ISSN (on-line): 2238-3182
ISSN (Impressa): 0103-880X
CAPES/Qualis: B2
Comissão Organizadora do VI Congresso Acadêmico de Oftalmologia
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S2-S2
Amélia Soares de Melo; Yara Vieira Lemos; Juliana Lambert Oréfice
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S41-S45
INTRODUÇÃO: A córnea, distinta estrutura de tecido avascular e transparente do olho, por vezes é acometida por alterações patológicas, iatrogênicas ou traumáticas durante a vida, mas também sofre alterações morfológicas após a morte. Consequentemente, o estudo da córnea tem sido uma área de interesse na ciência forense, principalmente para a estimativa do intervalo pós-morte (IPM). A literatura forense sobre a relação entre as alterações oculares e o IPM tem tradicionalmente focado em variações relacionadas às concentrações de metabólitos e elementos intraoculares. No entanto, as mudanças estruturais do olho ao longo do tempo merecem a mesma atenção porque há evidências de sua relevância no auxílio para a determinação do IPM.
OBJETIVO: Reunir e analisar estudos envolvendo alterações estruturais da córnea que possam auxiliar médicos legistas na estimativa do intervalo pós-morte. Esta revisão visa destacar o conhecimento atual que existe neste campo e também identificar caminhos promissores para futuras investigações.
METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão sistemática, cuja operacionalização iniciou-se com uma consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) para conhecimento dos descritores universais. Foram, portanto, utilizados como descritores os termos em inglês "Postmortem Interval", "Autopsy", "Ophthalmology" e "Cornea". As buscas para a elaboração deste artigo foram feitas com base na National Library of Medicine, por meio da base de dados PUBMED.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As alterações morfológicas da córnea em consequência do IPM são fenômenos bem conhecidos, com descrições na literatura que datam desde o século passado. As limitações mais importantes e comuns encontradas nos estudos revisados foram: as pequenas populações de estudo, a falta de dados robustos necessários para produzir um banco de dados confiável, as análises subjetivas de profissionais, os parâmetros examinador-dependentes, e o foco das investigações apenas em IPMs curtos. Embora os fenômenos estudados não possam ainda ser usados para estimar o IPM, existem expectativas de que com as próximas inovações tecnológicas aplicáveis à prática forense, a determinação da espessura da córnea poderá ser usada em um futuro próximo para se complementar os métodos que em conjunto são utilizados para se estimar o tempo decorrido desde a morte de um indivíduo. Nesse contexto, é possível perceber que não apenas o estudo tradicional sobre as alterações oculares microscópicas e bioquímicas no IPM merecem atenção, mas também os estudos sobre as alterações macroscópicas e não bioquímicas, sobretudo as relacionadas à espessura da córnea, uma vez que apontam para resultados mais promissores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Estimar o intervalo de tempo desde a morte de um indivíduo de uma forma prática e confiável continua sendo uma das mais antigas e complexas questões debatidas na ciência e na prática forense. Houve um progresso significativo no conhecimento da ciência forense oftalmológica utilizando novas tecnologias que têm permitido o surgimento de novas possibilidades para a compreensão desse campo, de modo que, a oftalmologia pode auxiliar o trabalho da medicina legal também neste aspecto.
Palavras-chave Intervalo pós-morte. Córnea. Oftalmologia. Medicina Legal.
Gabriela Picchioni Baêta; Mariana Prates Camilo; Larissa Lima Magalhães; Fábio Borges Nogueira
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S52-S54
INTRODUÇÃO: O melanoma é a malignidade primária mais comum da íris, mas representa apenas 3% a 10% de todos os melanomas uveais. Trata-se de uma patologia que, diagnosticada precocemente, tem um bom prognóstico.
METODOLOGIA: Revisão literária que utilizou artigos disponíveis na íntegra publicados entre 1985 e março de 2022.
RESULTADOS: Utilizando o descritor: melanoma, íris, oftalmologia, úvea nas bases de dados PubMed e Scielo, foram encontrados 57 artigos. Após análise criteriosa, 10 referências foram selecionadas e utilizadas.
CONCLUSÃO: estudos têm associado à radioterapia e a excisão cirúrgica do tumor com o melhor prognóstico, taxa de sobrevivência e qualidade de vida. No entanto, apesar dos avanços abordando a genética e patogênese tumoral, não há, até o momento, nenhum algoritmo terapêutico eficiente no controle da doença metastática, responsável por um desfecho fatal rápido em quase 50% dos pacientes.
Palavras-chave Neoplasias da Íris. Terapêutica. Iridociclectomia. Neoplasias Oculares.
Daniel Fulgêncio de Moura; Thábata Machado Correia Domingues; João Vitor Fortuna Laranjeira; Gabriela Picchioni Baêta; Victor Souza Mares; Marina Cândido Tosi; Thalita Baptisteli Fernandes; Beatriz Maria Monteiro Sousa
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S55-S59
INTRODUÇÃO: O glaucoma é uma neuropatia óptica crônica, potencialmente progressiva. Trata-se da principal causa de cegueira irreversível no mundo e a segunda causa geral de cegueira. Diante deste contexto, as MIGS (acrônimo do inglês minimally invasive glaucoma surgery, com tradução procedimentos minimamente invasivos para glaucoma), propõem a redução pressórica de maneira mais segura, previsível e com menos complicações, quando comparada às técnicas cirúrgicas antiglaucomatosas convencionais, podendo beneficiar os portadores de glaucoma de ângulo aberto leve e moderado.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de revisão de literatura através das bases de dados: SciELO, Google Acadêmico e PubMed, buscando majoritariamente artigos recentes e relevantes na literatura.
RESULTADOS: As MIGS trabeculares, as mais difundidas em nosso meio, permitem a realização da trabeculectomia (TREC) mais tardiamente, pois evitam a manipulação conjuntival. São indicadas para pacientes com glaucoma de ângulo aberto leve e moderado, ou seja, de modo geral em estágios mais precoces da doença. Seu objetivo é facilitar a drenagem de humor aquoso por meio da malha trabecular por meio de dois mecanismos distintos. Existe o bypass trabecular por meio do implante de um dispositivo (iStent®, iStent Inject® e Hydrus®); Há também os realizados por meio de uma excisão/abertura no trabeculado (Trabecutome®, GATT e Kahook Dual Blade®).
CONCLUSÃO: Apesar das boas expectativas com relação ao impacto das MIGS no tratamento do glaucoma, são procedimentos relativamente recentes. Desta forma, ainda são necessários mais ensaios clínicos para avaliar a eficácia das MIGS em longo prazo, os possíveis efeitos colaterais e complicações advindos da técnica e o real impacto na qualidade de vida dos portadores de glaucoma. Mesmo assim, as MIGS têm chances reais, nos próximos anos, de se consolidarem entre as principais opções de tratamento do glaucoma, com a possibilidade de, com tratamento precoce, evitar a progressão da doença para estágios mais avançados.
Palavras-chave Glaucoma. Glaucoma de Ângulo Aberto. Implantes para Drenagem de Glaucoma. Hipertensão Ocular. MIGS.
Otávio Lima dos Reis; Larissa Fouad Ibrahim; Lucas Assis Costa; Bruno Cabaleiro Cortizo Freire; Erika Magalhães Diniz
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S65-S70
INTRODUÇÃO: O Diabetes Mellitus é uma doença de alta prevalência na população mundial, e uma das principais causas de cegueira adquirida no mundo. Edema macular pode estar presente em qualquer estágio da retinopatia diabética, e é a principal complicação associada à baixa acuidade visual.
OBJETIVO: Abordar o histórico e função das drogas antiangiogênicas no tratamento do edema macular diabético.
MÉTODOS: Revisão narrativa, com busca realizada nas bases de dados PubMed.
RESULTADOS: Foram incluídos 46 artigos que abordaram o papel dos antiangiogênicos no tratamento do edema macular diabético.
DISCUSSÃO: O controle glicêmico é a principal medida de prevenção das complicações do diabetes, com grande impacto na necessidade de futuras intervenções oftalmológicas. Na presença de edema macular diabético, tratamento com injeções de antiangiogênicos é o padrão-ouro, com alta eficácia e segurança. Os principais representantes dessa classe são bevacizumab, ranibizumab e aflibercept. Em olhos com acuidade visual melhor ou igual a 20/40, todos apresentaram resultados semelhantes. brolucizumab e faricimab são novos agentes que têm apresentado resultados promissores.
CONCLUSÃO: Os antiangiogênicos são a primeira linha para tratamento do edema macular diabético, sendo de extrema importância na reabilitação visual.
Palavras-chave Diabetes Mellitus. Edema macular diabético. Retinopatia diabética. Antiangiogênicos. Anti-VEGF.
Bruno Penna Faria; Bruno César Madeira Malta; Jordano Brandão Marigo; Vitor Pereira Amorim; Gustavo Carlos Heringer
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S73-S76
INTRODUÇÃO: A oclusão de ramo da veia central da retina (ORVCR) é uma alteração que pode ocorrer devido à degeneração na parede do vaso, compressão da veia retiniana e alterações hematológicas diversas. Tal oclusão pode levar ao edema macular de retina e à perda visual severa, sendo o tratamento com injeções intravítreas e fotocoagulação a laser duas das principais alternativas terapêuticas disponíveis. Dentre as opções terapêuticas existentes, as injeções intravítreas de Ranibizumabe - um anticorpo monoclonal anti-VEGF que previne a ligação de VEGF nos seus receptores de tipos 1 e 2 - podem ser utilizadas em regime de monoterapia ou associadas à fotocoagulação a laser.
OBJETIVOS: Comparar a monoterapia com injeções intravítreas de Ranibizumabe à terapia conjunta de fotocoagulação a laser e injeções de Ranibizumabe no tratamento do edema de mácula secundário à oclusão de ramo da veia central da retina.
METODOLOGIA DE BUSCA: Foi realizada busca por artigos com data de publicação entre 2017 e 2022, de maneira independente por dois autores, nas bases de dados Pubmed e Scielo, utilizando os descritores "Laser Coagulation", "Retinal Branch Vein Occlusion", "Macular Edema" e "Ranibizumab" em português e inglês de acordo com a base de dados DeCS/MeSH. Foi realizada revisão bibliográfica com os critérios de inclusão: (1) ser um estudo original, (2) abordar o uso de Ranibizumab e fotocoagulação a laser no tratamento de edema macular secundário à ORVCR.
RESULTADOS: Verificou-se melhora significativa na acuidade visual com correção nos grupos que utilizaram a monoterapia com injeções intravítreas de Ranibizumabe, sendo que nos 5 artigos originais analisados, esta melhora foi estatisticamente significante, com valores-p menores que 5%. Percebeu-se também uma melhora significativa na acuidade visual com correção dos grupos que utilizaram a terapia conjunta de injeções intravítreas e terapia de fotocoagulação a laser, entretanto, tais resultados não se mostraram significativamente superiores à monoterapia com Ranibizumabe em nenhum dos estudos analisados. Em relação à redução no número de injeções de Ranibizumabe necessárias, houve discrepância entre os resultados. Dois dos estudos analisados demonstraram uma redução significativa no número de injeções necessárias quando associadas à fotocoagulação a laser, enquanto outros dois estudos demonstraram que não houve diferença no número de injeções necessárias entre os grupos.
CONCLUSÃO: As injeções intravítreas de Ranibizumabe se mostraram efetivas no tratamento de edema macular secundário à ORVCR, tanto em monoterapia quanto em associação à fotocoagulação a laser. Além disso, a associação ao lazer não se mostrou superior à monoterapia na melhora da acuidade visual em longo prazo, aumentando, porém, os riscos de complicação. Destaca-se, também, que não houve consenso entre os estudos acerca da necessidade de um número maior de injeções no grupo submetido à monoterapia com Ranibizumabe quando comparado ao grupo submetido à terapia com Ranibizumabe e fotocoagulação. Por fim, são necessários mais ensaios clínicos randomizados - com maiores amostrais - acerca do tema, para elucidar a relação entre a necessidade de mais doses de Ranibizumabe na monoterapia quando comparada à associação com fotocoagulação, visto que o custo de injeções consecutivas pode ser proibitivo para muitos pacientes.
Palavras-chave Ranibizumabe. Fotocoagulação. Oclusão de ramo da veia central da retina. Edema macular.
Maria Thereza Costa Lima de Castro Miserani; Gabriela Picchioni Baêta; Isabela Matos Takahashi; João Vitor Fortuna Laranjeira; Lara Lorenzon Carim; Maria Clara Grassi Mendes Marinho; Mariana Prates Camilo; Juliana Lambert Orefice
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S46-S51
INTRODUÇÃO: A importância das ligas acadêmicas (LA) nas instituições de ensino superior do Brasil é indiscutível. O departamento de pesquisa da LA de Oftalmologia (OFTALMOLIGA) da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais oferece aos ligantes a oportunidade de realizar projetos de cunho científico para o enriquecimento curricular e profissional acadêmico. Desta forma, a OFTALMOLIGA realizou a presente pesquisa visando determinar o perfil de acuidade visual de pacientes idosos avaliados durante as ações de extensão na sala de espera do Ambulatório Ciências Médicas (ACM).
OBJETIVO: Avaliar o perfil da acuidade visual dos pacientes idosos do ACM durante as atividades de extensão da OFTALMOLIGA. Métodos: Estudo observacional e transversal realizado por meio de entrevista e avaliação da acuidade visual pela Tabela de Snellen em 204 pacientes na sala de espera do ambulatório.
RESULTADOS: Dentre os 204 idosos avaliados, 17,1% cursaram com Baixa Acuidade Visual (BAV) em olho direito e 19,6% em olho esquerdo. Em relação às comorbidades, cursaram com BAV 56,7% dos 37 pacientes com catarata; 22,2% dos 9 com glaucoma; 66,7% dos pacientes com glaucoma + catarata; 41,5% dos 65 com HAS; 17,6% dos 17 com DM e 20,0% dos 40 pacientes com HAS + DM.
CONCLUSÃO: A frequência de BAV dos participantes mostrou-se inferior aos demais estudos presentes na literatura, todavia a baixa visão encontra-se relacionada à presença de comorbidades como catarata, glaucoma, HAS e DM, o que vai ao encontro de estudos previamente publicados.
Palavras-chave Acuidade visual. Oftalmologia. Erros de Refração.
Alberto Andrade Horta Dumont; Clara Chagas Barbosa Santos; Marcelo Gonçalves de Oliveira; Luciano Mesquita Simão
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S60-S64
INTRODUÇÃO: A neuropatia óptica isquêmica anterior- não arterítica (NOIA-NA) ocorre devido a uma falha da circulação da artéria ciliar posterior responsável pelo suprimento sanguíneo da porção anterior do nervo óptico associada à perda variável de visão. Os principais fatores de risco são diabetes mellitus, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doença isquêmica (cardiovascular/cerebrovascular), síndrome da apneia do sono, tóxica (ou seja, associada ao uso de certos medicamentos) e cirurgias do segmento anterior.
OBJETIVO: Relatar um caso clínico de NOIA-NA que se desenvolveu após procedimento de cirurgia de catarata por facoemulsificação com ênfase nos fatores de risco associados a tal ocorrência.
RELATO DO CASO: Um paciente de 72 anos, assistido em serviço de referência em oftalmologia do estado de Minas Gerais, submetido à facoemulsificação (FACO) com implante de lente intra-ocular (LIO) no olho direito (OD) no dia 07/06/22 e no olho esquerdo (OE) no dia 05/07/22, ambas sem intercorrências e com boa evolução no pós-operatório imediato. Após sete meses de pós-operatório, o paciente relata quadro progressivo e indolor de baixa de visão à esquerda há menos de uma semana associado à presença de escotomas no campo visual. Ao mapeamento de retina no OE encontrou-se edema de disco óptico com hemorragias em chama de vela, aumento da tortuosidade vascular e reflexo foveal fisiológico.
DISCUSSÃO: A hipótese de NOIA-NA, ocorrida no sétimo mês de pós-operatório de FACO sem intercorrências, foi a causa mais presumida, a partir da clínica, da realização de exames complementares e do acompanhamento. Portanto, a baixa de visão unilateral, indolor, aguda associada aos defeitos sugestivos no campo visual, caracterizados por defeitos altitudinais ou escotomas nasais, aos achados à tomografia de coerência óptica (OCT) de aumento da espessura da camada de fibras peripapilares do disco óptico e a história do uso de inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (tadalafila) podem associar à ocorrência de NOIA-NA conforme já descrito na literatura.
CONCLUSÃO: A conduta foi expectante em decorrência da falta de eficácia do tratamento, comprovada cientificamente. No entanto, a orientação quanto a necessidade do controle mais rigoroso dos fatores de risco cardiovasculares se faz de suma importância para se evitar a possibilidade de recorrência da NOIA-NA, em especial no olho contralateral.
Palavras-chave Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior não Arterítica. Isquemia do Nervo Óptico. NOAI-NA. Facoemulsificação.
INTRODUCTION: Nonarteritic anterior ischemic optic neuropathy (AION) is associated to the failure of the blood supply of the posterior ciliary arteries to the anterior portion of the optic nerve with variable stages of vision loss. The main risk factors are diabetes mellitus, hypertension, hypercholesterolemia, ischemic disease (cardiovascular/cerebrovascular), sleep apnea syndrome, toxic (i.e., associated to some drugs) and ophthalmologic surgeries.
OBJECTIVE: Report a clinical case of nonarteritic anterior ischemic neuropathy developed after cataract surgery procedure by phacoemulsification.
CASE REPORT: A 72-year-old patient, followed by a reference ophthalmologic service in the state of Minas Gerais, underwent to an uneventful phacoemulsification (FACO) with intraocular lens (IOL) implantation in the right eye on 06/07/22, and in the left eye on 07/05/22. However, the patient complained about progressive visual loss during one week seven months after the surgery in the left eye. The funduscopy exam revealed optic disc edema with peripapillary flame-shaped hemorrhages, increased vascular tortuosity and physiologic foveal reflex.
DISCUSSION: The hypothesis of NAION was raised due to the clinical symptoms, ancillary exams, and follow-up. Therefore, each case of acute, unilateral, and painless visual loss associated to visual field defects as altitudinal or nasal scotoma with OCT findings of optic disc edema, and the use of phosphodiesterase type 5 inhibitors (tadalafil) may be related to NAION.
CONCLUSION: No treatment was prescribed since there was no scientific proven efficacy one associated to NAION. However, more rigid control of the cardiovascular risk factors were advised to preclude the re-occurrence of the disease, especially in the fellow eye.
Keywords Nonarteritic Anterior Ischemic Optic Neuropathy. Optic Nerve Ischemia. NAION. Phacoemulsification.
Scleral perforation with anterior chamber reaction and spontaneous tamponade with conservative treatment: a case report
Isabela Matos Takahashi; Arthur Amaral Nassaralla; Isabella Breves Amaral e Silva; Juliana Lambert Oréfice
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S71-S76
Introdução O acometimento escleral no trauma ocular é uma situação delicada que requer propedêutica cuidadosa, uma vez que a extensão da lesão pode não ser totalmente visível, colocando em risco a integridade ocular e a função visual do indivíduo. A abordagem cirúrgica é a preconizada nestes casos, visando principalmente a manutenção da anatomia e da acuidade visual. Discussão Apresenta-se a seguir o caso de um paciente com história de traumatismo ocular perfurante em olho direito com câmara anterior formada com reação de 4+/4+, que evoluiu com tamponamento espontâneo de óstio traumático. Embora a abordagem preconizada seja a intervenção cirúrgica, neste caso optou-se pela conduta conservadora que, por sua vez, obteve um resultado satisfatório com manutenção da acuidade visual. Conclusão Usualmente, perfurações esclerais exigem intervenções cirúrgicas. No caso exposto, o tamponamento espontâneo da lesão, que é incomum, permitiu uma abordagem conservadora de sucesso, garantindo função visual preservada em todo o seguimento do episódio.
Palavras-chave Trauma Ocular. Perfuração Escleral. Reação de Câmara Anterior. Tamponamento Espontâneo.
Ana Luisa Souto Gandra; Aniel Feitosa da Cruz; Marcelo Gonçalves de Oliveira; Juliana Lambert Orefice
Rev Med Minas Gerais 2023; 33(Suppl.5):S77-S79
INTRODUÇÃO: A síndrome ocular isquêmica (SOI) se manifesta devido a um quadro de hipoperfusão ocular principalmente devido à estenose ou oclusão das artérias carótidas interna e/ou comum que culmina em redução da pressão de perfusão da artéria central da retina. Apresenta maior incidência na população idosa, principalmente acima dos 65 anos e do sexo masculino, devido à íntima correlação entre a SOI e doenças e risco cardiovascular nessa população.
OBJETIVO: Relatar um caso de síndrome ocular isquêmica bilateral em uma mulher de 63 anos.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, de 63 anos, hipertensa, apresentou dois episódios de AVE isquêmicos. Compareceu ao serviço em março de 2022 queixando-se de baixa acuidade visual (BAV) em ambos olhos (AO), de início em janeiro, pior em olho esquerdo. Foi realizado duplex scan de carótidas que evidenciou oclusão total em território carotídeo esquerdo, sem fluxo sanguíneo e estenose hemodinamicamente significativa em bifurcação/ artéria carótida interna à direita. À fundoscopia, foram visíveis algumas hemorragias retinianas em olho direito e dilatação venosa. À gonioscopia, presença de sinéquias 360. Nesse dia, a pressão intraocular (PIO) era 6 e 9 mmHg. Após avaliação, a equipe médica decidiu iniciar anti-VEGF e panfotocoagulação e orientar a paciente a manter o seguimento com a neurologia e iniciamos anti-VEGF e panfotocoagulação.
DISCUSSÃO: A síndrome ocular isquêmica é uma doença rara, mais comum em homens acima de 65 anos, comumente unilateral, com baixa prevalência bilateral (22%), uma vez que sua etiologia está intimamente relacionada com a obstrução da carótida ipsilateral, principalmente por processo aterosclerótico. O aparecimento dos primeiros sinais e sintomas se correlaciona com a arquitetura vascular óptica com pouca circulação colateral, sendo que alguns sinais podem ser identificados em oclusões acima de 50% da carótida. Dada sua associação com o acometimento sistêmico dos vasos, a mortalidade em 5 anos é de cerca de 40%.
CONCLUSÃO: A síndrome ocular isquêmica é um quadro raro, com potencial ameaçador à visão associado às etiologias que cursam com oclusão do complexo arterial carotídeo. Avaliação e pesquisa de doenças vasculares associadas, além do tratamento adequado se presentes devem ser realizados. Considerando que os sinais de oclusão carotídea importante podem se manifestar inicialmente nos olhos, o oftalmologista tem papel importante na identificação precoce e prevenção de complicações da SOI.
Palavras-chave Arteriopatias Oclusivas. Neuropatia Óptica Isquêmica. Estenose Carotídea.
INTRODUCTION: Ischemic ocular syndrome (IOS) manifests itself due to ocular hypoperfusion, mainly due to stenosis or occlusion of the internal and/or common carotid arteries, which culminates in reduced perfusion pressure of the central retinal artery. It presents a higher incidence in the elderly population, mainly over 65 years old and male, due to the close correlation between SOI and cardiovascular diseases and risk in this population.
OBJECTIVE: To report a case of bilateral ischemic ocular syndrome in a 63-year-old woman.
CASE REPORT: A 63-year-old female patient, hypertensive, presented two episodes of ischemic stroke. She came to the service in March 2022 complaining of BAV with onset in January, worse in the left eye. Carotid duplex scan was performed and showed occlusion in left carotid territory, without blood flow and hemodynamically significant stenosis in bifurcation/internal carotid artery on the right. On fundoscopy, some retinal hemorrhages in right eye and venous dilatation were visible. On gonioscopy, presence of 360 synechiae and iris neovascularization. On that day, the intraocular pressure IOP was 6 and 9 mmHg. After evaluation, the patient was advised to maintain follow-up with neurology and we started anti-VEGF and panphotocoagulation.
DISCUSSION: Ischemic ocular syndrome is a rare disease, more common in men over 65 years old, commonly unilateral, with low bilateral prevalence (22%), since its etiology is closely related to ipsilateral carotid obstruction, mainly by an atherosclerotic process. The appearance of the first signs and symptoms correlates with the optic vascular architecture with little collateral circulation, and some signs can be identified in occlusions above 50% of the carotid. Given its association with systemic vessel involvement, the 5-year mortality rate is around 40%.
CONCLUSION: Ischemic ocular syndrome is a rare, potentially sight-threatening condition associated with etiologies that course with occlusion of the carotid arterial complex. Evaluation and investigation of associated vascular diseases and appropriate treatment if present should be performed. Considering that signs of significant carotid occlusion may manifest initially in the eyes, the ophthalmologist has an important role in early identification and prevention of complications of SOI.
Keywords Arterial Occlusive Diseases. Optic Neuropathy. Ischemic. Carotid Stenoses.
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