RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 32 e-32101 DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.2022e32101

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Artigo Original

Polifarmácia, automedicação e uso de medicamentos potencialmente inapropriados: causa de intoxicações em idosos

Polypharmacy, automedication, and the use of potentially inappropriate medications: cause of intoxications in the elderly

Ana Flávia da Silva; José de Paula Silva

Universidade do Estado de Minas Gerais, Passos, Minas Gerais, Brasil

Endereço para correspondência

Ana Flávia da Silva
E-mail: anaflaviaafs@hotmail.com

Recebido em: 27 Maio 2021
Aprovado em: 28 Novembro 2021
Data de Publicação: 31 Março 2022

Conflito de Interesse: Não há

Editor Associado Responsável: Enio Roberto Pietra Pedroso

Resumo

INTRODUÇÃO: É fato que os idosos compreendem um grupo etário que cresce exponencialmente no Brasil. Inevitavelmente, a alta demanda da maioria dessa população por medicamentos e serviços de saúde acarreta impacto nas políticas de saúde pública no que tange o esforço necessário para garantir o uso racional de medicamentos, evitar iatrogenia e melhorar a qualidade de vida dos idosos. Medicamentos potencialmente inadequados são aqueles que devem ser evitados em idosos, em que o risco de eventos adversos supera o benefício.
MÉTODOS: O estudo, de caráter descritivo e retrospectivo e partindo da pesquisa e análise de dados secundários em saúde, objetivou ampliar o conhecimento sobre o impacto do uso de medicamentos pela população idosa, através da coleta de informações sobre as intoxicações por uso de medicamentos disponíveis no site do DATASUS (departamento de informática do Sistema Único de Saúde).
RESULTADOS: Em cerca de dez anos relacionados ao período estudado, entre 2010 a 2020, houveram 2.946 internações de idosos causadas por intoxicações farmacológicas, sendo relevante em número de casos as classes dos anticonvulsivantes, sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos. A região com maior número de casos foi a Sudeste. Há diferenças significativas na probabilidade de intoxicação em idosos, sendo maior nos casos de exposição a álcool, a fármacos analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos, e a fármacos com ação no sistema nervoso central.
CONCLUSÃO: Os resultados encontrados advêm da tendência crescente dos problemas associados ao uso de medicamentos por idosos, tornando-se clara a importância de estratégias efetivas de farmacovigilância voltadas a saúde dessa população.

Palavras-chave: Automedicação; Doença Iatrogênica; Idoso; Polimedicação; Longevidade.

 

INTRODUÇÃO

Estima-se que em 2025 o Brasil ocupará o 6º lugar no mundo em número de idosos. Esse quadro demandará melhorias na atenção à saúde, sobretudo relacionada à eficiência da assistência farmacêutica prestada à população idosa1.

O envelhecimento é um processo que acarreta, de forma variável, o declínio de funções cognitivas, físicas e funcionais do organismo. Nesse contexto, é fato que os pacientes adultos idosos, em geral, fazem utilização de um maior número de medicamentos, sendo o alvo mais frequente de efeitos iatrogênicos2.

A polifarmácia é definida como o uso simultâneo de cinco medicamentos ou mais. Sabe-se que o risco de reações adversas a medicamentos com o uso concomitante de dois fármacos é de 13%, se cinco a porcentagem chega a 58% e alcança até 82%, quando a farmacoterapia é de sete ou mais itens3.

Em decorrência das modificações farmacocinéticas e farmacodinâmicas relacionadas às alterações fisiológicas do envelhecimento, as respostas aos medicamentos em idosos diferem daquelas apresentadas por indivíduos mais jovens. A ocorrência dessas alterações é mais pronunciada e mais severa em relação a determinados medicamentos, principalmente os que apresentam meia-vida longa e faixa terapêutica estreita, onde a concentração sérica terapêutica é muito próxima à concentração tóxica1.

Além disso, a automedicação é uma prática comum e um fator agravante no tratamento de problemas de saúde, pois acarreta interações farmacológicas e efeitos colaterais negativos4.

É comum a utilização de medicamentos classificados como potencialmente inapropriados para idosos, que podem acarretar riscos à saúde dessa faixa etária e que deveriam ter uso limitado. Dentre os chamados medicamentos potencialmente inapropriados (MPI), classificados pela primeira vez por estudos de Beers et al. (ANO)x, estão descritos, por exemplo, certos medicamentos pertencentes à classe dos benzodiazepínicos, dos anti-hipertensivos, dos laxantes, dos antiarrítmicos, dos anti-inflamatórios e antidepressivos5.

Os objetivos dos critérios de Beers são facilitar a escolha da medicação, reduzir eventos adversos e fornecer uma ferramenta para avaliar o custo, os padrões e a qualidade do atendimento das pessoas com 65 anos ou mais. Esses critérios foram publicados em 1991 e são atualizados a cada três anos desde de 2011. A atualização de 2019 propõe que os critérios possam desempenhar um papel importante na tomada de decisão sobre as opções de tratamento que atendam às necessidades dos idosos, mantendo-os o mais seguros possível. Os critérios de Beers dividem os medicamentos potencialmente inadequados em cinco categorias: medicamentos que são potencialmente inapropriados na maioria dos idosos, aqueles que normalmente devem ser evitados em idosos com certas condições, medicamentos para serem usados com cautela, interações medicamentosas e ajuste da dose de droga com base na função renal6.

A fim de evitar complicações terapêuticas, faz-se necessária uma atenção farmacêutica destinada à investigação sobre o uso de tais fármacos e a uma reflexão crítica sobre os agravos decorrentes da utilização dos mesmos7.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a utilização racional de medicamentos é caracterizada pela oferta apropriada de medicamentos aos pacientes, de acordo com suas condições clínicas, considerando doses e períodos adequados e os custos individualmente e para a comunidade8.

Quando não prescrito ou utilizado adequadamente, um medicamento pode ocasionar prejuízos ao paciente, caracterizando um quadro de iatrogenia. Tal tópico reflete na necessidade de atenção e cuidados no tratamento da população geriátrica4.

Nesse cenário, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o impacto do uso de medicamentos pela população idosa, o estudo propôs a determinação do perfil das intoxicações por medicamentos em idosos, bem como a identificação das principais classes terapêuticas envolvidas e sua relação com os critérios de Beers.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caráter descritivo e retrospectivo em que foram analisadas as internações hospitalares de pessoas com 60 anos ou mais, registradas no Brasil, pelo Sistema de Internações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), no período de janeiro de 2010 a maio de 2020.

Os dados que compõem as informações disponíveis sobre as intoxicações por uso de medicamentos foram coletados no site do DATASUS (departamento de informática do Sistema Único de Saúde) em morbidade hospitalar do SUS (SIH/SUS), selecionando-se causas externas, por local de internação, a partir de 2008. Em seguida, os dados foram analisados de acordo com as variáveis disponíveis para tabulação, a partir do grupo de causas X40-X49 envenenamento [intoxicação] acidental por exposição a substâncias nocivas. Foram obtidos então dados acerca dos locais de internação por regiões no Brasil e ano de ocorrência, média de permanência em internações, número de óbitos e taxa de mortalidade ocasionada por tais intoxicações, relacionados com a faixa etária acometida.

O grupo de causas envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a substâncias nocivas abrange os acidentes ligados ao uso de drogas, medicamentos e substâncias biológicas em procedimentos médicos ou cirúrgicos. Envolve também o envenenamento (autoinflingido), quando não especificado se acidental ou intencional e, por fim, as intoxicações por superdosagem acidental, administração ou ingestão errôneas e ingestão inadvertida de drogas. O grupo é subdividido em categorias, sendo elas: envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos, não-opiáceos; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a anticonvulsivantes [antiepilépticos], sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não classificadas em outra parte; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a narcóticos e psicodislépticos [alucinógenos] não classificados em outra parte;  envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a outras substâncias farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo;  envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas não especificadas; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição ao álcool; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a solventes orgânicos e hidrocarbonetos halogenados e seus vapores; intoxicação acidental por e exposição a outros gases e vapores; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a pesticidas; envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a outras substâncias químicas nocivas e às não-especificadas.

 

RESULTADOS

No período entre janeiro de 2010 e maio de 2020 foram registradas pelo Sistema de Internações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) 2.946 internações de idosos relacionadas a intoxicações por medicamentos. Observou-se que essas notificações não apresentaram tendência crescente ou decrescente de casos, com uma variação entre o maior número de casos em 2010 (374) e o menor número de casos em 2017 (235), sendo que no ano de 2020, até o mês de maio, o número de internações foi de 112. A região do país com maior parte dos casos de internação por exposição a medicamentos e consequente intoxicação foi a Sudeste. Quanto à ocorrência de tais intoxicações por sexo, verificou-se que cerca de 55% foram em homens e 45% em mulheres.

O Gráfico 1 mostra o perfil de intoxicações em idosos que ocasionaram internações, de acordo com as categorias do grupo de causas envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a substâncias nocivas, disponível no SIH-SUS. No período estudado, 52% das intoxicações foram causadas por exposição a drogas ou substâncias não especificadas, 12% por ingestão de álcool, 10% causadas por anticonvulsivantes [antiepilépticos], sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos, 9% por pesticidas, 8% por utilização de analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos, não-opiáceos, cerca de 4% por exposição a solventes orgânicos e hidrocarbonetos halogenados e seus vapores, 3% ocasionadas por fármacos que tem ação sobre o sistema nervoso central e, por fim, 1% das intoxicações em idosos foram decorrentes de narcóticos e psicodislépticos.

 


Gráfico 1. Internações provocadas por intoxicações entre 2010 e 2020 em idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

 

O Gráfico 2 exibe um comparativo das intoxicações por medicamentos em idosos e não idosos de acordo com as categorias anteriormente descritas. Através do teste qui-quadrado, percebe-se que há diferenças significativas na probabilidade de intoxicação, sendo em idosos maior nos casos de exposição aos fármacos analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos, não-opiáceos (p-valor 0,0039); às drogas que tem ação no sistema nervoso autônomo (p-valor 0,0101), também em decorrência da ingestão de álcool (p-valor 0,0024) e outros medicamentos (p-valor 0,0000) não especificados de acordo com o grupo de causas X40-X49. Já em não idosos, de acordo com os dados obtidos, a maior probabilidade de intoxicação ocorreu nos casos de exposição a narcóticos e psicodislépticos (alucinógenos) (p-valor 0,0417), a pesticidas (p-valor 0,0007), a solventes orgânicos e hidrocarbonetos halogenados e seus vapores (p-valor 0,0002), e a substâncias químicas nocivas e as não-especificadas (p-valor 0,0000).

 


Gráfico 2. Comparativo de intoxicações entre não idosos e idosos, de acordo com o tipo de intoxicação, entre os anos de 2010 e 2020.
Fonte: Elaborado pelo autor.

 

Quanto à taxa de mortalidade, observa-se que a mesma tem tendência crescente conforme a faixa etária aumenta, sendo assim maior em idosos. Tal fato está explanado no Gráfico 3, obtido através dos dados disponíveis no DATASUS. Além disso, conclui-se que a taxa de mortalidade em idosos foi mais expressiva, no período estudado, quando decorrente das intoxicações por pesticidas, seguida das intoxicações por narcóticos e psicodislépticos, e pelas causadas por analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos. Além dessas categorias de intoxicações, de tendência decrescente na taxa de mortalidade, contribui para o número de óbitos, as intoxicações por gases e vapores, outras substâncias e outros medicamentos não especificados, álcool, fármacos que tem ação no sistema nervoso e, por fim, aquelas por utilização de barbitúricos, antiparkinsonianos e antipsicóticos.

 


Gráfico 3. Taxa de mortalidade por intoxicações entre 2010 e 2020 de acordo com faixa etária.
Fonte: Elaborado pelo autor.

 

No que se refere a média de dias de internação, observa-se um número maior, 5,63 dias, no caso de intoxicações causadas por fármacos com ação no sistema nervoso autônomo, contrariando a taxa de mortalidade ocasionada por esses medicamentos, que é a terceira menor entre as categorias estudadas. As demais médias de dias de internações situam-se entre 3,03 a 5,47, como indicado no Gráfico 4.

 


Gráfico 4. Média de dias de internação por categoria de intoxicação em idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

 

DISCUSSÃO

O aumento da expectativa de vida e consequente envelhecimento da população é um fator diretamente relacionado à formulação de estratégias voltadas à promoção de saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Sabe-se que atualmente a maioria dos idosos utiliza mais de um medicamento continuamente, e se hospitalizados, chegam a receber em média oito a quinze2.

Nesse sentido, faz-se necessário conhecer o perfil de consumo de fármacos por essa faixa etária a fim de se estabelecer estratégias voltadas a prescrição e uso racional de medicamentos. O uso de fármacos é considerado inadequado quando o risco de eventos adversos é superior ao benefício clínico.

De acordo com os resultados descritos é possível perceber a necessidade de aprofundar a investigação sobre a subdivisão denominada no DATASUS como medicamentos não-especificados, de forma a tomar conhecimento de quais drogas seriam essas, que em conjunto, são responsáveis pela maior taxa de intoxicação, bem como estudar os possíveis mecanismos fisiopatológicos envolvidos nos efeitos adversos causados por tais medicamentos.

Cabe citar a existência da base de dados SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas), atualmente desatualizada, que apresentava até o ano de 2018 os casos de intoxicação por drogas em idosos de modo geral, podendo ou não ter ocasionado internação hospitalar, de acordo com variáveis como região do país, faixa etária, sexo, evolução e outras. Tal desatualização reflete na carência de dados clínico-epidemiológicos sobre o perfil de utilização de medicamentos inapropriados por idosos, o que dificulta a criação de métodos de proteção à iatrogenia em idosos.

Outra limitação do presente estudo é a possível subnotificação dos casos de intoxicação por uso de medicamentos em idosos, que culmina em dados secundários provenientes do SIH-SUS incompletos e na deficiência de informações epidemiológicas nacionais consistentes sobre o assunto.

Segundo a literatura disponível sobre o tema, a renda e a escolaridade têm forte impacto sobre a situação de saúde da população idosa, uma vez que os idosos com maior nível de escolaridade e renda mais alta são mais independentes para o autocuidado, incluindo o uso correto de medicamentos, de meios de transporte e de comunicação, enquanto os de menor poder aquisitivo e intelectual estão mais suscetíveis às doenças e também à iatrogenia relacionada ao uso de medicamentos10.

Os dados obtidos também remetem ao consumo de álcool na sociedade atual como um problema de saúde pública, uma vez que representa um impacto negativo na saúde dos idosos e contribui para tais índices de internação hospitalar por intoxicação. Estudo divulgado em 2020 revela que tanto o consumo quanto o abuso de álcool por idosos seguem tendência de alta. Dados disponibilizados no sistema DATASUS indicam que a faixa etária de 55 anos ou mais compõe, a cada ano, maior parcela do total de internações atribuíveis ao álcool, passando de 26% para 36%, entre 2010 e 201811.

De acordo com os critérios de Beers e Fick (ANO)x, dentre os medicamentos que devem ser evitados em idosos independentes de condição clínica, estão os fármacos que tem ação no sistema nervoso central e psicotrópicos, tais como antiparkinsonianos com forte ação anticolinérgica, benzodiazepínicos, antipsicóticos e primeira geração, barbitúricos e anti-histamínicos de primeira geração, o que está conforme os resultados supracitados, em que 10% das intoxicações por uso de medicamentos foram decorrentes da utilização de tais drogas12. Cabe ressaltar que a alta prevalência de desordens neurodegenerativas, como doença de Parkinson e Alzheimer, e desordens do humor, como depressão, insônia e ansiedade, podem explicar o uso desses medicamentos por essa faixa da população13.

Com relação à região Sudeste do país ter sido identificada como a de maior porcentagem dos casos de internação por exposição a medicamentos e consequente intoxicação, pode-se supor tal dado pela maior população da mesma.

Cabe ainda salientar que a diabetes é frequente entre idosos e comumente demanda tratamento farmacológico, sendo que a hipoglicemia é o evento adverso mais temido em relação ao uso de antidiabéticos. Tais drogas compreendem uma classe susceptível ao uso inadequado, à polifarmácia e às interações medicamentosas. No entanto, no presente estudo, tal classe de medicamentos não é citada pois não faz parte do grupo de causa especificado no DATASUS como envenenamento [intoxicação] acidental por e exposição a substâncias nocivas.

Torna-se evidente que é pertinente a existência de estudos e medidas de prevenção à iatrogenia em hospitais e unidades de internação, de forma a evitar malefícios e danos à saúde dos idosos decorrentes de interação medicamentosa e prescrições excessivas ou errôneas, garantindo a prevenção quaternária à saúde da população da terceira idade.

O trabalho de uma equipe interdisciplinar, por exemplo no Programa de Estratégia de Saúde da Família, pode ter um papel importante na avaliação de saúde dos idosos, verificando se as queixas atendidas são decorrentes de adoecimento ou apenas reações adversas ao uso de medicamentos. Caso sejam reações adversas, pode-se atentar para a modificação da prescrição e o acompanhamento do idoso, visando observar os desfechos14.

Os resultados encontrados no estudo evidenciaram importante incidência de potenciais impactos fisiológicos dos medicamentos prescritos à população idosa, uma vez descritos o perfil de internações, fatores associados a essas e agravos clínicos advindos da polifarmácia, da prescrição errônea e da iatrogenia medicamentosa. Pode-se afirmar a necessidade de uma atenção à saúde e implantação de estratégias que tornem a farmacoterapia mais segura e adequada aos idosos, visando também prevenir a intoxicação por medicamentos nessa faixa etária.

Ademais, é importante destacar a relevância de políticas públicas relacionadas à saúde dos idosos, que possam garantir uma farmacovigilância e proteção à saúde dos mesmos, monitorando as diferentes etapas do processo de uso de medicamentos: prescrição, dispensação, comercialização, administração e adesão ao tratamento. As intoxicações por essas substâncias com consequentes internações, representam além de um impacto físico, emocional e social para os pacientes e familiares, um custo para a saúde pública potencialmente evitável.

 

COPYRIGHT

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