RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 26. (Suppl.1) DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20160004

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Educação Médica

A saúde mental do anestesiologista e a síndrome de burnout

Mental health in anesthesiology and burnout syndrome

Verônica Botelho Teixeira1; Paulo José Ribeiro Teixeira2; Fábio Lopes Rocha3

1. Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Belo Horizonte, MG - Brasil
2. Médico Psiquiatria. Mestre em Ciências da Saúde. Coordenador do Programa de Psiquiatria da Residência Médica do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG. Belo Horizonte, MG - Brasil
3. Médico Psiquiatra. Doutor em Ciências da Saúde. Coordenador da Clínica Psiquiátrica do IPSEMG. Belo Horizonte, MG - Brasil

Endereço para correspondência

Paulo José Ribeiro Teixeira
E-mail: pj.ribeiroteixeira@gmail.com

Instituiçao: Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG Belo Horizonte, MG - Brasil

Resumo

A síndrome de burnout é compreendida como uma resposta ao estresse laboral crônico e apresenta as seguintes dimensões: exaustao emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. A anestesiologia possui características próprias que contribuem de forma diferenciada para a ocorrência dessa síndrome: proximidade do sofrimento e da morte, dificuldades na interação com outros membros da equipe médica, estresse físico do ambiente cirúrgico e a privação do sono. Estudos em todo o mundo revelam que médicos apresentam taxas alarmantes da síndrome. No Brasil, pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina e publicada em 2007 mostrou que 57% dos médicos apresentavam algum grau preocupante de burnout. Levantamentos epidemiológicos realizados com anestesiologistas do Brasil e de outros países evidenciam que a prevalência dessa síndrome nessa categoria também é elevada. A prevenção de burnout deve iniciar-se com o esclarecimento dos anestesiologistas sobre sua alta prevalência, muitas vezes desconhecida pelos profissionais. Além disso, devem ser tomadas medidas, tanto no nível individual quanto no nível institucional, para que a prevenção seja mais efetiva. Essas medidas incluem modificações no ambiente de trabalho que visem a reduzir o estresse e melhorar a convivência entre os profissionais, promovendo a autonomia e a participação individual nas tomadas de decisões, além de medidas individuais que promovam o relaxamento e reduzam a frustração e a autocrítica exacerbada.

Palavras-chave: Anestesiologia; Esgotamento Profissional; Saúde Mental.

 

INTRODUÇÃO

Médicos são profissionais que vivem um profundo paradoxo. Desempenham seu ofício sob um compromisso básico para com os doentes, baseado no aforismo hipocrático: "curar algumas vezes, aliviar quase sempre, consolar sempre". Entretanto, muitas vezes se esquecem de cuidar da própria saúde, abstêm-se de procurar ajuda de colegas e recorrem à automedicação, com prejuízos em sua vida pessoal e em sua capacidade de cuidar de outras pessoas. Essa realidade é particularmente grave em relação à saúde mental dos médicos em geral e à saúde mental dos anestesiologistas em particular.1,2

A expressão "staff burn-out" foi usada pela primeira vez em 1974 pelo psiquiatra Herbert Freudenberger para descrever uma síndrome caracterizada por exaustao, desilusão e distanciamento em trabalhadores da área de saúde mental.3 Atualmente, a síndrome de burnout é compreendida como uma resposta ao estresse laboral crônico, quando as estratégias de enfrentamento falham em seu manejo, resultando em colapso no processo adaptativo.4

A prevenção e o tratamento de burnout são de extrema relevância. A presença dessa síndrome pode corromper o profissionalismo, reduzir a qualidade do cuidado, aumentar o risco para erros e promover a aposentadoria precoce. Contribui também para o uso problemático de álcool, a ideação suicida e a quebra de relacionamentos.5,6

Nesse artigo, os autores discorrerao em um primeiro momento sob a saúde mental dos médicos em geral, com ênfase em estudos que avaliaram a prevalência de burnout nessa categoria e, em particular, entre anestesiologistas. Em um segundo momento, delinearao estratégias para detecção de burnout em profissionais de saúde e diretrizes para sua prevenção e tratamento.

 

A SAUDE MENTAL DO MÉDICO

A profissão médica está relacionada a um conjunto de estressores que se fazem presentes ainda na vida acadêmica e que concorrem para a gênese de distúrbios fisiológicos e psicológicos. Condições de trabalho inadequadas, remuneração incompatível, excesso de trabalho, necessidade permanente de estudo e atualização, falta de preparo para lidar com demandas emocionais dos pacientes e ausência de lazer são estressores relevantes. Entretanto, parece que o fator mais importante é a insatisfação profissional.1,4

Em face dessas circunstâncias, não é de se surpreender que médicos apresentem taxas elevadas de transtornos psiquiátricos. Depressão, transtornos de ansiedade e aqueles relacionados ao uso de álcool ou outras drogas são problemas comuns. Entretanto, frequentemente, não procuram tratamento e muitas vezes recorrem à automedicação.1,7

A prevalência de depressão ao longo da vida entre os médicos é de 13% em homens e 20% em mulheres, comparável à da população geral; todavia essas taxas são maiores que as da população em estudantes de medicina e médicos residentes (15 a 30%).8 Além do sofrimento pessoal, a depressão causa redução da capacidade de trabalho e maior taxa de erros médicos.8 Um estudo extenso realizado na Austrália encontrou uma prevalência de depressão em médicos de 5% para homens e de 8,1% para mulheres. Nesse estudo a prevalência de depressão entre anestesiologistas foi de 7,1%.7

Estudos específicos acerca da prevalência de transtornos de ansiedade entre médicos e estudantes de medicina não são comuns. Dados do estudo australiano revelaram que aproximadamente 9% dos médicos relataram terem recebido diagnóstico de transtorno de ansiedade em algum momento da vida, em contraste com 5,9% da população. Diagnóstico atual de transtorno de ansiedade foi reportado por 3,7%, versus 2,7% na população. Todavia, entre anestesiologistas a prevalência foi menor, de apenas 2,4%.7

O abuso de álcool é outro problema relevante entre os médicos. Um levantamento recente realizado nos EUA mostrou que 15,3% dos profissionais apresentavam abuso ou dependência de álcool, sendo 12,9% do sexo masculino e 21,4% das médicas.9 Nesse estudo, a anestesiologia estava entre as especialidades com as maiores taxas, junto com a dermatologia, cirurgia ortopédica, medicina de urgência e patologia. No Brasil, uma pesquisa realizada com médicos pelo Conselho Federal de Medicina encontrou uma taxa surpreendentemente baixa de 1,7% para a dependência de álcool. No entanto, os autores acreditam que tenha havido subestimação.10

Os médicos apresentam uma taxa de mortalidade menor que a população geral para todas as causas, exceto suicídio.11 No Brasil, aproximadamente 5% dos médicos afirmam se sentir sem esperanças, infelizes e apresentam ideias de suicídio.12 Assim, embora a prevalência de depressão entre os médicos seja comparável à da população geral, o risco de suicídio é significativamente maior.13,14 Uma metanálise que incluiu 25 estudos de taxas de suicídio entre médicos comparadas com população de referência mostrou que a razao das taxas agregadas para médicos do sexo masculino foi de 1,41 (IC 95% = 1,21-1,65) e para as médicas de 2,27 (IC 95% = 1,90-2,73).15 No estudo realizado na Austrália, 13,2% dos anestesiologistas avaliados relataram que tiveram pensamentos suicidas nos últimos 12 meses.7

Fatores já identificados na população em geral, como idade mais avançada, ser divorciado, solteiro ou estar em processo de separação, sofrer de depressão ou abuso de substância, sofrer de dor ou doença crônica e ter história de comportamento de risco, elevam o risco de suicídio em médicos. Todavia, fatores relacionados à profissão, como excesso de trabalho e perda recente de status profissional ou econômico também são importantes. Fatores protetores incluem tratamento adequado, suporte familiar e social, resiliência e fé religiosa.8

 

BURNOUT: ESTUDOS DE PREVALENCIA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve a síndrome de burnout com as seguintes dimensões: exaustao emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. A exaustao emocional manifesta-se pelo sentimento de que pouco se pode fazer pelos pacientes ou pelas demais pessoas. O indivíduo tende a apresentar sentimentos de raiva, irritabilidade, impaciência e desesperança. Além disso, torna-se menos amistoso e cortês, sendo comum a ocorrência de conflitos. Sinais e sintomas físicos como baixa de energia, fadiga crônica, tensão muscular, elevada susceptibilidade a doenças, náuseas, cefaleias e dores no corpo também podem estar presentes. A despersonalização caracteriza-se por um sentimento de alienação em relação aos demais. Outras pessoas, sejam pacientes ou colegas, são vistas de forma negativa e o indivíduo busca minimizar ou evitar os contatos pessoais no ambiente de trabalho. Por fim, o sentimento de baixa realização pessoal no trabalho tem por base uma percepção de que nada a fazer vale à pena ou produz resultados significativos. Embora essa percepção possa ser verdadeira em alguns casos, a expectativa negativa prévia acaba levando a uma avaliação inadequada da própria atitude ou dos resultados obtidos.16,17

A anestesiologia é uma especialidade que possui características que contribuem de forma diferenciada para o estresse profissional e a ocorrência de burnout entre os profissionais que a exercem. Magalhaes et al.18 elencaram algumas dessas características. São elas a proximidade do sofrimento e da morte, as necessidades físicas e emocionais dos pacientes e a pressão para se obter sempre bons resultados. Questoes ligadas ao relacionamento dentro da equipe também são relevantes, destacando-se as interações com cirurgioes, obstetras e outros profissionais. Esse tipo de relação pode envolver confusão quanto às responsabilidades de cada um e podem surgir divergências sobre como atingir os objetivos e selecionar elementos que devam ser prioritários. Há também o estresse físico decorrente de fatores do ambiente cirúrgico, que incluem poluição sonora, exposição a gases anestésicos, radiação, látex, infecções, frio ou calor excessivo, uso de cadeiras desconfortáveis ou mesmo limitação de espaço. O ruído nas salas de cirurgia pode ser suficiente para provocar hiperatividade simpática e efeitos adversos cognitivos e psicológicos. Outro fator de importância é a privação de sono, haja vista que a anestesiologia é uma especialidade que exige a disponibilidade diuturna de profissionais durante todo o ano.18

Diversos estudos foram realizados para avaliar a prevalência da síndrome de burnout nas várias especialidades médicas. Médicos informam taxas alarmantes de burnout. Na pesquisa realizada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina e publicada em 2007, a maioria dos médicos (57%) manifestou algum grau preocupante de burnout, sendo que 23% foram classificados como padecendo de burnout grave e 10% de burnout extremo.12

Outro estudo realizado nos Estados Unidos e publicado em 2012 documentou que a classe médica daquele país apresenta taxas de burnout mais altas do que a população controle. Quase 45% dos 7.288 médicos que compuseram o estudo pontuaram com escores elevados nas subescalas de despersonalização e exaustao emocional do Maslach Burnout Inventory. Os médicos trabalhavam em média 10 horas semanais a mais que a população controle e tinham mais dificuldade em conciliar o trabalho com sua vida social e familiar.6

Levantamento recente realizado em 2015 pelo site Medscape com médicos que o acessam encontrou prevalência de 46%, taxa semelhante à investigação norte-americana. Em uma escala de zero a sete de avaliação da gravidade de burnout (sendo 0= "não interfere em minha vida" e 7="tao grave que penso em deixar a Medicina"), 10% dos médicos que padeciam de burnout se avaliaram nos valores seis e sete. As causas mais importantes de burnout citadas pelos médicos foram excesso de atividades burocráticas, excesso de horas de trabalho e remuneração insuficiente.19

A prevalência de síndrome de burnout entre anestesiologistas também é elevada. A taxa entre os 309 anestesiologistas que participaram do estudo americano citado foi ligeiramente superior à taxa global dos médicos em geral.6 Já na pesquisa realizada pelo site Medscape, a taxa de burnout em anestesiologistas foi de 44%, um pouco abaixo da média geral. Desses, 9% se avaliaram como padecendo de burnout grave.19 Por fim, no estudo australiano citado anteriormente - no qual foram avaliadas separadamente a prevalência das três dimensões da síndrome de burnout -, os anestesiologistas apresentaram taxas de despersonalização e de baixa realização no trabalho próximas das dos clínicos gerais (32,3% versus 32,1% e 14,2% versus 12,0%, respectivamente) e taxa menor de exaustao emocional (24,6% versus 33,1%).7

Outros estudos tiveram os anestesiologistas como população-alvo específica. No Brasil, estudo publicado em 2013 e realizado no Distrito Federal revelou que, dos 134 anestesiologistas entrevistados, 10,4% apresentaram síndrome de burnout. Nesse estudo, observou-se que a síndrome ocorreu principalmente em homens (64,2%) na faixa de 30 a 50 anos (64,2%), com mais de 10 anos de profissão (64,2%), com atuação em plantoes noturnos (71,4%) e sedentários (57,1%).18 Em outro estudo realizado na Faculdade de Medicina do ABC (Santo André), os sintomas de burnout foram detectados em 100% dos anestesiologistas (n=59), sendo que 80% apresentavam risco médio ou alto para essa síndrome.20 Em Recife, em uma amostra composta de 110 anestesiologistas associados à Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Pernambuco (COOPANEST-PE), a análise subjetiva da qualidade de vida revelou que 44,6% dos participantes tinham percepção negativa ou indefinida sobre sua qualidade de vida, sendo que o grau de satisfação com a saúde e o excesso de trabalho apresentaram influência negativa nesse resultado.21

Estudo realizado na França avaliou fatores associados à burnout nas equipes de anestesiologia e de reanimação. Dos 1.550 indivíduos que participaram do estudo, o total de 62,3% tinha sintomas de burnout, sendo que 6,3% possuíam os três componentes da síndrome.22 Na cidade de Mexicali (México), estudo realizado com amostra de 92 anestesiologistas obteve prevalência de 44% para essa síndrome, sendo 9,3% em grau moderado e 6,9% em grau elevado.23

 

ESTRATÉGIAS PARA A PREVENÇÃO DA SINDROME DE BURNOUT

A prevenção de burnout deve iniciar-se com o esclarecimento dos anestesiologistas sobre a alta prevalência dessa síndrome, muitas vezes desconhecida pelos médicos em geral. Em levantamento realizado em Santo André, 76% desses profissionais desconheciam a existência da síndrome de burnout.20 Além disso, é importante que se faça a mensuração de sua magnitude nos diversos hospitais e serviços médicos onde esses especialistas atuam. A avaliação da prevalência e da gravidade da síndrome de burnout pode ser realizada utilizando-se o Inventário de Burnout de Maslach, um instrumento de avaliação autoaplicável relativamente simples (Tabela 1).24,25

 

 

Alternativamente, o anestesiologista também pode detectar se está propenso a desenvolver burnout. Em entrevista publicada no site da American Medical Association, o Dr. Mark Linzer, especialista no estudo de burnout em médicos, propôs algumas questoes para que o próprio médico avalie seu risco de desenvolver burnout. Essas questoes encontram-se expostas de forma adaptada na Tabela 2.26

 

 

Ainda se carece de estudos controlados que comprovem a eficácia de medidas específicas para a prevenção de burnout na categoria médica em geral e na anestesiologia em particular Contudo, diversos autores sugerem estratégias promissoras. Para se conseguir que essas estratégias sejam realmente eficazes, é necessário que a instituição, as chefias de equipe e os profissionais médicos trabalhem em conjunto.

Ainda em 1998 a OMS recomendou algumas ações que devem ser tomadas em nível institucional para se prevenir o burnout. Entre elas se destacam o treinamento dos profissionais em gerenciamento de tempo e técnica de relaxamento, bem como o estabelecimento de limites de horas trabalhadas.16 Além disso, Rama-Maceiras et al.27 sugerem algumas medidas a serem implementadas pelas coordenações dos serviços de anestesiologia. São elas:

promover uma liderança positiva e um clima agradável de relacionamento entre os membros da equipe, encorajando a comunicação e a participação em grupos de apoio;

garantir a justiça organizacional, não recompensando ritmos de trabalho acelerados e desorganizados;

encorajar os profissionais a se engajarem nas tomadas de decisões, estimulando a autonomia e a participação em programas de controle de qualidade;

evitar cobranças irreais dos membros da equipe e garantir o reconhecimento das metas atingidas, fornecendo ferramentas e estratégias para superá-las;

reduzir a pressão pelo tempo em que as tarefas devem ser realizadas, diminuindo assim a fadiga emocional e o caos no trabalho;

perceber a tensão no ambiente de trabalho e diagnosticar os membros da equipe que padecem de burnout, bem como aqueles com risco de desenvolvê-lo;

identificar agentes estressores específicos no ambiente de trabalho;

garantir que todos realizem tarefas gratificantes e permitir que sintam que estao fazendo a diferença na vida de alguém;

estimular estilos de vida saudáveis.

Os mesmos autores27 também recomendam medidas individuais que devem ser aplicadas pelos anestesiologistas:

identificar os objetivos pessoais e profissionais, visando a estabelecer adequado equilíbrio entre vida pessoal e profissional;

descobrir hobbies e outras atividades de interesse;

identificar agentes estressores que possam ser eliminados da rotina diária;

buscar um estilo de vida saudável, com dieta balanceada e prática regular de atividade física;

realizar intervalos durante o trabalho;

tirar férias com frequência;

praticar a autorreflexão e liberar as emoções;

diferenciar o autoconhecimento da autocrítica excessiva;

aprender e praticar a resiliência;

buscar a excelência e não a perfeição.

Complementando as medidas já citadas, Gurman et al. propuseram outras que podem auxiliar o anestesiologista a lidar com o estresse e promover a prevenção de burnout. Entre elas se destacam a prática da meditação, o estabelecimento de prioridades, a busca de suporte e assistência, quando necessários, a evitação de situações embaraçosas e possíveis crises, a atitude flexível e o senso de humor.28

 

CONCLUSÃO

Diversos estudos demonstraram a alta prevalência de burnout entre os anestesiologistas, com taxas bem mais altas que as da população geral. Isso se deve a fatores de risco que permeiam a especialidade, favorecendo o desenvolvimento da exaustao emocional, da baixa realização no trabalho e do afastamento pessoal. O profissional que sofre de burnout se torna menos eficiente, contribui menos nas resoluções de problemas enfrentados, é menos criativo e proativo e gera mais gastos em saúde e faltas no trabalho. Assim, é imprescindível que as instituições médicas e os serviços de anestesiologia implementem medidas preventivas no ambiente de trabalho que reduzam a prevalência da síndrome e que contribuam para o bem-estar físico e mental dos profissionais.

O esclarecimento dos anestesiologistas sobre a síndrome de burnout é também importante para que estes identifiquem os fatores de risco individuais, estabeleçam mudanças no estilo de vida e para que possam buscar o auxílio e tratamento necessários quando se perceberem acometidos por essa síndrome.

 

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