RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Número Atual: 34 e-34114 DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.2024e34114

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Artigo Original

O período de hospitalização e o uso de ventilação mecânica em pacientes com COVID-19 aumentam a ocorrência de incidentes não infecciosos: um estudo observacional retrospectivo

The period of hospitalization and use of mechanical ventilation in patients with COVID-19 increases the occurrence of non-infectious incidents: a retrospective observational study

Ana Karolina Lima Souza; Ana Carolina Diniz; Flávia de Paula Castro Ferreira; Ana Flávia Nunes Faiad; Bruno Porto Pessoa; Maria da Glória Rodrigues Machado; Amanda Aparecida Oliveira Leopoldino

Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Endereço para correspondência

Amanda Aparecida Oliveira Leopoldino
Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais Alameda Ezequiel Dias, 275 - Centro
Belo Horizonte - MG, 30120-010 -Brasil
E-mail: aoliveiraleopoldino@gmail.com

Recebido em: 27 Dezembro 2023.
Aprovado em: 3 Março 2024.
Data de Publicação: 19 Novembro 2024.

Editor Associado Responsável:
Dr. Nestor Barbosa de Andrade
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia/MG, Brasil

Conflito de Interesse: Os autores declaram não ter conflitos de interesse.

Fontes apoiadoras: Este estudo foi financiado pelo Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PROBIC) da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG).

Comitê de Ética: Número do Parecer - CAAE: 43076520.6.0000.5134

Resumo

INTRODUÇÃO: A ocorrência de incidentes no âmbito hospitalar impacta o prognóstico do paciente e a atuação da equipe interdisciplinar é fundamental para a mitigação de incidentes relacionados à assistência.
OBJETIVO: Investigar as notificações de incidentes não infecciosos monitorados por fisioterapeutas em pacientes diagnosticados com COVID-19 e a sua relação com o tempo de internação hospitalar e uso de ventilação mecânica.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo com uma amostra, alocado por conveniência, composta por pacientes com COVID-19 internados em um hospital público brasileiro no período de março de 2020 a dezembro de 2021. Foram compilados os seguintes dados para caracterização da amostra: idade, sexo, doenças crônicas não transmissíveis, descrição da gravidade pela metodologia Related Diagnostics Group (RDG), tempo de internação hospitalar previsto, tempo de internação hospitalar realizada, ocorrência do incidente não infeccioso, exposição à ventilação mecânica (VM) e desfecho hospitalar (alta/transferência/óbito). Para análise de correlação entre as variáveis categóricas foram utilizados os testes Qui-quadrado, Fisher e Monte Carlo. O nível de significância considerado foi p<0,05.
RESULTADOS: Foram incluídos 90 prontuários no estudo (65,6±14,7 anos, 55,6% do sexo masculino). A ocorrência de incidentes não infecciosos foi significativa no tempo de internação na unidade de terapia intensiva (p<0,007), tempo de VM (p<0,020) e desfecho de óbito 70,6% (p<0,001).
CONCLUSÃO: O aumento do tempo de internação hospitalar associado ao uso de VM em pacientes com COVID-19 contribui para uma maior ocorrência de incidentes não infecciosos nessa população.

Palavras-chave: COVID-19; Segurança do paciente; Tempo de Internação; Ventilação mecânica.

 

INTRODUÇÃO

Coronavirus disease 19 (COVID-19), causada pelo severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2), foi classificada como o terceiro surto originado por esse vírus. O primeiro deles foi causado pelo SARS-CoV (2003) e o segundo pelo Middle East Respiratory Syndrome-Coronavirus (MERS-CoV) em 2012 no Oriente Médio1. Em fevereiro de 2020, foi registrado no Brasil o primeiro caso de COVID-19 e, em março do mesmo ano, foi decretada situação de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido à alta transmissão da doença2. Dados atuais de setembro de 2023 revelam a ocorrência de quase sete milhões de óbitos em âmbito mundial causados pela contaminação da COVID-19, sendo cerca de 700 mil óbitos ocorridos no Brasil3.

A faixa etária do paciente e a sua carga de morbidades possuem relação com o aumento dos desfechos desfavoráveis, como maior tempo de internação hospitalar, aumento da demanda de tratamentos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uso de Ventilação Mecânica (VM) e aumento da taxa de óbitos2. Pessoas diagnosticadas com doenças crônicas não transmissíveis, que são condições de saúde de lento desenvolvimento e longa duração, possuem maior probabilidade de ter sintomas graves quando infectadas pelo vírus da COVID-19. As doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e diabetes são as mais relevantes. A maioria dos casos graves de COVID-19 afeta adultos com mais de 60 anos e aqueles que possuem tais doenças crônicas4.

Além desses fatores, a ocorrência de incidentes no âmbito hospitalar impacta o prognóstico do paciente5. A Classificação Internacional de Segurança do Paciente, definida pela OMS, considera incidente como "evento ou circunstância que pode resultar em dano desnecessário ao paciente", sendo classificados em circunstâncias notificáveis, near miss, incidente sem danos e incidente com dano/evento adverso6. Diante disso, a atuação da equipe interdisciplinar é fundamental para a mitigação de incidentes relacionados à assistência7, sendo atribuído ao fisioterapeuta assegurar a funcionalidade e contribuir de maneira positiva nos desfechos clínicos8,9.

Detectar os potenciais incidentes pode contribuir na otimização de estratégias que favoreçam a qualidade da assistência e a segurança do paciente no período de internação hospitalar10. Embora existam estudos que relacionem a participação do fisioterapeuta na notificação de incidentes durante a sua atuação10,11, ainda é escassa na literatura a descrição desses incidentes de acordo com a classificação definida pela OMS e a sua atuação de modo preventivo. Com a COVID-19, as notificações de incidentes no ambiente hospitalar passaram a ser delimitadas aos eventos adversos infecciosos12. Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar as notificações de incidentes não infecciosos monitorados por fisioterapeutas em pacientes diagnosticados com COVID-19 e a sua relação com o tempo de internação hospitalar e uso de VM.

 

MÉTODOS

Delineamento do estudo

Tratou-se de um estudo observacional de caráter retrospectivo que seguiu as recomendações do Strengthening the reporting of Observational studies in Epidemiology (STROBE)13. Foi realizado em um hospital público em uma capital metropolitana brasileira, no período de março de 2020 a dezembro de 2021.

Amostra

Os critérios de elegibilidade foram: prontuários de pacientes diagnosticados com COVID-19, com idade ≥18 anos, com doenças crônicas não transmissíveis, com internação hospitalar ≥24 horas, expostos ou não a incidentes não infecciosos. Os pacientes elegíveis foram recrutados por meio da amostra por conveniência, sendo considerada toda a população do período previamente estipulado.

Prontuários com informações incompletas ou incompreensíveis, pacientes com doenças neurodegenerativas e que não passaram pela assistência fisioterapêutica durante o período de internação foram excluídos.

Coleta de dados e varIáveIs do estudo

As variáveis foram coletadas por meio de prontuário eletrônico e dados cedidos pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) que forneceu a listagem dos pacientes que foram diagnosticados com COVID-19 por meio do teste rápido de SWAB nasal do laboratório de análises clínicas do próprio hospital e confirmado pelo teste de reação em Reverse transcription polymerase chain reaction (RT-PCR) realizado pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED). O Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) forneceu a listagem dos pacientes com notificações de incidentes não infecciosos e o Related Diagnostics Group (DRG Brasil®) forneceu dados relacionados ao perfil do paciente durante o período de internação.

A variável independente do estudo foi o incidente não infeccioso e as variáveis dependentes foram o tempo de internação hospitalar e o uso de VM.

Os seguintes dados sociodemográficos e clínicos foram compilados para identificar e caracterizar a amostra: idade, sexo, doenças crônicas não transmissíveis, descrição da gravidade pela metodologia DRG, tempo de internação hospitalar previsto, tempo de internação hospitalar realizado, ocorrência do incidente não infeccioso, uso da VM e desfecho hospitalar (alta, transferência e óbito).

DRG Brasil®

É uma ferramenta de gestão hospitalar que permite categorizar os pacientes de acordo com as características sociais, demográficas, nosológicas e terapêuticas similares para seu agrupamento e é utilizada para avaliar a eficiência dos serviços e garantir segurança assistencial ao paciente14. O DRG classifica o nível de gravidade do paciente por meio do Major diagnostic categories (MDC) que considera três níveis hierárquicos de complexidade, sendo o de menor complexidade aquele sem comorbidades ou complicações (CC), o intermediário com CC, e o de maior complexidade com comorbidades e complicações (MCC). Ademais, pacientes que usaram Extracorporeal Membrane Oxygenation (ECMO) e traqueostomia com VM por mais de 96 horas não são categorizados no MDC5,14,15. Aliado ao MDC,

o DRG proporciona o Case Mix, o qual utiliza variáveis, tais como diagnósticos principais e secundários, tipo de tratamento, idade e sexo do paciente, cirurgia, existência de comorbidades/condições adquiridas e situação de alta e procedimentos realizados, para definir e agrupar o perfil de pacientes. O valor final do Case Mix varia de acordo com o perfil de pacientes atendidos pela instituição, o que torna um dado importante para a mensuração do desempenho hospitalar em relação à gravidade do paciente16. Não é descrito na literatura o ponto de corte para o Case Mix, porém quanto maior o valor do Case Mix, maior será o nível de gravidade e custos destinados aos cuidados assistenciais, o que nos permite relacionar a assistência prestada com a eficiência, efetividade e resultados obtidos16.

Incidentes não infecciosos

Pela classificação da OMS, os incidentes são classificados em circunstância notificável: antecede o incidente, uma visão preventiva; near miss: percepção do erro antes que afete o paciente; incidente sem dano e incidente com dano/evento adverso6. Os incidentes com dano, conhecidos como eventos adversos, são classificados em: dano leve, dano moderado, dano grave e óbito17.

Os incidentes não infecciosos deste estudo foram coletados por meio da ficha de notificação de incidentes do hospital, disponibilizada por prontuário eletrônico e confirmada pelo NSP. A ficha contempla dados para auxiliar na investigação dos incidentes ocorridos na instituição, tais como: o nome do incidente, o tipo e a classificação do incidente, uma breve descrição do cenário da ocorrência, a ação imediata realizada perante o ocorrido, a data da ocorrência, o profissional que notificou e o turno da ocorrência separados por manhã (8h às 13h), tarde (13h01 às 18h) e noite (18h01 às 22h).

As descrições dos incidentes não infecciosos (Tabela 1) são definidas por meio de uma classificação interna hospitalar própria advinda do NSP afim de categorizar os incidentes não infecciosos.

 

 

Os incidentes não infecciosos são monitorados pela equipe interprofissional, no entanto os incidentes monitorados pelos fisioterapeutas referem-se àqueles que ocorreram durante a sua assistência ou que fazem parte da sua área de domínio de atuação.

Semestralmente os profissionais desse hospital público são capacitados para realização da notificação dos incidentes, como modo de disseminar a cultura da segurança assistencial.É importante ressaltar que os incidentes notificados não necessariamente ocorreram durante a prestação da assistência diretamente ao paciente.

Aspectos éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) sob o parecer CAAE: 43076520.6.0000.5134. Neste estudo foi dispensada a utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em razão de ser um estudo retrospectivo com análise de prontuário, o que gera impossibilidade de contatar todos os pacientes aos quais se analisou os prontuários e muitos deles já falecidos.

Análise estatística

A análise descritiva da amostra foi realizada por meio de medidas de tendência central e de dispersão (média, mediana, desvio-padrão e percentis 25 e 75) para as variáveis contínuas e por meio de medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%) para as variáveis categóricas. As variáveis quantitativas (idade, tempo de internação, tempo de VM, tempo de internação prevista e realizada no centro de terapia intensiva, tempo de internação hospitalar prevista e número de incidentes não infecciosos) foram testadas quanto à normalidade pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. A comparação das variáveis foi realizada pelo Teste t não pareado ou Mann-Whitney quando apropriado.

Para caracterização da amostra com ocorrência de incidente não infeccioso, foram utilizados testes não paramétricos em função de a amostra ser reduzida (17 pacientes). As variáveis idade, Case Mix, tempo de VM e todas relacionadas à permanência hospitalar foram comparadas quanto ao incidente com e sem danos pelo teste de Mann-Whitney. Para as variáveis categóricas foram utilizados os testes Qui-quadrado com simulação de Monte Carlo para as variáveis: desfecho hospitalar, classificação do MDC e número de doenças crônicas. Para as variáveis sexo, hipertensão arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, cardiomiopatia, doença renal crônica e uso de VM foi utilizado o teste de Fisher.

Em todos os testes, o nível de significância considerado foi p<0,05 e o software utilizado para as análises foi o SPSS (Statistical Package for the Social Science) versão 25.0.

 

RESULTADOS

Foram analisados 174 prontuários, sendo que 84 prontuários com informações incompletas, pacientes com doenças neurodegenerativas e que não passaram pela assistência fisioterapêutica durante o período de internação foram excluídos. Desse modo, a amostra deste estudo foi composta por 90 pacientes com diagnóstico de COVID-19, caracterizada por alta prevalência de diabetes mellitus (36,7%) e maior nível de gravidade de acordo com o MDC (46,7%) (Tabela 2).

 

 

A Tabela 3 compara as variáveis do estudo dos pacientes com e sem presença de incidentes não infecciosos. O sexo masculino e idade ≥65 anos prevaleceram em ambos os grupos. O tempo de uso da VM (p<0,020) e o tempo de internação na UTI (p<0,007) foram significativamente maiores nos pacientes com presença de incidentes não infecciosos em comparação com os sem. Na classificação MDC, 52,9% da categoria com incidentes não infecciosos apresentou ECMO ou traqueostomia com VM com mais 96 horas, enquanto 50,7% dos pacientes sem presença de incidentes não infecciosos apresentaram nível maior de gravidade. No entanto, naqueles pacientes com ocorrência de incidentes não infecciosos o Case Mix foi significativamente maior (p=0,005). Nos pacientes com incidentes não infecciosos prevaleceu o desfecho óbito (70,6%), enquanto nos pacientes sem incidentes não infecciosos prevaleceu o desfecho de transferência (61,6%).

 

 

Dentre os 50 incidentes não infecciosos notificados nos 17 pacientes, 18 (36%) não estavam relacionados à VM, sendo os mais frequentes a falha na montagem do leito (8%), risco de broncoaspiração sem prótese respiratória (6%), higiene oral inadequada (6%), inefetividade da fixação de sonda nasoentérica e sonda nasogástrica (SNE/SNG) (6%) e broncoaspiração sem prótese ventilatória (4%). Incidentes não infecciosos relacionados à VM totalizaram 32 (64%), sendo os mais frequentes inefetividade da fixação de traqueostomia e tubo orotraqueal (TQT/TOT) (10%), extubação acidental (8%), inefetividade do fluxo aéreo (8%), lesão de pele por dispositivo (8%), inefetividade do balonete (4%), inefetividade da oxigenação (4%) e pneumotórax por ventilação mecânica invasiva (VMI) (4%).

Na Tabela 4, os tipos de incidentes não infecciosos foram agrupados em "incidente não infeccioso sem danos", que são os incidentes que não atingiram ou não resultaram em danos ao paciente, dessa forma incluem-se near miss, circunstâncias notificáveis e incidente sem danos. No agrupamento "incidente não infeccioso com dano", são os incidentes que atingiram o paciente e resultaram em dano, dessa forma incluem-se incidentes de dano leve, moderado e grave. Assim, é exposta a comparação entre os grupos que foram subdivididos pelo número de ocorrências da amostra referente aos 17 pacientes que tiveram algum incidente. Embora a comparação não apresente diferenças estatisticamente significativas (p<0,05), os dados são importantes para caracterizar essa amostra.

 

 

Ao analisar o grupo de pacientes que tiveram 1 ou mais incidente com dano, observa-se na Tabela 5 que o tempo de internação hospitalar realizado foi estatisticamente significativo (p=0,019) e maior quando comparado aos pacientes que não tiveram incidente com dano. Além disso, embora o resultado não se apresente como estatisticamente significativo (p=0,133), nota-se que os pacientes com ocorrência de um ou mais incidentes com dano apresentam maior tempo de uso de VM.

 

 

Dos 50 incidentes não infecciosos ocorridos em 17 pacientes, 39 (78%) foram notificados por fisioterapeutas, sendo 25 (50%) circunstâncias notificáveis, seis (12%) incidentes de danos leves, três (6%) incidentes de danos moderados e cinco (10%) incidentes de danos graves. Os outros onze (22%) incidentes não infecciosos foram notificados por fonoaudiólogos, sendo 9 (18%) circunstâncias notificáveis, um (2%) incidente de dano moderado e um (2%) incidente de dano grave. A proporção de ocorrência foi de 2,94 incidentes não infecciosos por paciente (n=17) e de 0,55 incidente não infeccioso por paciente em relação ao número total da amostra (n=90).

Em relação ao turno, os incidentes não infecciosos ocorreram em maior proporção no período da manhã, sendo 58% circunstâncias notificáveis, 10% incidentes de danos leves, 6% incidentes de danos moderados e 10% incidentes de danos graves. No turno da tarde ocorreram 8% circunstâncias notificáveis, 2% incidentes de danos leves, 2% incidentes de danos moderados e 2% de incidentes de danos graves e no turno da noite apenas 2% circunstâncias notificáveis.

 

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstram que os pacientes diagnosticados com COVID-19 que apresentam maior tempo de internação hospitalar e uso de VM estão expostos a uma maior ocorrência de incidentes não infecciosos. Tais achados são de extrema relevância, visto que sua presença contribui para o óbito, conforme demonstrado em estudo prévio18.

A prevalência do diagnóstico da COVID-19 em homens com idade maior que 60 anos e com doenças crônicas associadas apresenta-se na literatura como fator de risco para exacerbação do quadro clínico da COVID-1919-23. Embora o presente estudo não tenha correlacionado a presença de doenças crônicas como fator de mortalidade para essa população, é descrito em outros estudos a associação entre a presença de doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, cardiomiopatia e doença renal crônica como preditores de mortalidade durante o período de infecção da COVID-1919-23. Tais discrepâncias podem ser explicadas pela alta taxa de transferências dos pacientes, visto que o centro do estudo não é referência para o tratamento de pacientes com COVID-19.

Pacientes infectados pelo vírus da COVID-19 apresentam inicialmente sintomas semelhantes aos da gripe, e alguns evoluem rapidamente para lesão pulmonar aguda grave, conhecida como síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)6,7. No geral, entre um quarto e um terço dos pacientes hospitalizados acabarão sendo admitidos na UTI, os quais farão uso prolongado de VM e maior tempo de internação na UTI6,7. Um corpo de evidências mostra que a permanência prolongada nesse ambiente está associada ao aumento dos desfechos de óbito desses pacientes12,24-27. Um estudo realizado na região metropolitana de Detroit, nos Estados Unidos da América (EUA), com uma amostra de 463 pacientes diagnosticados com COVID-19, com média de idade de 57,5 anos e pelo menos uma doença crônica associada, demonstrou que 73,8% dos indivíduos tiveram uma permanência hospitalar média de 8,5 dias27. Esses resultados são semelhantes aos nossos, visto que a amostra estudada é aproximadamente cinco vezes menor quando comparada ao estudo de Detroit. Portanto, o presente estudo corrobora os resultados encontrados previamente em relação ao tempo prolongado de internação hospitalar27.

Ao analisar a associação entre o uso de VM e o aumento da mortalidade, é necessário destacar que existem evidências que relacionam a ocorrência de incidentes a desfechos desfavoráveis ao paciente crítico18,28. De acordo com Alonso-Ovies et al. (2018)29, pacientes em uso de VM ou isolamento aéreo apresentam maior risco de ter incidente com dano. Tais achados foram evidenciados no presente estudo, visto que o número médio de dias de permanência na VM foi aproximadamente o dobro nos pacientes que tiveram a ocorrência de incidentes quando comparados aos que não tiveram. Adicionalmente, foi constatado que a exposição ao incidente torna o paciente suscetível a um maior risco de ocorrência de novos eventos30. Nesse sentido, este estudo reforça que pacientes em uso de VM devem ser monitorados com constância pela equipe multidisciplinar devido à sua relação com aumento da mortalidade.

No presente estudo, foi utilizada a metodologia DRG aliada ao Case Mix, a qual categoriza e valoriza a população demandante dos serviços de saúde por meio da análise da gravidade, dos custos e da complexidade. No estudo de Couto et al. (2018)5, em consonância com a presente pesquisa, observou-se que pacientes com COVID-19 que tiveram incidente durante a internação permaneceram por maior tempo em VM invasiva e maior tempo no CTI, com Case Mix significativamente maior. O Case Mix elevado remete à maior ineficiência dos custos assistenciais destinados ao paciente que intercorre com incidente, e tal condição adquirida gera desperdício financeiro ao hospital. Sendo assim, tais achados reforçam a importância da monitoração e prevenção dos incidentes.

Foi observado que os pacientes que tiveram algum tipo de incidente não infeccioso apresentaram maior incidência de desfecho óbito quando comparado aos pacientes que não foram expostos. Tal fato corrobora os achados na literatura que constatam a relação entre óbito e ocorrência de incidentes31-33. No entanto, os resultados deste estudo limitam essa associação, visto que não foi realizada análise estatística específica para avaliar o impacto dos incidentes na sobrevida desses pacientes.

Durante o período pandêmico, verificou-se redução das notificações de incidentes não infecciosos sem danos e aumento dos incidentes com danos graves naqueles pacientes críticos, os quais necessitam de maior monitoramento. Tais incidentes, na sua grande maioria, poderiam ter sido evitados7,34. De acordo com o "Boletim de Segurança do Paciente e Qualidade de Serviços em Saúde", falhas durante a assistência correspondem ao segundo incidente mais notificado em hospitais brasileiros entre os anos de 2014 e 202132. No presente estudo, evidenciou de modo expressivo que o número de notificações de circunstâncias notificáveis superou a de incidentes com dano. Nesse sentido, é possível inferir que as circunstâncias notificáveis podem servir como alerta para gestão hospitalar a fim de maximizar a segurança do paciente, visto que esse ocorrido pode ser decorrente de uma falha humana.

Uma das atribuições do fisioterapeuta hospitalar é contribuir com o trabalho interdisciplinar na criação de protocolos para prevenção de complicações clínicas e adquiridas durante o período de internação35. O atual estudo demostra que o fisioterapeuta foi o profissional que mais notificou os incidentes durante a internação, com maior proporção de notificações no turno da manhã, fato o qual se justifica pelo centro do estudo não oferecer cobertura da fisioterapia por 24 horas e as notificações dos incidentes ocorrerem de forma retroativa no plantão seguinte do profissional. Além disso, 50% das circunstâncias notificáveis foram notificadas pelo fisioterapeuta e 28% de incidentes com dano durante o período de internação. Em contraponto com os achados descritos, outros autores apresentam as notificações de incidentes somente durante a atuação do fisioterapeuta e incidentes apenas direcionados ao cuidado de enfermagem10,18,36. Sendo assim, percebe-se uma restrição da visão sistematizada do cuidado multiprofissional.

O presente estudo apresenta pontos metodológicos fortes e implicações clínicas. Pacientes com perfil clínico demonstrado neste estudo podem apresentar maior predisposição de exposição ao acontecimento de incidentes não infecciosos com dano. Sendo assim, os resultados visam alertar sobre a importância de garantir maior assistência para esses pacientes, na intenção de prevenir que sejam expostos a incidentes não infecciosos com dano por meio das circunstâncias notificáveis.

Embora o presente estudo tenha observado evidências relevantes para a literatura, este apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Primeiro, o estudo foi realizado em um único centro, o qual não era referência para pacientes diagnosticados com COVID-19, fato que não permitiu acompanhar de forma absoluta o período de internação dos pacientes elegíveis do estudo devido à alta taxa de transferência hospitalar. Além disso, os incidentes não infecciosos não monitorados pelos fisioterapeutas, tais como lesão por pressão e perda de acessos invasivos, não foram considerados, visto que tais notificações são realizadas por outros profissionais. Assim, o número de incidentes não infecciosos ocorridos por paciente pode ter sido subestimado com a ausência dessas informações que são monitoradas por outros profissionais.

 

CONCLUSÃO

O aumento do tempo de internação hospitalar associado ao uso de VM em pacientes com COVID-19 contribui para uma maior ocorrência de incidentes não infecciosos nessa população. Em concordância com desfechos previamente apresentados na literatura, pode-se observar a importância do acompanhamento das notificações dos incidentes. Somado a isso, é necessário que estratégias sejam implementadas a fim de minimizar a ocorrência de incidentes com danos, contribuindo assim para a uma melhor sobrevida dos pacientes no que diz respeito principalmente ao tempo de internação e ao uso prolongado de VM.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

As contribuições dos autores estão estruturadas de acordo com a taxonomia (CRediT) descrita abaixo:

Conceptualização, Investigação, Metodologia, Visualização & Escrita - análise e edição: Ana Karolina Lima Souza, Ana Carolina Diniz, Flávia de Paula Castro Ferreira, Ana Flávia Nunes Faiad, Bruno Porto Pessoa, Maria da Glória Rodrigues Machado e Amanda Aparecida Oliveira Leopoldino.

Administração do Projeto, Supervisão & Escrita - rascunho original: Bruno Porto Pessoa, Maria da Glória Rodrigues Machado e Amanda Aparecida Oliveira Leopoldino. Curadoria de Dados & Análise Formal: Bruno Porto Pessoa, Maria da Glória Rodrigues Machado e Amanda Aparecida Oliveira Leopoldino.

 

COPYRIGHT

Copyright© 2021 Lima Souza et al. Este é um artigo em acesso aberto distribuído nos termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Licença Internacional que permite o uso irrestrito, a distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o artigo original seja devidamente citado.

 

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