico e na prevenção de doenças cardiovasculares que podem ter início ainda na infância, tornando-se uma ferramenta importante na Atenção Primária à Saúde.
O tecido adiposo, além de armazenar TGL, produz substâncias bioativas, chamadas adipocinas, que estão envolvidas na homeosta-se de energia, na regulação neuroendócrina e nas funções autônomas e imunes24. Ademais, os adipócitos também sintetizam e liberam vários fatores que têm sido associados ao controle da pressão arterial, tais como: adiponectina, leptina, angiotensina, visfatina e resistina.
Estudos prévios têm mostrado que a adiponectina apresenta efeitos protetores na hipertensão através do estímulo à formação de óxido nítrico (NO), principal vasodilatador endógeno, com propriedades anti-inflamatórias e antiaterogênicas25. Ademais, essa adipocina é capaz de diminuir a atividade de expressão de metaloproteinases de matrix extracelular do tipo 2 (MMP-2)26, enzima que tem sido implicada na remodelação vascular associada com a hipertensão em estudos clínicos e experimentais27-30. Corroborando esses achados, um estudo mostrou que a biodisponibilidade de NO foi positivamente afetada pelas concentrações de adiponectina no plasma de crianças e adolescentes14. Em contrapartida, as concentrações plasmáticas de MMP-2 foram negativamente afetadas pela adiponectina31.
Nesse sentido, estudos clínicos têm explorado a relação entre adiponectina e pressão arterial, reportando que os níveis de adiponectina foram negativamente associados com PAS no sexo masculino32. Segundo Shatat e colaboradores, adolescentes com obesidade e menores níveis de adiponectina apresentaram maiores níveis de pressões sistólicas e diastólicas33. Recentemente, outro estudo demonstrou que crianças e adolescentes com obesidade e hipertensos apresentaram menores concentrações plasmáticas de adiponectina quando comparados ao grupo de crianças e adolescentes com obesidade e saudáveis14. Embora existam estudos que avaliem as isoformas de adiponectina no plasma em crianças e adolescentes com obesidade34-36, não há estudos que tenham avaliado essas isoformas na hipertensão associada à obesidade em crianças e adolescentes.
No presente trabalho, observou-se que menores níveis de APN total estão associados à hipertensão em crianças com obesidade. Ratificando os achados, estudos clínicos têm demonstrado associação negativa entre adiponectina e pressão arterial em crianças com obesidade22,32.
Constatou-se que a adiponectina tem papel protetor em alterações cardiovasculares, visto que os resultados encontrados no cálculo de OR foram menores que um, mostrando que indivíduos expostos a menores níveis de adiponectina têm maior risco cardio-vascular.
Os níveis de APN total foram estratificados em intervalos interquartis referentes às concentrações plasmáticas (Q1: menores concentrações; Q2 e Q3: concentrações intermediárias; Q4: concentrações maiores). Os resultados encontrados mostram que os intervalos interquartis Q4 de APN total são associados com as menores medidas de IMC, circunferência abdominal, HOMA-IR, TGL e PAS, demonstrando a correlação protetora da APN total no desenvolvimento de síndrome metabólica em crianças e adolescentes. Contudo, o intervalo interquartil Q1 de APN total está associado com os maiores valores desses fatores de risco metabó-licos. Validando os achados descritos, níveis baixos de APN total têm sido inversamente associados à resistência à insulina, cintura abdominal, TGL e PAS em adolescentes21. Em contrapartida, os níveis de HDL estão positivamente associados com os níveis de APN total. De forma semelhante, um estudo mostrou associação positiva entre APN total com os níveis de HDL21, o que reforça a função cardioprotetora dessa adipocina, uma vez que o aumento de níveis de HDL previne a formação de placas ateroscleróticas37,38.
5. CONCLUSÃO
Baixos níveis de APN total foram associados com fatores de risco metabólicos, sendo recomendada a utilização dessas adipoci-nas como preditoras de síndrome metabólica em crianças e adolescentes obesos. Maiores níveis de APN total são fatores protetores associados à obesidade e hipertensão em crianças e adolescentes. Com base nesses resultados, conclui-se que a adiponectina pode ser um importante mediador na patogênese da hipertensão associada à obesidade.
6. AGRADECIMENTOS
Aos Professores Dr. José Eduardo Tanus Santos do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - FMRP-USP e Dr. Riccardo Lacchini da Escola de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP pelo suporte intelectual e financeiro.
Aos pacientes pela disponibilidade e colaboração.
À orientadora Prof. Dra. Vanessa de Almeida Belo pela oportunidade, apoio e confiança.
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