RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Volume: 26. (Suppl.2) DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20160026

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Comunicação Breve

Prevenção de Infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR): uso do palivizumabe

Respiratory Syncytial Vírus (RSV) infection prevention: palivizumab use

José Geraldo Leite Ribeiro1; Andrea Chaimowicz2

1. Medico Pediatra. Epidemiologista. Mestre em Medicina Tropical. Professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais - FCMMG. Belo Horizonte, MG - Brasil; e da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana - FASEH. Vespasiano, MG - Brasil
2. Médica Pediatra. Neonatologista. Coordenadora do Ambulatório de Seguimento do RN de Risco da URS Saudade da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte - SMSA BH. Belo Horizonte, MG - Brasil

Endereço para correspondência

Andrea Chaimowicz. Pediatra
E-mail: andreachcz@gmail.com

Instituiçao: Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte Belo Horizonte, MG - Brasil

Resumo

INTRODUÇÃO: o vírus sincicial respiratório (VSR) pode causar quadros graves de bronquiolites e pneumonias, principalmente em grupos de risco como prematuros, cardiopatas e portadores de pneumopatias. O palivizumabe (PVZ) trouxe grande avanço na prevenção dessa doença e, devido ao alto custo, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disponibiliza o produto aos grupos de alto risco.
OBJETIVO: orientar os pediatras quanto à prevenção da infecção pelo VSR com orientações práticas sobre a prescrição do PVZ em MG.
MÉTODOS: são apresentados os critérios de inclusão para o uso dessa medicação em MG segundo portaria do Ministério da Saúde de 2013, como também os procedimentos adequados para a prescrição e fornecimento segundo normas da SES-MG.
RESULTADOS E CONCLUSÕES: o conhecimento sobre o uso do PVZ para a prevenção do VSR e dos fluxos adequados para a prescrição e aplicação dessa medicação é fundamental para a prevenção da bronquiolite, portanto, deve ser amplamente divulgado entre os pediatras. Dessa forma, poderá ocorrer a redução dos casos graves, diminuindo a prevalência de sequelas e óbitos por essa doença.

Palavras-chave: Vírus Sinciciais Respiratórios; Palivizumab; Criança; Pneumonia; Bronquiolite.

 

INTRODUÇÃO

O VSR é um vírus RNA, com alta infectividade, que acomete grande parte das crianças até os cinco anos de idade. Causa infecções brandas, mas também acometimento do trato respiratório inferior, levando a quadros de bronquiolite e pneumonias. É a principal etiologia relacionada à síndrome respiratória aguda grave em crianças no município de Belo Horizonte. O maior risco de quadros graves acontece em alguns grupos como prematuros, crianças com alguns tipos de cardiopatias e pneumopatias. Nesses grupos, as complicações podem levar a óbitos e sequelas. Uma das sequelas relatadas é a sibilância de repetição na infância. A inexistência de vacinas torna difícil seu controle, já que os adultos são transmissores em potencial.

Imunoglobulinas desenvolvidas no passado eram de difícil aplicação e contraindicadas em alguns pacientes. O palivizumabe veio trazer avanço na prevenção, com comprovado impacto na doença. A aplicação é intramuscular e os eventos adversos pouco comuns. No entanto, precisa ser aplicado mensalmente e tem alto custo. Esses fatos levaram as sociedades científicas e governos a limitarem a indicação prioritária a alguns grupos, durante o período de maior transmissão. Geralmente é recomendado durante cinco meses. A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais já disponibiliza o produto a alguns grupos.

Orientações práticas para prescrição do palivizumabe no estado de Minas Gerais

Os critérios de inclusão atuais para o uso do palivizumabe, definidos segundo Portaria do Ministério da Saúde nº 522, de 13 de maio de 2013, são:

crianças prematuras nascidas com idade gestacional < 28 semanas (até 28 semanas e seis dias), com idade inferior a um ano (até 11 meses e 29 dias);

crianças com idade inferior a dois anos (até 1 ano 11 meses e 29 dias) com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia broncopulmonar) ou doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada.

A organização das redes de serviços e fluxos de atendimento é de responsabilidade das Secretarias Estaduais de Saúde. Em 2016 a SES/MG definiu como período de aplicação os meses de fevereiro a julho. Cada criança receberá o medicamento mensalmente e serao aplicadas no máximo cinco doses dependendo do mês em que foi aplicada a primeira dose.

O pediatra deverá consultar e imprimir a "Relação de documentos para abertura de processo de uso de palivizumabe". A seguir, deverá preencher o "formulário para solicitação do palivizumabe" e o "termo de consentimento informado" - este último poderá ser preenchido pelo responsável. O "questionário avaliador para unidade hospitalar não credenciada" só deve ser preenchido se o medicamento for aplicado durante a internação. A "declaração autorizadora (para terceiros)" não é necessária. O pediatra deverá ainda fazer um relatório médico simples e a receita médica em duas vias. A receita médica deverá seguir o seguinte padrao: "uso intramuscular: palivizumabe 100 mg - aplicar 15 mg/kg mensalmente nos meses de março a julho". As crianças terao a dose definida de acordo com o seu peso antes da aplicação de cada dose.

O responsável deverá providenciar os demais itens da "Relação de documentos", e levar toda a documentação para realização do cadastro da criança na Farmácia de Minas, Avenida do Contorno 8.495, Gutierrez, Belo Horizonte, de segunda à sexta-feira, no horário de 7:30 às 18:00 horas. O responsável receberá a orientação para definição do local (polo) de aplicação e agendamento das aplicações. Em 2016 os polos de aplicação em BH são: Hospital Infantil Joao Paulo II, Hospital Sofia Feldman, Hospital Julia Kubitschek, Hospital Público Regional de Betim, Maternidade Municipal de Contagem e Unidade de Referência Secundária Saudade.

O medicamento pode ainda ser aplicado nas crianças internadas, que apresentem os critérios definidos anteriormente. Para aplicação nas crianças internadas, seguir a orientação do "Fluxo para pacientes internados" no documento "Orientações para fornecimento de palivizumabe 2016 a hospitais, prescritores e polos de aplicação".

O procedimento para crianças não residentes em BH segue o seguinte fluxo: se a criança foi cadastrada e recebeu a primeira dose ainda durante a internação será orientada para manter o esquema de aplicação no polo mais próximo de sua residência. Se a criança foi atendida pela primeira vez em algum município do interior, a mesma documentação deve ser preenchida e a criança deve ser encaminhada para a Gerência Regional de Saúde (GRS) mais próxima para cadastro e orientação do fluxo. Os polos de aplicação em Minas Gerais podem ser visualizados no anexo III do "Informativo DMEST/SAF/SES n°02/2016 - Informe Técnico para fornecimento do Palivizumabe 2016".

As dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 155/opção 2-Secretaria de Saúde/opção 4-Farmácia de Minas.

 

REFERENCIAS

1. Meissner HD. Respiratory Sincytial Virus. In: Long SS, Pickering LK, Prober, CG. Pediatric infectious diseases. 4th ed. New York: Elsevier Saunders; 2012. p. 1130-4.

2. Minas Gerais. Secretaria de Estado de Saúde. (BR). Informativo DMEST/SAF/SES MG n°02/2016 - Informe Técnico para fornecimento do Palivizumabe 2016. [citado em 2016 abr. 15]. Disponível em: http://www.smp.org.br/arquivos/site/informativo-dmest-02-2016-fornecimento-palivizumabe.pdf

3. Minas Gerais. Secretaria de Estado de Saúde. (BR). Orientações para fornecimento de Palivizumabe 2016 a hospitais, prescritores e polos de aplicação - DMEST/SAF/SES MG. [citado em 2016 abr. 15]. Disponível em: http://www.smp.org.br/arquivos/site/orientacao-palivizumabe-para-hospitais-prescritores-e-polos-de-aplicacao-2016.pdf