RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 16. 4

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Editorial

Parceria pela saúde

Helton Freitas

 

Apresentar este número da Revista Médica de Minas Gerais me desperta especial satisfação. No início dos anos 1990, estava à frente da Coopmed quando decidimos pelo lançamento de um periódico que desse visibilidade à produção científica mineira nos campos da Medicina e da Saúde e, dessa forma, projetasse seu estágio de desenvolvimento para além dos limites da comunidade local.

Passados tantos anos, a Revista sobrevive como testemunho da perseverança daqueles que se dedicam à atenção à saúde, ao ensino e à pesquisa em nosso Estado. E me cabe, mais uma vez, agora à frente da Unimed-BH, a oportunidade de integrar um grande movimento que pretende resgatar o papel desta publicação e atualizar a sua contribuição para os debates e os avanços de que a prática médica e o exercício do cuidado com a saúde da população tanto necessitam.

Ainda no primeiro semestre de 2007, a Revista entrará em seu 17º ano, revitalizada por uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a Faculdade de Medicina da UFMG, a Associação Médica de Minas Gerais, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, o Conselho Regional de Medicina, a Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom) e a Coopmed além da Unimed-BH. Mais do que assegurar a produção e a distribuição regular da Revista, essa aliança visa à renovação da proposta editorial. O intuito é que seus conteúdos sejam representativos da produção acadêmica, tanto quanto da experiência dos profissionais que atuam em nossos sistemas público e privado de saúde.

A participação da Unimed-BH, que já tem contribuído nos últimos anos para a circulação da Revista, está alinhada com a sua visão de futuro. Em 2005, a Cooperativa traçou como objetivo de longo prazo, a ser buscado em uma década, tornar-se referência como um sistema sustentável de soluções em saúde. Sabemos que nenhuma organização, sobretudo num setor com tantas implicações científicas, culturais e sociais quanto é a saúde, será sustentável se olhar apenas para si mesma. Nessa perspectiva, as instituições envolvidas pela parceria hão de se beneficiar da interlocução mais próxima e constante.

Ainda mais importante, sabemos que a sustentabilidade do setor de saúde - em todo o mundo e não apenas no Brasil - depende diretamente da sua capacidade de se desvencilhar do modelo de atenção dominante, que espera a demanda espontânea dos usuários e remunera seus prestadores na lógica do fee for service. O caminho para a mudança está na direção de uma atenção ativa à saúde dos cidadãos, que se oriente por seu perfil de riscos e necessidades, baseie-se em evidências científicas e antecipe cuidados para promover a saúde, prevenir o adoecimento, assistir com qualidade e acesso oportuno, reabilitar. Esse caminho já está mapeado. Falta trilhar.

Os desafios práticos são inúmeros e abrangentes: a reorganização dos serviços; a redefinição de papéis e a demanda por capacitação dos profissionais para atuar numa perspectiva multidisciplinar e de integralidade; a alta dependência a sistemas de informação; o imperativo de se instituírem novos modelos de pagamento dos serviços a partir de sua efetividade; a necessária mudança cultural para que a saúde saia da esfera do consumo.

Estou certo de que a implementação, em Minas, de um modelo sustentável para a saúde requer a colaboração - aberta, real e não apenas retórica - entre as entidades profissionais, o aparelho formador, os prestadores de serviços e os gestores públicos e privados. Nesse sentido, como uma cooperativa de médicos e um dos principais compradores de serviços de saúde no Estado, a Unimed-BH se compromete com a parceria. Entendo, ainda, que a Revista Médica tem a preencher esse importante espaço de integração, troca de informações e difusão de inovações e práticas bem-sucedidas. Ao concretizar tal proposição, contribuiremos, a publicação e as instituições patrocinadoras, para avanços num terreno estratégico e teremos cumprido nossa função social.

Esperamos que o leitor aprecie esta edição, que acompanhe e opine sobre as transformações no projeto da Revista e, principalmente, que se torne participante ativo do debate que aqui vamos estimular.

 

Helton Freitas
Médico, diretor-presidente da Unimed-BH